Gigantes da ginástica: conheça a relação de respeito entre Simone Biles e Rebeca Andrade

Norte-americana e brasileira são adversárias diretas na disputa por medalhas. Rebeca relembra primeiro contato: ‘Uma coisa muito genuína’. Em Paris, Rebeca Andrade e Simone Biles voltam a se enfrentar
Em Paris, a ginástica artística vai marcar o reencontro olímpico de duas estrelas.
Rebeca Andrade jamais se esqueceu do primeiro contato. Foi no Mundial de 2018, em Doha, no Catar. A brasileira vivia atormentada por seguidas lesões nos joelhos, e Simone Biles, que na época já a principal estrela da ginástica artística, se aproximou e disse:
“Siga em frente porque você tem talento”.
“Foi uma coisa muito genuína. Eu estava sentada, ela estava passando, aí do nada ela sentou do meu lado e falou isso. Eu fiquei superfeliz. Eu falei: ‘Meu Deus, a melhor do mundo falando para eu não desistir’. Agora que não vou desistir mesmo”, conta Rebeca Andrade rindo.
Três anos depois, foi a saúde mental que impediu uma competição direta por medalhas. A americana disse que precisava cuidar da cabeça e abandonou as disputas nos Jogos de Tóquio. Simone aplaudiu a consagração internacional de Rebeca, com a medalha de ouro no salto e a prata no individual geral.
Dali em diante, enquanto colecionava títulos nos principais torneios do mundo, Rebeca ansiava pelo retorno da colega.
“Saber que a gente torce uma pela outra, saber que a gente quer que a outra vença, mesmo que a gente também queira vencer, é algo que eu acho muito legal e que mudou muito dentro do esporte”, afirma Rebeca.
Pois Simone Biles voltou a competir em janeiro de 2023. Ela disse que antes estava tentando ocultar o trauma e que, agora, aprendeu a falar sobre isso e a se libertar desse sentimento.
O primeiro duelo por medalhas entre elas fez valer a espera. Simone e Rebeca dividiram o pódio em cinco provas no Mundial da Antuérpia, em 2023. A americana levou o ouro na disputa por equipes, no individual geral e no solo – sempre com a brasileira em segundo. Simone venceu também na trave, com Rebeca em terceiro. No salto, ouro para brasileira, e prata para Simone.
Em uma disputa como essa, marcada pela excelência, os detalhes passam a ser relevantes. As ginastas sabem que as Olimpíadas são o palco principal e, por isso, podem guardar novidades para os momentos de decisão.
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Olha um exemplo: o vídeo, captado pelo Comitê Olímpico do Brasil, mostra Rebeca treinando um salto jamais executado em competições oficiais de ginástica artística. Trata-se de um triplo twist Yurchenko. Rebeca chega na mesa de costas e, no ar, executa três piruetas em volta do próprio corpo antes de aterrizar. Por nunca ter sido feito em competições, o movimento não tem pontuação estipulada. Mas, pelo grau de complexidade, pode elevar a nota de partida de Rebeca.
“A gente sempre treina mesmo. Já falei várias vezes, mas vai depender de como vou estar lá na competição, se vou estar com a cabeça boa, se meu corpo vai estar bom, se vai valer a pena. Porque, às vezes, não precisa, às vezes precisa. Mas tudo vai depender”, diz Rebeca Andrade.
A escolha dos movimentos que os atletas vão executar é tomada só no dia da competição. Um suspense que só aumenta a vontade de ver Simone Biles e Rebeca Andrade frente a frente – e uma torcendo pela outra.
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