Conheça a parceria vitoriosa entre Isaquias Queiroz e uma médica: ‘Família’

Ana Carolina, médica da Confederação de Canoagem, cuida da parte clínica e, também, da saúde mental do canoísta. Por trás da medalha: Isaquias Queiroz e o apoio da médica Ana Carolina
Na série especial sobre as Olimpíadas, o destaque desta quinta-feira (18) é o ccanoísta Isaquias Queiroz. Nos Jogos de Paris, Isaquias vai contar com o apoio de uma pessoa que está sempre à disposição para ajudar.
O Isaquias conhecendo o mundo. Mas o mundo já conhece o Isaquias.
“Eu não tenho medo de falar que a gente vai chegar lá para brigar pelo ouro. Se você não sonhar pelo ouro vai sonhar pelo quê? Prata? Bronze?”, questiona.
Nas Olimpíadas do Rio em 2016, foram duas pratas e um bronze. Único brasileiro a ganhar três medalhas em uma mesma edição dos Jogos.
“Eu podia escrever meu nome na história olímpica e graças a Deus eu escrevi”.
E o capítulo seguinte foi ainda melhor.
“Campeão olímpico. A medalha de ouro para mim foi a realização de um sonho. De um sonho não, de vários. Eu decidi na minha vida que eu queria ser reconhecido no esporte brasileiro e no internacional também. Graças a Deus, hoje, o pessoal me reconhece como Isaquias Queiroz. E agora a gente está focado só em Paris”, afirma Isaquias.
Em Paris, Isaquias vai disputar duas provas: os mil metros na canoa individual e os 500 metros em dupla. Se ganhar mais duas medalhas, vai se tornar o brasileiro com mais pódios olímpicos de todos os tempos – seis!
POR TRÁS DA MEDALHA
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“Essa Olimpíada, com certeza, vai ser uma coisa especial para mim porque meu filho Sebastian, Luigi e a Laina vão estar lá comigo”.
A família Queiroz.
“Sem a minha família, eu acho que eu nem tinha chegado em Tóquio. Era um moleque novo, cheio de energia, várias vezes deu vontade de parar e a minha família me deu a obrigação de seguir remando”, conta.
“É nesse momento que ele se sente abraçado, que ele se sente tranquilo, que passa essa fortaleza para ele, na hora da prova, antes da prova ele sempre me liga”, diz Laina Guimarães, mulher de Isaquias.
Porém, há espaço no coração do Isaquias para mais uma pessoa. Alguém que consegue se aproximar dele até quando a família não pode ajudar. Como nas Olimpíadas de Tóquio, por exemplo.
“Foi o primeiro contato depois da medalha”, conta Ana Carolina, médica da Confederação de Canoagem.
“Eu já cheguei fatigado. Ali, acho que foi uma mistura de dor com alívio”, diz Isaquias.
“Eu precisava dar o suporte para ele ali, eu tinha que fazer isso. E aí eu pedi para que trouxessem uma água para ele. E eu queria, ao mesmo tempo, comemorar com ele e aí eu falei para ele: ‘Você é campeão olímpico’. Meu nome é Ana Carolina, médica da Confederação de Canoagem”.
A doutora mora em São Paulo. Isaquias na cidade de Lagoa Santa, em Minas Gerais, onde treina com a seleção brasileira.
“Eu ajudo a tirar preocupações dele do dia a dia como, por exemplo, quando eu dou suporte a família dele. A Laina tem acesso direto a mim, ela me liga sobre os filhos, sobre a família dele, sobre a família dela. O bem-estar físico é o que a gente, médico, faz mesmo. E o bem-estar mental é o que eu acredito que é a outra coisa que eu posso acrescentar a ele, porque ele me considera psicóloga. Ele não tem uma outra psicóloga. Se precisar atender ligação as 21h, você atende? Que dura mais de uma hora? Atendo”, diz Ana Carolina.
Pode acontecer a qualquer momento do dia.
“São sete dias na semana, 21h ou 21h30, ele liga por vídeo, aí ele começa a falar, aí ele põe a Laina no vídeo, põe o Sebastian no vídeo, põe o Luigi no vídeo. Eu cuido dele, da família dele como se realmente fosse a minha família”, afirma Ana Carolina.
Na canoa do Isaquias tem espaço para ouro, prata, bronze. Só que, às vezes, as conquistas podem acabar ficando pesadas. Para ter resultados é preciso muito treino duro, e é pouco tempo para o descanso, para a diversão, para a vida pessoal. E aí com esse peso não tem jeito. O barco perde a velocidade, perde o ritmo. Então, é hora de voltar para terra firme, para o porto seguro do atleta. Hora de voltar para Laina, para o Sebastian, para o Luigi e, claro, para a Ana. Lagoa Santa tem uma réplica da Torre Eiffel. E como boa cidade mineira, chamada de Torre “Uaifel”.
“A gente criou um vínculo de amigo, de família. Isso me ajuda bastante, também, a poder ter tranquilidade no treinamento. Ela não é uma médica só do esporte. Ela acaba me ajudando também fora da água de manter a tranquilidade junto a minha família”, diz Isaquias.
O canoísta de ouro e a médica especialista em escutar coração.
“São momentos que fazem valer a pena. Muito legal”, afirma Ana Carolina.
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