Líder da oposição na Venezuela denuncia atentado; Maduro fala em ‘banho de sangue’

A tensão aumenta no país à medida que se aproxima a eleição que pode pôr fim a 25 anos da política iniciada por Hugo Chávez. Oposição denuncia ameaças e uma tentativa de atentado. Líder da oposição na Venezuela denuncia atentado; Maduro fala em “banho de sangue”
A dez dias das eleições na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro falou em guerra civil e “banho de sangue”, se ele perder a eleição. A oposição denunciou ameaças.
A tensão aumenta na Venezuela quanto mais se aproxima a eleição que pode pôr fim a 25 anos da política iniciada por Hugo Chávez. De um lado, o atual presidente Nicolás Maduro, que busca seu terceiro mandato consecutivo. Do outro, o candidato de oposição Edmundo González, que tem como principal cabo eleitoral, a ex-deputada Maria Corina Machado. Foi ela quem denunciou um atentado nesta quinta-feira (19).
“Neste carro, cortaram a proteção e esvaziaram todo o óleo do motor. E o outro veículo, nosso outro veículo, foi isso que aconteceu. Se olharmos embaixo do veículo, vemos que cortaram as mangueiras dos freios. Aí está a mangueira do freio. Isso é claramente um atentado à vida daqueles que utilizam esses veículos”.
Na terça-feira (16) à noite, a polícia venezuelana prendeu o chefe de segurança de Maria Corina. Segundo a oposição, Milciades Ávila foi acusado de comportamento abusivo em relação às mulheres ao tentar proteger o candidato González e Maria Corina de manifestantes.
Na quarta-feira (17), o presidente Nicolás Maduro prometeu um “banho de sangue” caso não vença as eleições.
“O destino da Venezuela no século 21 depende da nossa vitória em 28 de julho. Se não querem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantamos o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo”.
A professora de Relações Internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker, explica que a violência é uma estratégia do governo Maduro para interferir nas eleições.
“Parte de uma tática do governo para que as pessoas fiquem com medo e não votem no dia da eleição. Então, você gera uma situação que pode gerar revolta, mas também muito medo dentro da sociedade venezuelana sobre o que vai acontecer”, explica.
Os últimos episódios aumentam a desconfiança da comunidade internacional de que o governo venezuelano permita, de fato, eleições livres e democráticas – um compromisso assumido por Nicolás Maduro em outubro de 2023. Desde então, a oposição enfrentou vários obstáculos, começando pela escolha do candidato.
O primeiro nome era justamente o de Maria Corina Machado, mas o Tribunal Supremo de Justiça, criado pelo governo Chávez, a impediu de concorrer. Depois, Corina Yoris, indicada por Maria Corina, também não pôde registrar a candidatura. A oposição, então, formou um consenso em torno de Edmundo González, que lidera as pesquisas. Mas Maria Corina ainda é peça-chave na eleição.
“Ela consegue conversar com o eleitor jovem e mostrar para esse eleitor, que muitos deles nunca estiveram em um sistema que não seja chavista ou dominado pelo Maduro, que é possível ter um novo processo e que há esperança para o país.”, diz Denilde Holzhacker.
O Itamaraty não quis comentar o atentado contra Maria Corina. Em Washington, Celso Amorim, assessor da Presidência para assuntos internacionais, falou sobre as últimas declarações de Maduro.
“Acho que as pessoas estão conversando. Acredito que teremos uma eleição mais em ordem, não acredito que vá ter guerra de sangue”, afirma.
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