g1 visitou Centro Olímpico de SP que já foi casa de grandes nomes do esporte e conversou com promessas para Los Angeles 2028


Equipamento da Prefeitura de SP oferece treinamento gratuito para crianças e jovens de 5 a 18 anos em 15 modalidades e tem como objetivo formar atletas de alto rendimento. Já passaram por lá nomes como Alisson dos Santos – o Piu -, César Cielo, Gabi e Tamires. Centro Olímpico de SP e promessas para Los Angeles 2028
Venho forte para 2028. Já estou com o meu planejamento. Pode cravar: eu vou estar lá. Vou representar o Brasil da melhor forma possível
Ser um atleta olímpico é o sonho de todo atleta. Com certeza, isso está nos nossos planos para 2028. Nosso alvo sempre vai ser para lá, as Olimpíadas, o mundial
Se Deus quiser, eu estarei nas próximas Olimpíadas em 2028. Vou ter 21 anos. Se Deus quiser, vai ser meu auge e vou trazer uma medalha para o Brasil
Além do fato de serem grandes destaques nos esportes que praticam, os três nomes acima têm uma coisa em comum: são atletas do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), um equipamento da Prefeitura de São Paulo que oferece gratuitamente treinamento de alto nível em 15 modalidades:
Atletismo, basquete e basquete 3×3, boxe, breaking, futebol, ginástica artística, handebol, judô, levantamento de peso olímpico (LPO), luta olímpica, natação, taekwondo, vôlei e vôlei de praia.
Os atletas também recebem kit lanche, auxílio-transporte, fisioterapia, atendimento médico, odontológico, psicológico e assistência social. O ingresso no COTP é feito por meio de peneiras com crianças e jovens de 5 a 18 anos. As datas são divulgadas na página oficial da unidade.
O g1 visitou as dependências desse espaço que é referência na região e conversou com atletas considerados promessas para o esporte brasileiro.
O atleta Pedro Henrique
Rafael Peixoto/g1
Los Angeles é logo ali
Basta assistir a alguns minutos de qualquer treino no Centro Olímpico para perceber que ninguém ali está brincando. Dependendo da modalidade, é treino o dia todo. Praticamente um trabalho.
A ginástica artística é uma das que mais chama a atenção, sem dúvida: garotinhas e garotinhos de 1 metro e pouco de altura fazendo abdominais à exaustão, pulando, dançando, rodando, voando… Tudo com um simpático sorriso no rosto.
São apenas os primeiros passos de uma caminhada árdua para quem sonha grande. Caso do Pedro Henrique, ginasta de 17 anos que treina desde os 5.
“Eu treino das 8h30 às 12h, mais ou menos. Almoço, aí descanso um pouco e vou para o segundo período, que é das 14h às 16h. Depois, desço para fazer fisioterapia, que dura uma hora. De lá, eu janto e vou para a escola, das 19h às 23h. No outro dia, começa tudo de novo.”
Cansei só de escrever.
Isso tudo é feito com o olhar em 2028, mirando Los Angeles, sede das próximas Olimpíadas. Seis vezes campeão brasileiro, Pedro teve certeza de que seu sonho pode se tornar realidade no ano passado, quando foi convocado para a seleção brasileira.
“Aí eu falei: ‘Putz, minha vida mudou, mano, tenho que tem que focar 100% agora’. Neste ano, já fui para a Alemanha e para a Colômbia, foi bem legal.”
“Assim como para o futebol tem a Copa do Mundo, tem as Olimpíadas para a ginástica. Em questão de treino, eu estou tendo que me esforçar mais, ralar o dobro, o triplo, o que for preciso, para, se Deus quiser, estar lá”, planeja.
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O atleta Aurélio Miguel
Rafael Peixoto/g1
Com 20 anos e nome de medalhista olímpico, Aurélio Miguel é outro que sonha grande, mas não com o judô, como seu homônimo: quer representar o Brasil ao lado do recordista olímpico Thiago Braz daqui a quatro anos. Atleta do salto com vara, ele começou no esporte ainda criança — passou por capoeira, dança e até circo antes de descobrir o talento no atletismo.
Seu ingresso no COTP foi história de filme:
“Eu treinava em pista de carvão, e o tênis desgastava muito fácil. Quando vim fazer a peneira, pedi para minha mãe comprar um tênis. Eu achava que dependia disso, né? Aí ela falou que, se fosse para eu passar, eu ia passar de qualquer jeito, até descalço”.
Dito e feito: quando foi fazer o teste de salto em distância, pediu para ir sem tênis. “Fiz descalço e consegui passar. Assim começou minha trajetória no atletismo”, contou, orgulhoso.
Hoje, ele é quatro vezes campeão brasileiro na categoria sub-18, campeão sul-americano, pan-americano e medalhista no Troféu Brasil, um dos campeonatos mais importantes do país na modalidade.
“O esporte é muito importante na minha vida. O esporte muda as pessoas, a forma de pensar. O esporte salva”, destacou.
