Forças Armadas da Venezuela declaram ‘lealdade absoluta’ a Maduro


Em comunicado, militares afirmaram que presidente venezuelano foi ‘eleito democraticamente’. Na segunda (5), candidato da oposição chamou Forças Armadas a impedir ‘golpe de Estado’ do regime de Nicolás Maduro e garantiu que não haverá retaliação. Maduro fala com seu comando militar em um evento em Caracas no dia 5 de julho.
Leonardo Fernández Viloria/ Reuters via BBC
Após serem chamadas pelos oposicionistas para impedir “o golpe de Estado” do regime de Nicolás Maduro, as Forças Armadas da Venezuela declararam “lealdade absoluta” a Maduro em comunicado nesta terça-feira (6).
“Ratificamos nossa absoluta lealdade ao cidadão Nicolás Maduro (…), que foi legitimamente reeleito pelo poder popular”, disseram os militares em comunicado.
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O ministro da Defesa da Venezuela, o general Vladimir Padrino, também afirmou que as Forças Armadas seguem leais a Maduro. Em suas redes sociais, Padrino divulgou vídeos de vários comandos militares em diferentes regiões do país declarando apoio a Maduro.
Na segunda-feira (5), em uma carta, o candidato Edmundo González e María Corina Machado, líderes da oposição a Maduro, pediram aos militares que façam respeitar os resultados das eleições de 28 de julho e que apoiem o povo. Por conta da autoproclamação e da convocação das Forças Armadas, o Ministério Público da Venezuela –alinhado a Maduro– abriu uma investigação contra González e Corina Machado.
“Fazemos um chamado à consciência de militares e policiais para que se coloquem ao lado do povo e de suas próprias famílias”, disseram os oposicionistas em carta.
A oposição diz que venceu o pleito, com base em uma contagem paralela dos votos com cerca de 80% das atas eleitorais, com González obtendo 66% dos votos, contra 30% do presidente. As atas, documentos que registram os votos e o resultado em cada local de votação, ainda não foram divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou a vitória de Maduro. O CNE alegou uma falha no sistema de registro de votos por conta de um ataque hacker. (Leia mais abaixo)
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Entenda a crise
Nicolás Maduro foi declarado o vencedor das eleições de 28 de julho pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na segunda-feira (29). O órgão responsável pelas eleições no país é presidido por um aliado do presidente.
Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo González, recebeu 43,18%, com 96,87% das urnas apuradas, segundo números do CNE atualizados na tarde desta sexta-feira (2).
A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo órgão eleitoral e pedem a divulgação das atas eleitorais. Segundo contagem paralela da oposição, González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
Com base nessas contagens, Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina e Uruguai declararam que o candidato da oposição venceu Maduro.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também não reconheceu o resultado das eleições presidenciais. Em relatório feito por observadores que acompanharam o pleito, a OEA diz haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.
O relatório também afirmou que o regime venezuelano aplicou “seu esquema repressivo” para “distorcer completamente o resultado eleitoral”.
Brasil, Colômbia e México divulgaram uma nota conjunta na quinta-feira (1º), pedindo a divulgação de atas eleitorais na Venezuela. A nota pede também a solução do impasse eleitoral no país pelas “vias institucionais” e que a soberania popular seja respeitada com “apuração imparcial”.
O Brasil já vinha pedindo que o CNE — órgão controlado na prática por Maduro — apresente as atas eleitorais, espécie de boletim das urnas.
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