Dólar a R$ 6? Saiba o que faz a moeda americana subir e descer

O Brasil vive mais um dia agitado no mercado cambial, com praticamente o dólar a R$ 6. A moeda norte-americana atingiu um patamar histórico no País. Por que uma alta tão significativa? O contexto político, com medidas e planos econômicos, explica.

O dólar a R$ 6 também tem ligação com desdobramentos nos Estados Unidos, com a vitória de Donald Trump nas eleições. Entretanto, a repercussão do pacote de medidas de contenção de gastos do governo brasileiro influenciou diretamente na alta da moeda norte-americana.

Dólar a R$ 6: câmbio histórico no Brasil

Dólar a R$ 6: moeda norte-americana atinge patamar histórico no Brasil  – Foto: Istock/ND

E o que o dólar a R$ 6 impacta na vida dos brasileiros? Por que a moeda disparou? Quais fatores podem provocar uma queda? Entenda o contexto atual, cenários que provocam a variação e relembre dois momentos marcantes da volatilidade cambial.

Dólar a R$ 6? Saiba o que faz a moeda americana subir e descer

A quinta-feira (28) é agitada e de desdobramentos para investidores. A cotação do dólar hoje chegou a R$ 5,9993 em determinado momento da manhã. Assim, mantém a tendência de alta após um dia histórico. Na quarta-feira, a moeda fechou em R$ 5,9124, maior valor nominal da história. Por que o dólar está alto?

Dólar a R$ 6: moeda norte-americana dispara no Brasil

Dólar a R$ 6: real desvalorizado frente à moeda norte-americana – Foto: Istock/ND

A perspectiva do dólar a R$ 6 se dá em meio a anúncios do governo brasileiro sobre medidas econômicas. Uma delas, por exemplo, é a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil por mês, a partir de 2026.

O governo federal brasileiro prepara cortes nos gastos públicos, com o objetivo de reduzir despesas e de conseguir alcançar a meta de zerar o déficit público em 2024. Assim, o mercado financeiro aguardava com expectativa detalhes do planejamento governamental.

O Contexto Atual do Dólar no Brasil

Por que o dólar atingiu o maior valor da história?

O valor nominal de R$ 5,9124 é o maior da história e superou a marca de 2020, quando a moeda norte-americana, referência comercial global, chegou a R$ 5,9007, em meio à pandemia. A movimentação desta quinta-feira aponta praticamente o dólar a R$ 6. E por que a alta? É uma resposta do mercado.

Os investidores já aguardavam por detalhes das medidas econômicas do governo brasileiro desde outubro. A quarta-feira foi marcada, então, pela notícia da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, uma promessa de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A medida em relação ao IR impactou o mercado financeiro. Entretanto, segundo Fernando Haddad, ministro da Fazenda, a isenção vai ser compensada de outra forma, com uma alíquota mínima de 10% para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês.

Dólar a R$ 6: ministro Fernando Haddad vê o mercado reagir ao plano de contenção de gastos e isenção de IR

Dólar a R$ 6: mercado reage ao anúncio de Haddad sobre isenção do IR  – Foto: Washington Costa (Ascom/MF)

A projeção é que a isenção de IR (Imposto de Renda) anunciada pelo governo tenha um impacto de aproximadamente R$ 35 bilhões na arrecadação. Em um contexto de medidas de cortes de gastos, deixar de arrecadar tal valor “assusta”. Contudo, o plano do governo é compensar com taxação maior para os mais ricos.

Em coletiva nesta quinta-feira, na qual detalhou o pacote de contenção de gastos e também abordou a isenção do IR, Haddad projetou que as medidas vão gerar um impacto de R$ 70 bilhões nas contas públicas até 2026. Além disso, a previsão é economizar R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030.

Fatores que Fazem o Dólar Subir

O que influencia a alta do dólar?

Com a perspectiva de dólar a R$ 6, a pergunta ganha eco: o que faz a moeda norte-americana subir de valor? A cotação é influenciada por alguns fatores, como política monetária e taxas de juros.

