Série do JN mostra pessoas importantes para o sucesso de atletas brasileiros em Paris

A estreia é com Rebeca Andrade. A adestradora de animais Thaís Vieira é quem cuida dos pets da ginasta campeã olímpica quando ela está viajando. Por trás da medalha: Rebeca Andrade e a amizade com Thaís Vieira, a cuidadora dos cães da campeã
Nesta semana, o Jornal Nacional vai exibir uma série especial sobre as Olimpíadas. Nossos repórteres vão mostrar as pessoas mais importantes para o sucesso dos atletas em Paris. A estreia é com a ginasta campeã olímpica Rebeca Andrade.
Equilíbrio: palavra-chave na ginástica, busca permanente.
“Estou fazendo meus elementos novos, estou treinando as minhas séries, estou tentando deixar com mais qualidade. Porque não tem muita coisa para mexer, mas quanto mais qualidade eu fizer, melhor”, diz.
São muitas e muitas horas, dia após dia, em um rodízio constante de aparelhos e exercícios, aprimorando a técnica, desafiando os limites.
“Eu, particularmente hoje, vejo a Rebeca muito motivada para dificultar mesmo suas rotinas”, diz o técnico Chico Porath.
Nunca foi fácil para Rebeca e os seis irmãos. Praticamente sozinha, a mãe, Rosa, empregada doméstica, criou todos eles. Foi o principal apoio nas três cirurgias pelas quais a filha passou no intervalo de três anos. Rebeca quase ficou fora dos Jogos do Rio, em 2016. Em Tóquio, 2021, veio a consagração. Prata no individual geral; ouro no salto. As primeiras medalhas olímpicas de uma brasileira na ginástica artística.
Mas, para ter o mundo nas mãos – ou a seus pés – também se paga um preço: a expectativa e a cobrança pelos resultados.
“Minha cabeça está boa. Mas, ao mesmo tempo, eu trabalho muito com a minha psicóloga para sempre fortalecer. Algo que a gente quer fazer diariamente. E meu corpo a mesma coisa”, conta Rebeca Andrade.
Só neste ciclo – entre Tóquio e Paris -, Rebeca subiu 13 vezes ao pódio em grandes eventos, como mundiais e pan-americanos: cinco ouros, seis pratas e dois bronzes.
Uma rotina que se divide entre ginásios, hotéis, aeroportos, estar ao ar livre é um respiro, um relaxamento. É hora de estar cercada de amigos, de um amor materno que a Rebeca descobriu brincando.
“Um é West Highland White Terrier e o outro é um Border Collie”, conta Rebeca.
Cachorros: a paixão de Rebeca Andrade fora do esporte. Em casa, no Rio de Janeiro, ela tem dois. O Snow foi o primeiro a chegar. Alguns meses depois, veio o Aslan. Os xodós da campeã olímpica. Mãe de primeira viagem, Rebeca sentiu que precisava de ajuda para educar os filhotes. Foi aí que ela conheceu a Thaís, adestradora de animais. E da relação profissional e do amor das duas pelos bichinhos nasceu uma grande amizade.
“Às vezes, domingo, que é o meu dia de descanso, eu ligo para ela e pergunto: Vou levar os cachorros no parcão, quer que eu passe aí para te buscar?’. Porque ela também tem os cachorros dela. Então eu passo lá, busco ela, a gente vai para o parcão, passa a manhã ou a tarde de domingo juntas e tudo mais. É bem gostoso”, conta Rebeca.
“Com certeza, eu vejo que quando ela está com os cachorros dela, ela fica mais calma, mais tranquila. Como ela ama aqueles cães, cara. É uma coisa, assim, absurda”, diz Thaís Vieira, adestradora de animais.
“Eu acho que o atleta, criando esse ambiente fora saudável, ou algum hobby que ele tenha, eu acho que isso faz muita diferença na hora de uma preparação”, afirma o técnico de ginástica artística Chico Porath.
A Rebeca deixa os cachorros com a Thaís quando viaja. O que não é pouco tempo ao longo do ano. Filhotes em boas mãos, mamãe tranquila para treinar e competir.
“Às vezes, eu não tenho a agenda completa e eu falo: ‘Olha, Thaís, semana que vem eu tenho uma viagem e tal, mas eu ainda não sei a data direito, não sei o horário. Mas dá para deixar eles aí? Claro, Rebequinha, tranquilo”, conta a ginasta.
E na hora de voltar para casa…
“Eles te recebem da mesma maneira, como se tivessem ficado uma vida inteira sem ter você. Então, não tem nada que pague isso”, diz Rebeca.
Agora, em Paris, o ritual vai se repetir. A Thaís fica com o Snow e o Aslan, abastece a Rebeca com vídeos e informações e prepara os mascotinhos para torcer.
“Eles são cães olímpicos! Você nunca viu eles vestidos.Vestidos com a camisetinha, uniformizados. Ai, gente, eu não aguento, é muita lindeza. Eles são muito fofos, sério, são muito fofos”, afirma Rebeca.
Daqui a alguns dias, é a mamãe olímpica que vai saltar, pular, girar, se divertir, orgulhar o Brasil inteiro.
“Espero que todos! Espero que eu possa pegar todas as finais para eles poderem me assistir pela TV, né? Por isso que eu estou ralando, ralando”, diz Rebeca.
Repórter: E vai botar de roupinha?
“Com certeza. Até fiz, né, Re? Coloquei de roupinha, ensinei a posar, ficou com a roupinha do uniforme”, conta Thaís.
Repórter: Então, vamos avisar a vizinhança que vai ter latido de ouro na janela.
“Vai mesmo, porque eu vou começar a gritar e eles vão gritar junto comigo”, afirma Thaís.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.