Aumento nos atendimentos de casos de câncer pressiona sistema público de saúde em Campinas


Referência para toda a região, HC da Unicamp registrou aumento de 32% na demanda no 1º semestre. Departamento Regional tem 264 pacientes na fila por atendimento. O aumento nos atendimentos de casos de câncer tem pressionado a rede de saúde em Campinas (SP), expondo dificuldades que pacientes encontram para realizar tratamentos oncológicos, com espera de até 30 dias para início de sessões de quimioterapia.
Há casos, no entanto, de famílias que denunciam a falta de tratamento adequado mesmo cinco meses após o diagnóstico. O pedreiro José Aguiar Ferreira, de 59 anos, descobriu um câncer de esôfago, e a filha reclama da demora para início da quimioterapia na Rede Mário Gatti, responsável pelo SUS Municipal.
“Isso daí é negligência médica. Amanhã ou depois meu pai vai falecer, será ser culpa deles. Até hoje não fizeram nada, meu pai passa em uma consulta normal, e era para estar na quimioterapia faz tempo”, diz Alessandra Ferreira.
“Eu preciso de ajuda. Se isso se espalhar (câncer), eu tô lascado”, lamenta José.
José Aguiar Ferreira, de 59 anos, tem diagnóstico de câncer de esôfago e aguarda tratamento na rede municipal de Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
Na rede estadual, dados da Secretaria de Estado da Saúde apontam que, até a última semana, 264 pacientes aguardavam agendamento na especialidade de oncologia nas cidades que fazem parte do Departamento Regional de Saúde de Campinas.
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A fila é a segunda maior do estado, atrás apenas da Grande São Paulo, com 864 pessoas. A pasta, no entanto, defende que todos os pacientes SUS são atendidos dentro do prazo previsto na legislação – veja posicionamento abaixo.
HC pressionado
O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, referência para 55 cidades, tem registrado crescimento ano a ano. Em 2023, foram 1.240 novos casos de oncologia, aumento de 27,5% em relação ao ano anterior (969 casos).
Considerando apenas o primeiro semestre de 2024, foram atendidos 723 novos pacientes com diagnósticos de câncer, alta de 32% no comparativo com o mesmo período do ano anterior. E a superintendência do hospital projeta que a demanda cresça 42% até o final do ano.
Entre os diagnósticos mais comuns estão os cânceres de próstata, pulmão, cabeça e pescoço, muitos dos quais poderiam ser evitados com o acompanhamento e a descoberta precoce.
O setor de oncologia do HC da Unicamp conta com pelo menos 200 médicos que realizam, em média, 50 cirurgias por dia. O hospital também realiza 1,4 mil quimioterapias por mês, mas apesar dos números grandiosos, a demanda continua sendo maior que a oferta.
Em março, o HC aumentou de 65 para 152 o número de vagas mensais para atender pacientes com novos casos oncológicos.
Elaine Ataíde, superintendente do HC, explica que a unidade faz um esforço para realizar o tratamento necessário em 30 dias.
“A gente tem sempre uma corrida contra o tempo, quando o paciente já está dentro do hospital para que a gente faça todo tratamento necessário em, no máximo, 30 dias. Seja fazer uma cirurgia, uma radioterapia ou iniciar uma quimioterapia”, destaca Elaine.
HC da Unicamp
Fernando Evans/g1
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde defendeu que embora tenha a fila por agendamento, todos os pacientes estão sendo atendidos dentro do prazo legal.
“O atendimento ao paciente oncológico é prioridade desta gestão, que tem investido em mutirões de oncologia para agilizar o tratamento dos pacientes com câncer. Pela legislação atual, o paciente oncológico deve receber atendimento especializado em 60 dias, a contar do início da regulação e, neste momento, no Estado de São Paulo, todos os pacientes inseridos na CROSS Oncologia estão sendo encaminhados às consultas e tratamentos dentro do prazo legal”, informa a pasta, em nota.
Já a Secretaria Municipal de Saúde confirmou que o José passou por consulta, e que o médico indicou a possibilidade de radioterapia, mas outros casos eram mais urgentes. O HC, no entanto, informou que o paciente será atendido nesta sexta-feira (19).
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