Política monetária dos EUA e taxas de juros

A volatilidade cambial (oscilações no valor de uma moeda em relação à outra) já se mostrava em alta desde a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Dólar a R$ 6: o contexto da alta da moeda norte-americana

Dólar a R$ 6: moeda norte-americana vive forte momento de alta – Foto: Istock/ND

Trump pretende adotar uma política mais protecionista nos Estados Unidos. Na campanha, ele prometeu aumentar as barreiras comerciais, especialmente em relação à China, e reduzir impostos. A mudança na política econômica norte-americana, assim, já refletiu na volatilidade do dólar.

O dólar já vinha se valorizando em relação ao Real. Isso porque, após a vitória de Trump, embora em meio a incertezas e até mesmo inflação nos EUA, o volume de negociação da moeda norte-americana aumentou e mais pessoas compraram dólares. A moeda, assim, ficou mais valorizada.

Os valores das moedas também são influenciadas por ações de bancos centrais e taxas de juros. O Banco Central do Brasil, por exemplo, pode fazer intervenções para tentar controlar o câmbio, como realizar leilão da moeda.

Fluxo de capitais estrangeiros

O dólar a R$ 6 também exemplifica outro fator que influencia a alta da moeda: o fluxo de capitais estrangeiros. É o balanço da entrada de recursos e a retirada de recursos. É mais um ponto da volatilidade cambial.

Dólar a R$ 6: os impactos nos bolsos dos brasileiros

Dólar alto pode impactar no bolso dos brasileiros  – Foto: Istock/ND

Investidores, por exemplo, podem aumentar a demanda por dólar e comprar mais moeda norte-americana, o que significa uma desvalorização do Real. Além disso, podem retirar ativos do País.

Quando a balança do fluxo de capital tende para a saída, ou seja, um maior fluxo de dólares para fora do Brasil, a moeda brasileira se desvaloriza frente à norte-americana.

Os cenários interno e externo influenciam diretamente neste processo, como acontece agora, com o dólar a R$ 6.

Crises econômicas e políticas internas

A situação econômica reflete na variação cambial. Uma crise, por exemplo, afugenta investidores, que podem retirar ativos e comprar mais dólares. As oscilações cambiais também acompanham as políticas internas.

Dólar a R$ 6: moeda brasileira se desvaloriza

Dólar a R$ 6: real perde força | Foto: Istock/ND

No caso atual, o mercado reagiu diante dos anúncios e planos do governo federal em relação ao pacote de corte de gastos. O dólar, então, disparou e atingiu esse patamar histórico.

O planejamento brasileiro é cortar gastos, mas a interpretação da isenção do IR não repercutiu bem para o mercado de investidores. Desta forma, o dólar a R$ 6 é a resposta.

Fatores que Fazem o Dólar Cair

Em meio à alta da moeda norte-americana e a perspectiva do dólar a R$ 6, outra pergunta que surge é: como a cotação do dólar cai? Alguns fatores também influenciam.

Como o dólar pode voltar a cair?

Estabilidade econômica no Brasil

A estabilidade é uma aliada fundamental para evitar variação cambial significativa. A balança comercial, por exemplo, é decisiva. Quando o Brasil faz mais exportações, ele recebe mais dólares, o que resulta em aumento da disponibilidade da moeda, o que faz o valor cair. A relação oferta e demanda também rege o preço do câmbio.

Além da balança comercial, outras razões para o dólar cair e que são fatores que compõem o cenário de estabilidade econômica são: política monetária, como taxas de juros, e também fiscal. O caso atual é um bom exemplo de como influencia a volatilidade cambial.

A estabilidade econômica também resulta em ganhar a confiança do mercado e pode significar atrair mais investimentos, além de mantê-los.

Crescimento do PIB e atração de investimentos

O desempenho da economia brasileira também impacta na variação cambial. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, pode atrair e animar investidores, o que, por sua vez, pode significar queda da moeda norte-americana e fortalecimento do Real. Assim, o PIB brasileiro e câmbio têm uma ligação constante.

O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país, estado ou cidade normalmente em um ano. O PIB não é o total da riqueza de um país. Trata-se de um indicador de fluxos de novos bens e serviços produzidos em um determinado período.

