Biden diz que cogitaria desistir de candidatura se médicos apontassem alguma ‘condição médica’


Nomeação de presidente Biden ocorreria de forma virtual no início de agosto. Movimentação dos democratas acontece dias após a oficialização de Donald Trump como candidato republicano às eleições presidenciais em novembro. Ao mesmo tempo, uma pesquisa indica que quase dois terços dos eleitores democratas querem que Biden saia da corrida. Biden fala sobre atentado contra Trump.
AP Photo/Susan Walsh
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O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que consideraria abandonar sua candidatura à reeleição caso seus médicos apontassem o surgimento de alguma “condição médica” que o impedisse de servir um novo mandato presidencial.
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A declaração de Biden ocorreu durante entrevista ao apresentador Ed Gordon, do canal BET News, divulgada nesta quarta-feira (17).
Na conversa, o presidente disse que reavaliaria sua permanência na corrida “se eu tivesse alguma condição médica que surgisse, se alguém, se os médicos viessem até mim e dissessem, você tem esse problema e aquele problema”, disse Biden.
Desde que perdeu o debate contra Donald Trump e teve suas aptidões física e mental questionadas, Biden vem afirmando repetidamente em diversas entrevistas e coletivas que não tem nenhuma condição médica grave, segundo seus médicos, e que “faz testes cognitivos todos os dias” em suas funções como presidente.
O Dr. Kevin O’Connor, médico da Casa Branca, escreveu que Biden é “um homem saudável, ativo e robusto de 81 anos, que continua apto para executar com sucesso as funções da presidência” após seu exame físico anual realizado em fevereiro.
O comentário de Biden à BET News é o mais recente em uma série de explicações que o presidente está sobre o que poderia levá-lo a reconsiderar. Em uma entrevista à ABC News neste mês, Biden disse que desistiria da corrida apenas se o “Senhor Todo-Poderoso” o obrigasse a fazê-lo.
Na semana passada, em uma coletiva de imprensa em Washington, Biden disse que permaneceria na corrida a menos que seus assessores lhe mostrassem provas de que ele não teria chances de vencer as eleições.
Na conversa com a BET News, Biden também disse pela primeira vez de forma explícita que esperava “seguir em frente” após seu primeiro mandato e “passar o bastão para outra pessoa”, como havia dito quando concorreu em 2020, mas decidiu concorrer novamente porque acreditava que sua “sabedoria” e experiência ajudariam a curar as crescentes divisões do país. O presidente também falou repetidamente em entrevistas anteriores acreditar ser a pessoa mais capaz para liderar os EUA.
“Você deve se lembrar, Ed, eu disse que seria um candidato de transição, e pensei que poderia seguir em frente e passar o bastão para outra pessoa”, disse o presidente. “Mas eu não antecipei que as coisas ficariam tão, tão, tão divididas. E, francamente, acho que a única coisa que a idade traz é um pouco de sabedoria.”
Adiantamento de nomeação de Biden e pressão
Os democratas planejam adiantar a oficialização a candidatura do presidente Joe Biden à Casa Branca realizar por meio de uma votação virtual na primeira semana de agosto, segundo uma carta obtida pela Associated Press nesta quarta (17). A movimentação ocorre após a oficialização do republicano Donald Trump para a corrida eleitoral nesta semana.
A votação virtual não ocorrerá até agosto, mas o Partido Democrata está comprometido em realizar essa votação antes de 7 de agosto, prazo limite de inscrição de candidaturas no estado de Ohio, segundo uma carta enviada aos membros do comitê de regras da Convenção Nacional Democrata obtida nesta quarta (17) pela agência de notícias Associated Press.
Caso isso aconteça, a nomeação de Biden como candidato do partido ocorreria antes do previsto — normalmente essa formalização acontece durante a Convenção Nacional Democrata, que está agendada para 19 a 22 de agosto em Chicago.
Ao mesmo tempo, uma nova pesquisa indica que quase dois terços dos eleitores democratas (65%) querem que o presidente Joe Biden desista da candidatura. A consulta foi realizada pelo Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos AP-NORC e a maioria das entrevistas foi realizada antes do atentado contra Trump. (Leia mais abaixo)
Apesar do aumento da pressão em Biden pela desistência da candidatura à reeleição, a pesquisa de intenção de voto mais recente realizada pela Ipsos indica que Trump e Biden estão empatados tecnicamente, com 43% e 41%, respectivamente.
