Quando um vinho está pronto para beber?


Responder a essa pergunta não é fácil, mas eis algumas dicas de como lidar com o tempo. A passagem do tempo é algo inexorável e que foge não só ao nosso controle, mas também à evolução do vinho. Responder à pergunta “quando um vinho está pronto para beber?” não é fácil, mas eis algumas dicas de como lidar com o tempo.
Uma das crenças mais difundidas é de que vinho envelhecido é melhor. Essa informação é falsa e pode acarretar um prejuízo para o seu bolso: na maioria dos casos, se você demorar muito para degustá-lo, a chance de ele estar morto é alta.
Um vinho morto é uma bebida que perdeu suas características principais, como aroma, sabor e frescor. O passar do tempo pode melhorar a bebida – a depender do rótulo –, mas até um certo ponto: depois vira vinagre.
Para guardar ou para beber?
A grande maioria dos vinhos produzidos no mundo – mais de 90% deles – são criados para que sejam bebidos assim que chegarem ao mercado ou nos dois a três anos seguintes, no caso dos brancos, ou em até cinco anos para os tintos. Apenas uma fração dos rótulos que você encontra por aí tem potencial de guarda por 10, 20, 30 anos ou até mais.
Ainda não está de todo esclarecido como ocorre o processo de evolução ao longo do tempo, mas é certo que algumas bebidas sofrem processos químicos que a melhoram após alguns anos na garrafa. Difícil, ou talvez impossível, é saber quando, ao longo desse processo, a bebida estará em seu auge.
Os grandes vinhos franceses da Borgonha e de Bordeaux, os italianos da Toscana e Piemonte, os espanhóis da Rioja e os portugueses da Bairrada, por exemplo, amadurecem muito bem e dão o melhor de si depois de 20 ou 30 anos – se você, claro, tiver a paciência de esperar e a garrafa foi armazenada corretamente por todo esse tempo.
A evolução do vinho não é uma ciência exata e para você ter uma ideia de quando finalmente abrir aquele vinhaço que você está guardando com tanto carinho na sua adega, você pode consultar a ficha técnica da bebida no site do produtor onde estará indicado o tempo de guarda.
O que dizem os especialistas
De acordo com crítico da revista Wine Spectator, Matt Kramer, o auge dos vinhos não deve ser considerado como um cume, um momento de glória que dura pouquíssimo tempo, mas mais como um platô.
A curva de evolução dos vinhos se parece mais como um sino. “À medida que amadurece, ele vai seguindo pouco a pouco uma trajetória ascendente que, por fim, se estabiliza num platô. Então a linha começa a descer e a inclinação depende da ideia que o apreciador tem da rapidez com que um vinho perde a forma”, escreve o crítico no livro Os Sentidos do Vinho.
Os grandes Bordeaux tintos em geral atravessam um generoso platô e um longo e gradual declive, enquanto os Beaujolais – que são pensados para serem tomados mais jovens e não tem tanto potencial de envelhecimento (exceto os crus de Beaujolais) – enfrentam uma curva ascendente de amadurecimento íngreme e um breve período de estabilização, antes de sofrer um declínio abrupto.
Kramer, contudo, convida a fugir da lógica do auge e a pensar o vinho como uma pessoa que nasce, passa pela adolescência, se torna adulto, envelhece e morre. Qual seria o auge de uma pessoa? “Definir meu melhor momento foi (ou será) uma questão de gosto e do gosto de quem convive comigo”, afirma o especialista.
A dica de Kramer é comprar uma caixa do mesmo rótulo para poder degustar as garrafas ao longo dos anos de modo a entender de fato como evolui a bebida. “Isso nos traz uma dura realidade: se o prazer do vinho é vê-lo crescer, então uma ou duas garrafas não são suficientes. Essa é a diferença entre o apreciador e o connoisseur”, diz o crítico.
Se você só busca um bom vinho para tomar sem se importar muito com a evolução, opte por rótulos de preços intermediários de regiões famosas, pois costumam chegar ao mercado já redondos e prontos para satisfazer seu paladar.
Se você chegou até aqui, veja essas cinco sugestões de “vinhos de guarda” que irão enriquecer sua adega e lhe darão grandes satisfações gustativas.
Brunello di Montalcino Gualto DOCG Cantina Camigliano
Este tinto da Toscana apresenta aroma de frutas vermelhas, mentol e chocolate. Em boca, é encorpado, possui alta acidez, taninos finos e muito bem estruturados, final longo e complexo. Amadureceu em grandes barricas de carvalho por 36 meses e mais 24 meses em adega antes da comercialização. Acompanha carnes assadas, carnes de caça e queijos maturados.

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Gernot Langes
A premiada bodega argentina Norton apresenta grande complexidade aromática, com destaque para frutas vermelhas e pretas. Em boca, destacam-se a excelente estrutura, o ótimo equilíbrio, os taninos macios e o persistente final. Amadureceu por 16 meses em barricas de carvalho francês e estagiou mais 12 meses em adega. Harmoniza com carnes de caça.

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Chassagne-Montrachet Premier Cru Les Embazées
Branco da Borgonha com aromas cítricos e notas tostadas que, com a evolução, tornam-se delicadas notas florais. Em boca, é rico e poderoso, equilibrado e muito requintado. Amadureceu por 15 meses em barricas de carvalho francês. Harmoniza com vitela, robalo e lagosta.

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Estremus DOC Alentejo
O premiado enólogo português João Portugal Ramos assina esse tinto alentejano com aromas complexos de frutas escuras maduras, como cassis e amoras. Em boca, possui acidez, volume e estrutura em harmonia, com final longo e elegante. Amadureceu por 18 meses em meias pipas de carvalho francês. Ideal para acompanhar carnes de caça e queijos curados.

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Montaña Finca la Claudia Reserva Garnacha DOCa Rioja
Tinto espanhol da região da Rioja com aromas muito expressivos de frutas maduras e notas de cacau. Em boca, é saboroso e frutado, com taninos maduros e macios e excelente persistência. Amadureceu por 18 meses em barricas de carvalho francês. Ideal para acompanhar carnes grelhadas.

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BEBA COM MODERAÇÃO.

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