Porta-bandeira do Brasil nas Olimpíadas conta sobre superação do câncer e emoção de voltar ao rugby: ‘Melhor sensação do mundo’


Raquel Kochhann é do Oeste de Santa Catarina e capitã da seleção feminina da modalidade. Raquel Kochhann, porta-bandeira do Brasil nos Jogos de Paris de 2024
Gaspar Nóbrega/COB
Nesta sexta-feira (26), a catarinense Raquel Kochhann, capitã da seleção feminina brasileira de rugby, vai representar o país como porta-bandeira na abertura oficial das Olimpíadas de Paris. Os tempos mais recentes dela na modalidade foram marcados por muita emoção por voltar aos gramados após a superação de um câncer de mama.
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Raquel nasceu em Saudades, no Oeste de Santa Catarina, e cresceu em Pinhalzinho, cidade vizinha. A atleta descobriu um câncer de mama há pouco mais de dois anos, após participar das Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Ela contou que o processo de tratamento foi longo.
“Fiquei afastada por quase dois anos dos gramados. Primeiro sofri uma lesão de ligamento no joelho e, depois, veio o diagnóstico do câncer”, resumiu.
“Não abandonei a atividade física durante o tratamento. As sessões de quimio eram a cada 21 dias. Lembro que sentia cansaço e fadiga mais rapidamente nas atividades. E uma grande preocupação foi não chegar à exaustão para não baixar a imunidade e não deixar meu corpo vulnerável. Mas tudo isso me ajudou a chegar em melhor forma quando voltei ao campo”.
Raquel Kochhann durante treino de rugby
Reprodução/TV Globo
Raquel falou também sobre tentar enxergar positividade em situações difíceis e da importância da prevenção.
“Sempre opto por ver o lado bom das coisas, porque acredito que tudo tem um propósito. Foi a oportunidade de olhar para mim, cuidar do meu corpo, e descobrir o câncer em fase inicial. Eu poderia demorar mais três anos para descobrir, e talvez fosse irreversível. Por isso que é muito importante fazer os exames preventivos”.
Para superar a doença, ela seguiu as recomendações e teve paciência.
“Durante todo o processo, desde o diagnóstico do tratamento até a cura, sempre fui muito disciplinada, seguindo tudo que precisava ser feito e com um passo de cada vez. Assim como dentro de campo a gente pensa em cada ação, não pensamos se vamos ganhar, perder ou em placar. Pensamos sempre no próximo passo, na próxima função, detalhe por detalhe, o resultado é consequência. E no tratamento isso fez a diferença. Se eu não estivesse bem comigo, com o meu corpo, esse processo demoraria mais. Então, um passo de cada vez”.
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Volta ao esporte
Com o afastamento dos gramados, Raquel mal podia esperar pelo dia em que voltaria a jogar rugby. E ela usou toda a disciplina para retornar ainda melhor.
“Foi a melhor sensação do mundo porque estava podendo voltar a fazer o que eu amava. Em campo, passei a ser mais veloz. Perdi peso e ganhei massa muscular, meus testes de velocidade e agilidade se tornaram os melhores do que em qualquer fase da minha carreira. Mudei alimentação e outros hábitos para me tornar uma atleta ainda melhor”.
Nesta sexta, uma emoção diferente, inédita vai tomar conta dela. “Essa sensação de levar a bandeira para o mundo inteiro ver em uma cerimônia de abertura é algo que não consigo explicar em palavras”, declarou.
Em relação aos jogos, ela falou sobre as possibilidades para a seleção. “Trabalhamos muito no Brasil para que o rugby cresça e ganhe seu espaço. Sabemos que a realidade do nosso esporte não é ter uma medalha de ouro por enquanto, apesar de termos esse sonho”.
“Neste ano nós conseguimos evoluir muito como time, como atletas e como pessoas, levando o rugby brasileiro a um patamar mais alto. Mas aqui a pressão está totalmente nas outras equipes, pensando em mostrar o melhor que podemos, mas sem pensar em resultado, que será consequência”, completou.
Raquel Kochhann, porta-bandeira do Brasil nas Olimpíadas de Paris, durante treino de rugby
Reprodução/TV Globo
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