O comitê de regras da convenção democrata se reunirá nesta sexta-feira (19) para discutir seus planos e os finalizará na próxima semana, ainda de acordo com a carta, escrita pelos co-presidentes do comitê Leah D. Daughtry e o governador de Minnesota, Tim Walz.
“Não implementaremos um processo de votação virtual apressado, embora comecemos nossa importante consideração de como um processo de votação virtual funcionaria”, escreveram Daughtry e Walz.
O partido democrata anunciou em maio que realizaria uma chamada de votos antecipada para garantir que Biden qualificasse para a cédula em Ohio, que originalmente tinha um prazo até 7 de agosto, mas o estado desde então mudou suas regras. A campanha de Biden insiste que o partido deve operar sob as regras iniciais de Ohio para impedir qualquer possibilidade de legisladores republicanos imponham desafios legais para ter o presidente na cédula do estado.
A carta de Daughtry e Walz chega um dia após notícias de que ao menos três políticos democratas da Câmara, contrários a uma rápida nomeação de Biden como candidato do partido às eleições, preparavam outra carta levantando “sérias preocupações” sobre os planos para uma chamada virtual de votos.
Essa outra carta, que teria como signatários os deputados Susan Wild, Mike Quigley e Jared Huffman, segundo a Reuters, diz que seria uma “péssima ideia” sufocar o debate sobre o candidato do partido com a votação antecipada. “Poderia profundamente minar a moral e a unidade dos democratas”, disse a carta, obtida pela AP.
O ex-presidente Donald Trump foi oficializado como candidato republicano à Casa Branca na segunda-feira (15) durante a Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, em Wisconsin. A formalização é um processo padrão após vitória nas prévias do partido. No mesmo dia, Trump indicou o senador republicano J.D. Vance para ser seu vice e a chapa também foi formalizada.
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Joe Biden durante entrevista coletiva na Cúpula da Otan, em 11 de julho de 2024
REUTERS/Leah Millis
Quase dois terços dos eleitores democratas acreditam que o presidente Joe Biden deveria se retirar da corrida presidencial e deixar seu partido nomear outro candidato, de acordo com uma nova pesquisa.
Segundo a pesquisa, realizada pelo Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos AP-NORC, 65% dos democratas dizem que Biden deveria se retirar. No geral, 7 em cada 10 adultos americanos dizem que Biden deveria desistir da corrida.
O resultado enfraquece o discurso adotado pelo presidente dos EUA pós-debate de que os “democratas comuns” ainda estão com ele, mesmo que alguns “grandes nomes” estejam se voltando contra ele.
Enquanto isso, 73% dos republicanos dizem que Trump deve permanecer na corrida. Já no lado democrata, apenas 35% dos eleitores do partido dizem que Biden deve permanecer na corrida.
Em meio a uma insatisfação dos americanos com ambos os candidatos, 57% dos adultos dos EUA dizem que Trump também deveria se retirar da corrida e permitir que o Partido Republicano nomeie um substituto.
A pesquisa foi realizada principalmente antes da tentativa de assassinato de Trump em um comício de campanha na Pensilvânia no último sábado (13). Ainda não se sabe se o atentado influenciou as opiniões das pessoas sobre Biden, mas o pequeno número de entrevistas realizadas após o tiroteio não forneceu nenhuma indicação inicial de que suas perspectivas melhoraram, segundo a AP-NORC.
Os resultados ressaltam os desafios que o presidente de 81 anos enfrenta enquanto tenta silenciar os pedidos dentro de seu próprio partido para deixar a corrida e convencer os democratas de que ele é o melhor candidato para derrotar Donald Trump.
A nova pesquisa também descobriu que cerca de 3 em cada 10 democratas estão extremamente ou muito confiantes de que ele tem a capacidade mental para servir efetivamente como presidente –uma ligeira queda em relação aos 40% em uma pesquisa AP-NORC em fevereiro.
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