O atleta Giovanni Gaion
Míriam Jeske
Se tem alguém que entende de luta é Giovanni Gaion, de 23 anos — para chegar à luta olímpica, primeiro ele teve que enfrentar as lutas da vida.
Começou no judô aos 8 anos para fugir do bullying e do sedentarismo. Passou a treinar forte, foi se destacando e, quando começou a almejar voos mais altos, uma lesão o deixou afastado dos tatames por nove meses. Nessa época, ele tinha 16 anos e já era atleta do Centro Olímpico.
“Para quem está acostumado a treinar todos os dias, entra num início de depressão. Eu falei: ‘Não quero mais, vou parar’.”
Quando já havia se recuperado, se lembrou de um convite feito pela treinadora de luta olímpica do COTP. “Ela falou: ‘Vai fazer uma aula experimental de wresteling’. De 2017 para 2018, mandei uma mensagem, ela falou: ‘Pode vir’, e eu me apaixonei pelo esporte.”
Com três meses na nova modalidade, ele já tinha a primeira medalha em nível nacional, que foi um segundo lugar no campeonato sub-17, em 2018. De lá para cá, o atleta acumula títulos: campeão brasileiro sênior, bronze no pan-americano júnior e campeão sul-americano júnior.
O sucesso no esporte levou Giovanni ao posto de sargento da Marinha: “Como eu me mantive no topo da categoria, gera um certo interesse das Forças Armadas. Graças a Deus, hoje eu tenho esse apoio da Marinha do Brasil, que é um divisor de águas na nossa carreira. Também tenho a estrutura do Centro Olímpico”.
“Tira um peso das nossas costas e fala: ‘Pô, agora você pode pegar suas coisas e ir para a caminhada, você vai chegar numa Olimpíada”, relatou.
“Nosso propósito é muito maior do que só o esporte. O esporte tem que ser uma ferramenta de crescimento cultural, educacional, espiritual, independentemente de qualquer religião. O atleta é quem vai ao mercado e dá boa tarde para todo mundo, vai estar numa reunião importante e vai saber se comportar. O propósito olímpico tem que ser isso.”
A atleta Clara Lima
Rafael Peixoto/g1
Uma das caçulinhas do COTP é a ginasta Clara Lima, de 9 anos, que é fera nas barras paralelas, na trave e tem a lenda Simone Biles como inspiração.
Apesar de estar no auge da infância, o treino dela é de gente grande: “A gente chega, aí depois a gente tem a fisioterapia, aí depois começa o aquecimento, depois, a preparação física e, depois, os aparelhos”.
O g1 conversou com ela pouquíssimos minutos após a prata de Rebeca Andrade e o ouro de Simone no individual geral da ginástica em Paris. “Todo mundo ficou torcendo, todo mundo gritando, foi muito legal”, contou.
“A Simone não competiu em Tóquio porque ela estava passando por alguns problemas, aí ela voltou muito forte”, lembrou a pequena, que deixou o recado às possíveis futuras colegas de treino: “Venham fazer ginástica, é muito legal e divertido”.
O COTP
O Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa foi criado em 1976 e já foi casa de lendas do esporte brasileiro, como Hortência, Ricardo Prado, Fofão e Magic Paula.
Atualmente, atende quase 1,5 mil atletas da região metropolitana de São Paulo.
“O Centro Olímpico é um equipamento destinado ao desenvolvimento de atletas de base. Nosso principal objetivo é realmente a formação de atletas de alto rendimento”, explicou Paulo Procópio, diretor de modalidades do COTP.
“A gente trabalha muito com a base, com a formação, mas sempre visando resultado, competições, né? Então eu sempre falo que eu gosto também de criar um ambiente olímpico.”
Paulo conta que todo atleta e ex-atleta olímpico tem as portas do COTP abertas: “Ele pode treinar, usufruir do nosso espaço, do nosso equipamento, como é o caso do Alisson dos Santos, o Piu, que treina na nossa pista de atletismo; já foi o caso de o César Cielo usar a nossa piscina para treinar para os mundiais. Acredito que não existe motivação melhor para um atleta do que olhar para o lado e ver um medalhista olímpico ou um ídolo treinando, isso dá aquele gás a mais”.
O diretor também destaca a participação das atletas do futebol feminino, uma das maiores potências do COTP: “Atualmente, a gente tem nove atletas na seleção feminina: Gabi, Tamires, Gabi Nunes… Passaram por aqui”.
Procópio, que sonha em fazer do COTP um ponto turístico de São Paulo, chama a atenção para a criação de um mural com as fotos de todos os medalhistas olímpicos da história do Brasil:
“Esse painel é a cereja do bolo, é o corredor olímpico. Foi uma ideia de a gente eternizar todas as medalhas olímpicas que a gente já conquistou e até criar um ponto turístico na cidade. Onde a gente pode receber escolas, pessoas, para fazer uma visita ao COTP, visualizar e entender como é um treinamento de rendimento, um treinamento focado para criar um atleta olímpico e ainda visualizar e memorizar todos os nossos medalhistas olímpicos.”
Corredor olímpico COTP
Rafael Peixoto/g1
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