Quem era Binho do Quilombo e o que se sabe sobre seu assassinato


Flávio Gabriel Pacifico dos Santos tinha 36 anos quando foi morto a tiros em 2017. Ele era líder quilombola, filho de Mãe Bernadete, morta seis anos depois, da mesma forma, antes de ver a Justiça ser feita. Flávio Gabriel Pacifico dos Santos tinha 36 anos quando foi morto a tiros em 2017
Divulgação
Flávio Gabriel Pacifico dos Santos tinha 36 anos quando foi morto a tiros em 2017, no distrito de Pitanga de Palmares, na cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, próximo a casa que morava, quando se dirigia a um sepultamento, na capital baiana.
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Conhecido como “Binho do Quilombo”, Flávio Gabriel era líder quilombola, filho de Mãe Bernadete, coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).
Tio e sobrinho suspeitos de matar líder quilombola são presos
Líder quilombola foi morto a tiros dentro do carro dele, na cidade de Simões Filho
Reprodução/redes sociais
Desde a data do crime, Mãe Bernadete cobrava que os responsáveis pelo assassinato do filho fossem presos. Ela foi assassinada da mesma forma, seis anos depois, também dentro do quilombo, antes de ver a Justiça ser feita.
“Binho do Quilombo” foi candidato a vereador do município de Simões Filho, mas não foi eleito, e era reconhecido pela militância em prol dos direitos humanos, especialmente quando se tratava da comunidade quilombola onde se originou.
Caso Binho do Quilombo: tio e sobrinho suspeitos de matar líder quilombola são presos
Até então, a Polícia Federal, responsável pelas investigações da morte de Binho do Quilombo, não divulgou a motivação do assassinato. Na quarta-feira (17), dois homens (tio e sobrinho) foram presos suspeitos de envolvimento.
Um dos suspeitos foi encontrado na cidade de Conceição do Jacuípe, a cerca de 100 km de Salvador, e o outro, horas depois, na praça de alimentação de um shopping da capital baiana.
Nesta quinta-feira (18), oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Salvador e cidades da região metropolitana. HDs, celulares, computadores e duas armas foram apreendidos.
Morte de Mãe Bernadete
Bernadete Pacífico, liderança quilombola da Bahia, foi assassinada
Conaq
A ialorixá e também liderança quilombola Mãe Bernadete foi assassinada a tiros na noite de 17 de agosto de 2023, dentro da própria casa. O crime foi relatado à polícia pelo neto dela, Wellington Gabriel de Jesus dos Santos, de 22 anos, que fazia companhia a avó no momento do crime.
Além dele, dois primos adolescentes de 12 e 13 anos estavam no local quando os suspeitos invadiram. Antes de matar a mulher, os homens roubaram os celulares dela e dos netos, o que fez a ialorixá questionar se a ocorrência seria um assalto.
A linha de investigação mais destacada pela Polícia Civil, no entanto, é de uma disputa com facções criminosas. A ialorixá se opunha ao avanço do tráfico de drogas na região do Quilombo Pitanga de Palmares, Área de Proteção Ambiental (APA), onde ela morava.
A família refuta essa hipótese. O advogado David Mendez, que representa os parentes, disse que Mãe Bernadete era ameaçada por madeireiros que atuavam na região por fazer denúncias contra eles. A extração de madeira é ilegal na comunidade.
Prisões e buscas
Ainda em 2023, três suspeitos foram presos por envolvimento no homicídio. Um deles é suspeito de ser o mandante do crime, o segundo de guardar as armas usadas no assassinato e o terceiro por receptação dos celulares da líder quilombola e de seus familiares.
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Já em abril deste ano, outros três suspeitos foram incluídos no Baralho do Crime, catálogo da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), que reúne informações sobre os foragidos considerados os mais perigosos da Bahia.
Histórico de ameaças
Familiares relataram que Mãe Bernadete sofria ameaças há pelo menos dois meses antes do assassinato. Ela falou sobre isso durante um encontro com a então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, em julho de 2022.
À polícia, o jovem Wellington contou que a ialorixá passou a ter “muitos medos” após a morte de Binho do Quilombo, pai dele.
Segundo o governo da Bahia, na época, a líder quilombola passou a fazer parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do governo federal, executado na Bahia pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), após o assassinato do filho, em 2017. De acordo com familiares, ela estava sob proteção da Polícia Militar, por meio da SJDH, há pelo menos dois anos antes do crime.
O programa de proteção, com rondas e câmeras instaladas no quilombo, não impediu o crime contra a liderança.
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