Genética, índole e fatores externos: especialistas explicam como identificar se cão é agressivo para evitar ataques


Recentes casos de ataques de animais resultaram nas mortes de criança e idosa no noroeste paulista. O g1 conversou com um adestrador e um médico veterinário sobre o assunto. Cada cachorro tem um comportamento diferente do outro
Divulgação
A morte de uma criança, de dois anos, atacada no pescoço por um cão da família, da raça rottweiler, em Tanabi (SP), trouxe à tona a discussão sobre os cuidados e a atenção com os animais domésticos. Recentemente, uma idosa também foi morta pelo pit bull do filho dela, em Icém (SP).
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Mas como identificar se o animal tem traços agressivos? Quais circunstâncias favorecem uma reação inesperada do cão? O que fazer nessas situações? Como evitar um ataque?
Esses são alguns dos questionamentos comuns entre pessoas que possuem ou convivem com animais domésticos. Por isso, o g1 buscou algumas respostas com especialistas.
Fatores externos
Eduardo Silva, mais conhecido como Duda, tem 46 anos e há 30 trabalha com adestramento de cachorros em São José do Rio Preto (SP). O profissional explica que, na maiorias dos casos, o comportamento do animal está ligado a fatores externos.
“Os cachorros possuem temperamentos diferentes. Em uma ninhada de dez cachorros da mesma raça, por exemplo, eles se diferenciam entre eles na questão do comportamento, pois geneticamente eles já são diferentes”, reforça.
Além disso, segundo o adestrador, cada cachorro deve ser analisado de forma individual. A situação, o ambiente e o comportamento podem ser diferentes. Logo, o estímulo e a reação vão variar.
Sobre o pit bull, Eduardo diz que, do ponto de vista genético, foram feitos vários cruzamentos ao longo dos anos até a definição da raça, o que resultou em cães de porte grande que eram usados para caça. Por isso o instinto de predador é tão evidente nesses animais.
“O pit bull não é agressivo por natureza, porém, sua genética possui um estímulo de caça. Mas isso não quer dizer que ele precisa ser agressivo. Pinscher e chihuahua também têm essa genética, mas foram domesticados”, explica o especialista.
Idosa morre ao ser mordida no pescoço pelo cachorro pit bull do filho em Icém
Eduardo tem um pit bull em casa e o filho dele cresceu junto com o animal. A família nunca teve problemas com reações inesperadas do cão. Isso deixa evidente, para ele, que vai do tutor analisar, compreender e respeitar a índole do cachorro, mas a recomendação é buscar apoio e acompanhamento de profissionais confiáveis.
Outros fatores, como mudança de ambiente, chegada de novos membros da família e alterações na rotina do tutor e do animal, também podem influenciar o comportamento dele.
“Sempre, antes de pegar um animal como esse, é necessário analisar a situação, pois o tutor, o cachorro e os profissionais que o acompanham podem influenciar a maneira como ele cresce”, revela Eduardo.
O médico veterinário Felipe Franco Nascimento, de 32 anos, explica que é necessário entender os motivos de um ataque de cães para evitar outros. “O principal é identificar se foi alguma dor, uma patologia ou medo que ele sentiu”, continua.
Ainda segundo ele, situações que representam sustos ou sentimentos de ameaça para o animal também podem justificar um comportamento agressivo.
“Após o ataque, é importante pedir ajuda a um profissional especialista em comportamento para auxiliar e prevenir uma segunda ocorrência”, reforça o veterinário.
Casos recorrentes
O g1 fez um levantamento sobre os casos recentes de ataques de cães no noroeste paulista. Em junho, foram três ocorrências, sendo que uma delas resultou na morte de uma idosa. Em julho até quarta-feira (17), foram dois, com a morte de uma criança de dois anos e sete meses.
Benedita Francisca da Fonseca, de 83 anos, foi atacada pelo pit bull na casa onde morava com o filho dela, em Icém, no dia 17 de junho. Ela sofreu uma queda enquanto tomava café da manhã e foi mordida pelo cachorro. A vítima foi socorrida e levada ao pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos.
Conforme a TV TEM, o animal também mordeu a vizinha da idosa, que ajudava a conter o cão. De acordo com testemunhas, o pit bull fazia parte da família havia cerca de sete anos, mas Benedita começou a conviver com ele apenas três meses antes, quando passou a morar com o filho.
Criança de dois anos morre após ser atacada por rottweiler no interior de SP
Em Tanabi, Eleandro Dimas Malone Neto, de dois anos, morreu depois de ser mordido no pescoço pelo cão da família, da raça rottweiler . O ataque aconteceu na manhã de segunda-feira (15), na chácara onde a vítima morava.
De acordo com a Polícia Civil, Eleandro estava na propriedade junto com o pai e com o irmão, de 10 anos. Em determinado momento, a vítima se distanciou do irmão mais velho e, em seguida, foi encontrada pelo pai com ferimentos no pescoço.
Segundo o registro policial, o pai disse que o cão tem um ano, estava acostumado com as crianças e era dócil. A vítima foi levada para o pronto-socorro da Santa Casa de Tanabi, mas não resistiu.
*Colaborou sob supervisão de Henrique Souza
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