Uso de ônibus cai em 7 anos, mas continua única opção para metade da população urbana, diz CNT


Queda está relacionada ao crescimento da população com carro ou moto próprios, além da competição com serviços de transporte por aplicativo. Transporte público
Luiz Souza/RBS TV
O uso de ônibus para locomoção dentro das cidades caiu nos últimos sete anos, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) nesta quarta-feira (7).
🚌De acordo com o estudo, em 2024, 30,9% da população urbana utiliza o ônibus como meio de transporte. Essa parcela era de 45,2% em 2017.
A CNT atribui a queda ao crescimento da população com carro ou moto próprios, além da competição com os serviços de transporte por aplicativo, como Uber e 99 — mercado praticamente inexistente em 2017.
Nesse período, o uso de aplicativos saiu de 1% para 11,1%.
🚦Contudo, apesar da redução no uso dos ônibus, esse meio de transporte ainda é a única alternativa para 52,7% dos entrevistados.
Segundo o estudo, o dado pode ser explicado pela capilaridade do transporte por ônibus, que pode ter um tempo de deslocamento menor do que por carro.
“Há, ainda, os que afirmam que o custo deste é menor em relação aos demais meios ofertados, mostrando que o critério financeiro é uma variável significativa na acessibilidade dos cidadãos”, diz o relatório.
O transporte por ônibus está concentrado nas classes C, D e E, com menor poder aquisitivo. De acordo com a CNT, elas representam juntas quase 80% dos deslocamentos.
A pesquisa aponta ainda que a maior parte dos usuários de transporte por aplicativo pertence à classe C, no total de 56,2% daqueles que utilizam esses serviços. Comodidade e conveniência são os principais motivos para a escolha, afirma a CNT.
Passageiros têm dificuldade para pagar transporte público com cartões
Substituição do ônibus
O estudo também destaca o aumento no número de pessoas que substituíram o ônibus. A pesquisa mostra que 29,4% dos entrevistados deixaram de se deslocar por ônibus e outros 27,5% diminuíram o uso.
“Certamente, a redução da demanda do transporte público provocada pela pandemia foi um dos fatores que contribuiu para que mais da metade do universo pesquisado tenha substituído o ônibus por outro meio de transporte”, escreve a CNT.
Esse número aumentou, inclusive, nas classes com menor poder aquisitivo, que costumam utilizar mais esse meio de transporte.
No lugar do ônibus, as pessoas passaram a usar mais o carro próprio, se deslocar a pé, pedir corridas em carros de aplicativo ou usar bicicleta.
De acordo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), houve uma redução de 44,1% nas viagens de ônibus público urbanos nos últimos dez anos.
Em 2023, os ônibus transportavam menos 19,1 milhões de pessoas do que em 2014.
“Estamos num momento de transição. O setor vem se recuperando da dramática crise da covid-19, que intensificou a tendência de queda da demanda registrada nas últimas décadas, mas os dados mostram que a demanda de passageiros dificilmente retornará aos níveis pré-pandemia sem a adoção de novas políticas públicas, como um novo Marco Legal, priorização para o transporte público e incentivos governamentais”, disse Francisco Christovam, diretor executivo da NTU.
Para a CNT, reduzir o valor das tarifas pela metade ajudaria a recuperar 25,2% das pessoas que substituíram o ônibus por outros meios de transporte.
“A diminuição superior a R$ 1,00 no preço das tarifas já seria suficiente para recuperar 14,3% da demanda perdida”, diz o relatório.
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