É #FAKE que mulher protestou contra o resultado das eleições na Venezuela usando sangue falso; vídeo foi retirado de contexto


Influenciadora ucraniana realizou manifestação contra a guerra entre Ucrânia e Rússia durante tapete vermelho no Festival de Cannes em maio de 2023. É #FAKE que mulher protestou contra o resultado das eleições na Venezuela usando sangue falso
Montagem g1
Viralizou nas redes sociais um vídeo no qual uma mulher de vestido azul e amarelo supostamente faz um protesto, usando sangue falso, contra o contestado resultado da eleição na Venezuela e a reeleição do presidente Nicolás Maduro. É #FAKE.
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Na gravação, a mulher retira dois sacos de sangue falso debaixo do vestido e os derrama sobre si mesma, enquanto caminha por um tapete vermelho. Rapidamente, um segurança aparece e escolta a jovem para longe.
O vídeo foi compartilhado dezenas de vezes no Facebook com a legenda: “Olha o q a Miss Venezuela fez. Quem sabe assim o mundo acorda. Bora ajudar e repassar”. No X, uma publicação ainda sugere que o protesto teria acontecido durante os Jogos Olímpicos de Paris e reúne 900 mil visualizações até esta sexta-feira (16).
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Uma busca reversa de imagens no Google relevou que, na verdade, o episódio ocorreu no tapete vermelho da 76ª edição do Festival de Cannes, na França, em 22 de maio de 2023. A responsável pela manifestação é a influenciadora ucraniana Ilona Chernobai, que soma 1 milhão de seguidores no Instagram.
A imprensa internacional noticiou o protesto pacífico no festival, como os jornais Variety e The Daily Telegraph, além das redes de TV CNN e EuroNews.
Na época, a influenciadora também publicou o vídeo da manifestação contra a guerra entre a Rússia e Ucrânia em suas redes sociais (veja abaixo).
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“Consegui cumprir a minha missão! No tapete vermelho do 76º Festival de Cinema de Cannes, saí com um vestido nas cores da nossa bandeira e me cobri com tinta vermelha. Aproveitei a minha oportunidade e com este ato lembrei o que está acontecendo na Ucrânia!!! Infelizmente não consigo mais postar todos os acontecimentos nos stories, como muitos blogueiros, porque o Instagram destrói tudo! Mas minha página está sob ameaça de exclusão! Estou muito feliz que meu ato tenha se espalhado pela mídia mundial! As pessoas não devem se esquecer de nós!”, escreveu Ilona.
Diferentemente do que sugerem os posts enganosos, a atual Miss Venezuela e modelo, Ileana Marquez Pedroza, não participou do protesto nem do Festival de Cannes. Também não há nenhuma menção contrária ou a favor do regime autocrático de Nicolás Maduro em suas redes sociais.
O vídeo foi retirado de contexto e não tem relação com o cenário político venezuelano e o resultado da eleição presidencial. A cor do vestido da influenciadora, usado no protesto, é um dos elementos que contribuíram para a disseminação da desinformação, pois tanto a bandeira da Ucrânia quanto da Venezuela tem as cores amarela e azul.
Crise na Venezuela
A Venezuela entrou em nova crise depois que o presidente Nicolás Maduro foi declarado reeleito em 29 de julho pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão presidido por um aliado dele — antes de a apuração ter sido concluída e sem que todos os boletins de urna tenham sido divulgados.
Segundo a Justiça eleitoral do país, Maduro venceu com 51,2% dos votos. Enquanto, o principal candidato da oposição, Edmundo González, ficou com 44% dos votos.
A oposição, que tem denunciado irregularidades, contestou os números divulgados pelo CNE, e informou calcular que Edmundo González teve 70% dos votos, e Maduro, 30%. Resultados de duas pesquisas de boca de urna divulgadas pela agência Reuters indicavam vitória de Gonzáles com larga vantagem.
Brasil, União Europeia, Estados Unidos, entre outros países, cobraram do governo Maduro a publicação das atas com os boletins de urna, o que não ocorreu. O Centro Carter, observador internacional, considerou que as eleições não atenderam a padrões mínimos de integridade.
A ONU divulgou um relatório “confidencial” sobre as eleições na Venezuela. O documento indica falta de transparência do órgão eleitoral venezuelano e afirma haver segurança em atas com resultados divulgados pela oposição.
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