Nobel da Paz Muhammad Yunus vai liderar governo interino em Bangladesh, anuncia Presidência


A escolha dele foi uma exigência dos líderes estudantis que comandaram os protestos. Nesta terça (6), o presidente de Bangladesh, Mohamed Shahabudin, também anunciou a dissolução do Parlamento, outra das principais exigências dos estudantes. Muhammad Yunus é o fundador do Grameen Bank, instituição criada para conceder crédito as pessoas de baixa renda, especialmente as mulheres.
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O prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus vai liderar o governo interino em Bangladesh após a renúncia da primeira-ministra, Sheikh Hasina, anunciou nesta terça-feira (6) a Presidência do país.
Mais cedo, o próprio Yunis havia declarado estar disposto a ocupar o posto após os militares terem tomado o controle do país na véspera, em meio a uma onda de protestos que derrubou o governo.
A escolha dele foi uma exigência dos líderes estudantis que comandaram os protestos.
“Me comove a confiança dos manifestantes que desejam que eu esteja à frente do governo interino. Sempre mantive a política à distância, mas hoje, se for necessário agir em Bangladesh, pelo meu país e pela coragem do meu povo, então o farei, disse Yunus em uma declaração escrita à AFP.
Yunus foi vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2006 e é conhecido por ter tirado milhões de pessoas da pobreza através da concessão de microcréditos, iniciativa pela qual também recebeu, em 1988, o Prêmio Príncipe de Astúrias da Concórdia.
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Nesta terça, o presidente de Bangladesh, Mohamed Shahabudin, também anunciou a dissolução do Parlamento, outra das principais exigências dos estudantes, compartilhada com a principal formação de oposição, o Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP).
O Exército reestruturou a cúpula militar e destituiu altos comandantes considerados próximos da ex-primeira-ministra.
A renúncia da primeira-ministra
Sheikh Hasina, de 76 anos, estava no poder há 15 anos, mas seu último mandato como primeira-ministra, que começou em janeiro, foi marcado pelo boicote da oposição às eleições, que as denunciou como nem livres nem justas.
Hasina acabou renunciando e fugiu do país nesta segunda-feira (5), sob pressão de uma onda de protestos que começou no início de julho com um movimento estudantil contra um sistema de cotas para funcionários, mas que evoluiu para uma mobilização mais ampla contra o governo.
Desde o início das mobilizações, pelo menos 432 pessoas morreram, segundo um levantamento da AFP baseado em relatórios da polícia, autoridades e médicos em hospitais, e que terminou com a fuga de Hasina em um helicóptero.
Na segunda-feira, os distúrbios e confrontos deixaram pelo menos 122 mortos e, apesar de a situação ter se tornado menos tensa nesta terça, com a reabertura do comércio e o levantamento do toque de recolher, houve o registro de 10 mortes.
No final desta segunda-feira, o chefe de Estado ordenou a libertação das pessoas detidas durante as manifestações e da principal rival política de Hasina, a ex-primeira-ministra Khaleda Zia, do BNP, que esteve anos em prisão domiciliar.
Em um comunicado publicado nesta terça-feira, o principal sindicato da polícia pediu “desculpas” por ter disparado contra estudantes. A federação afirmou que os policiais foram obrigados a “abrir fogo” contra os jovens e que, depois, foram apresentados como os “vilões”, e também anunciou uma greve para garantir a segurança dos efetivos.
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