Ajustes na taxa Selic e controle inflacionário

A taxa básica de juros, conhecida como Selic, influencia outras taxas de juros do Brasil, como aplicações financeiras, empréstimos e financiamentos. A Selic, sigla de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, é definida pelo Banco Central como a principal ferramenta de política monetária para controlar a inflação.

A Selic também está diretamente relacionada à variação cambial. Isso porque quanto maior a taxa de juros, maior o grau de investimentos estrangeiros no Brasil, o que significa uma correlação entre Taxa Selic e dólar.

No dia 6 de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a Taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Assim, a taxa passou para 11,25%. Quando a taxa sobe, desestimula o consumo, o que favorece a queda da inflação.

Impactos do Dólar Alto no Brasil

O que o dólar alto significa para a economia brasileira?

Um impacto da alta do dólar no mercado cambial é o aumento do preço dos produtos importados. A tendência, assim, é que produtos como pão e macarrão encareçam, por exemplo. Isso porque o trigo é importado. Da mesma forma, a gasolina também pode ficar mais cara.

Alta do dólar pode refletir no preço da gasolina – Foto: Pixabay

O dólar a R$ 6 também desencoraja uma possível viagem para o exterior. O custo fica mais caro, porque é necessário gastar mais para comprar dólares e usar fora do Brasil.

Os custos de produção em setores industriais também mudam com a alta da moeda norte-americana. Isso significa uma margem de lucro menor, além de poder representar o aumento da inflação.

A alta do dólar, assim, pode provocar um efeito cascata, caso a moeda norte-americana mantenha o patamar elevado, o que aumenta a chance da repercussão no bolso do brasileiro, retrato da guerra comercial e dólar.

Histórico do Dólar no Brasil

O dólar já chegou a R$ 6 antes?

Na perspectiva de dólar a R$ 6, o Brasil convive com o maior valor nominal do dólar na história. A marca atual ultrapassou a de maio de 2020, recorde anterior. Naquela ocasião, o País e o mundo lidavam com os efeitos da pandemia da Covid-19.

Pandemia da Covid-19 abalou o mundo. – Foto: Getty Images/ND

Em 2020, diante das incertezas provocadas pelo contexto da pandemia e uma crise econômica global, investidores recorreram ao dólar, com uma procura generalizada. Isso fez com que a moeda norte-americana se valorizasse.

Outra volatilidade marcante no histórico da cotação do dólar no Brasil aconteceu em 2002, ano marcado pela vitória de Lula nas urnas. Em outubro daquele ano, o dólar atingiu o patamar acima de R$ 4, após iniciar janeiro em R$ 2,30. Era um temor em relação ao governo petista.

Entretanto, ao assumir o governo, Lula adotou políticas econômicas que dissiparam os temores e desconfianças e conseguiram estabilizar o câmbio.

Perguntas Frequentes sobre o Dólar

Perguntas frequentes sobre a cotação do dólar

Por que o dólar comercial e o turismo têm valores diferentes?

O dólar a R$ 6 pode suscitar uma dúvida frequente: a diferença de dólar turismo x dólar comercial. O primeiro é a referência, enquanto a especificidade do segundo o leva a ser mais caro.

Dólar a R$ 6: foco na moeda norte-americana – Foto: Istock/ND

O dólar turismo é aquele que os turistas compram nas casas de câmbio e em bancos. O dólar comercial é a referência para ele. Entretanto, o turismo tem um valor adicional. Isso porque envolve custos administrativos e também um acréscimo pelo fato de o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) incidir sobre a transação.

Quais estratégias podem proteger os investimentos durante altas do dólar?

Com o dólar a R$ 6, o que se ter em mente para momentos de alta cambial? Uma estratégia utilizada é comprar dólar em momentos diferentes, isso para se adequar justamente à volatilidade que a moeda pode ter ao longo do ano e diminuir o impacto da alta cambial.

Diversificar os investimentos é outra maneira de lidar com momentos de alta do dólar. Além disso, investir em fundos cambiais atrelados à moeda norte-americana (ou seja, que acompanha a variação cambial) é outra alternativa.

Mais uma alternativa é investir em ações de empresas exportadoras (ou seja, que recebem em dólar). Com o aumento do dólar, o lucro dessas empresas é potencializado.

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