Mulher é resgatada em condição análoga à escravidão no Rio após trabalhar por 46 anos sem salário


Mulher de 59 anos ficava à disposição da família para qual trabalhava de forma ininterrupta. Ela também não tinha conta bancária. Após resgate, vítima visitou ponto turístico que sempre sonhou visitar. Mulher que foi resgatada em condição análoga à escravidão visitou Cristo Redentor nesta semana
Reprodução
Uma mulher de 59 anos que trabalhava há 46 anos para a mesma família em situação análoga à escravidão foi resgatada no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.
Segundo informações dos responsáveis pelo resgate, ela não recebia salários e não tirava folgas, ficando à disposição da família para qual trabalhava de forma ininterrupta.
A operação de resgate foi feita de forma conjunta entre Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) e a Auditoria-Fiscal do Trabalho, com apoio da Polícia Federal, e realizada no dia 2 de julho. O caso só foi divulgado nesta quarta-feira (24) após a resolução de todos os trâmites trabalhistas e financeiros.
Ela também não tinha conta bancária e tampouco amigos ou familiares, já que saiu de Pernambuco em 2016 para trabalhar para essa mesma família no Rio de Janeiro, cuidando do pai e agora também dos filhos.
O Procurador do Trabalho Thiago Gurjão, que participou do resgate, ressaltou a falta de autonomia da vítima:
“Não tinha autonomia financeira, sem ter acesso a salário ou renda, nem autonomia pessoal, vivendo permanentemente em situação de sujeição à família para a qual trabalhava, sendo que sua existência no período se resumia a esse trabalho”, afirmou Gurjão.
O Auditor-Fiscal do Trabalho, Diego Folly, ressaltou que é importante que a sociedade fique atenta e denuncie casos de trabalho análogo à escravidão.
“A configuração de trabalho doméstico análogo ao de escravizado vai muito além da constatação de irregularidades trabalhistas, essa exploração deixa marcas psicológicas e morais indeléveis na formação do ser humano”, pontuou.
Volta para a terra natal
O MPT firmou termo de ajustamento de conduta (TAC) com o empregador, garantindo o reconhecimento do vínculo de emprego e o pagamento de salários e das verbas trabalhistas do período, além de indenização por dano moral.
A vítima conseguiu um acordo que totalizou R$ 768 mil, e agora vai voltar para Pernambuco, sua terra natal.
Antes de viajar, no entanto, ela foi realizar um sonho: conhecer o Cristo Redentor, que nunca tinha visitado desde que foi morar no Rio de Janeiro, há oito anos.
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