Pacientes dividem espaço de enfermaria com mortos em unidade de saúde de São João de Meriti, na Baixada Fluminense

A denúncia partiu de funcionários, que contam que o necrotério estava desativado. Pacientes dividem espaço de enfermaria com mortos em unidade de saúde de São João de Meriti, na Baixada Fluminense
Funcionários de um posto de saúde de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, denunciam que pacientes tiveram que dividir espaço com mortos.
Segundo a denúncia, o necrotério foi desativado. Dessa forma, as pessoas que morriam continuavam ocupando leitos – que poderiam ser usados por outros pacientes.
O Posto de Saúde São João, que fica em Meriti, é um dos principais do município e administrado pela prefeitura. Imagens mostram um corpo dentro de um plástico preto em um leito, enquanto uma idosa está na mesma sala internada.
O flagrante se repete em outras enfermarias e também na sala vermelha. Uma das imagens mostra que dois corpos ocupavam leitos com equipamentos.
Funcionários denunciam que os corpos ficam em áreas comuns de atendimento e que o necrotério não funciona há mais de um mês.
“Se um paciente passar mal, ele é levado para a sala vermelha. E, na sala vermelha, se vir a óbito, o que acontece? Ele é preparado e fica por lá. E, depois, se outro paciente passar mal também, ele vai ficar do lado de um corpo”, conta um funcionário.
O posto de saúde está em reforma. Uma placa indica um investimento de R$ 1 milhão do governo federal e diz que a obra termina em outubro. Enquanto isso, pacientes dizem que várias salas estão fechadas e tendas foram montadas para organizar o atendimento.
Além disso, banheiros químicos estão sendo usados. O Conselho Regional de Medicina explica os riscos de deixar corpos nos leitos ao lado de pacientes.
“Na enfermaria, nós temos pacientes e acompanhantes que estão numa situação de vulnerabilidade. Não se trata só de um risco biológico, do risco sanitário que o cadáver pode vir a representar, mas também temos um aspecto humanitário na questão, porque nós podemos imaginar o que pode representar para um paciente – numa situação de vulnerabilidade – e pro seu acompanhante ter um cadáver ali ao seu lado”, explica o conselheiro André Luís Medeiros.
Procurada, a Secretaria de Saúde afirmou que os corpos ficam em local com refrigeração adequada e que os problemas duraram cinco dias. Segundo a pasta, a região sofre de problemas de fornecimento de energia elétrica e que a situação será reparada nesta quinta (18).
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