Kamala Harris faz o primeiro comício como pré-candidata e reafirma ser capaz de derrotar Donald Trump


Para ser a candidata oficial do Partido Democrata, a vice-presidente dos EUA precisa do voto dos representantes do partido em cada estado – os delegados -, que oficializam o nome do candidato em agosto. O processo eleitoral que vai escolher o ocupante da Casa Branca a partir de janeiro de 2025 teve nesta terça-feira (23) o primeiro comício da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, na condição de pré-candidata à Presidência. De segunda-feira (22) para terça-feira (23), ela consolidou o caminho para substituir Joe Biden e representar o Partido Democrata na disputa de novembro.
Kamala Harris confirmou:
“Já conseguimos o apoio de delegados suficientes para assegurar a candidatura democrata”.
Para ser a candidata oficial do partido, Kamala precisa não do voto dos eleitores, mas sim do voto dos representantes do partido em cada estado – os delegados -, que oficializam o nome do candidato em agosto. Segundo a agência de notícias Associated Press, a vice-presidente tem mais de 3.090 delegados ao seu lado, cerca de mil delegados a mais do que o necessário.
Nesta terça-feira (23), no primeiro comício, Kamala falou para uma plateia maior do que a de todos os eventos da campanha de Biden em 2024. A vice-presidente mirou na disputa de novembro e voltou a atacar o adversário republicano, Donald Trump. Repetiu que, como procuradora-geral da Califórnia, ganhou muita experiência em julgar réus acusados de abuso sexual e fraude e que, por isso, conhece o tipo de Donald Trump. Mas também disse que a campanha não é apenas uma briga entre ela e Trump:
“Somos uma campanha movida pelo povo. Por isso, você sabe que nós faremos uma presidência com o povo em primeiro lugar”.
Kamala Harris durante discurso de campanha em Wisconsin, estado-chave na eleição americana
Kevin Mohatt/Reuters
Kamala listou o que pretende fazer se for eleita presidente:
priorizar moradia e saúde para todos;
lutar pela restauração do direito ao aborto, derrubado pela Suprema Corte em 2022;
banir a comercialização de armas semiautomáticas, uma briga de décadas no Congresso.
O comício foi em Milwaukee, onde os republicanos fizeram a convenção na semana passada e oficializaram a candidatura de Donald Trump. A cidade fica em Wisconsin, um dos estados que podem definir a disputa pela Casa Branca.
Kamala Harris conquista apoio entre líderes democratas e realiza primeiro ato na condição de pré-candidata à Presidência dos EUA
Kamala tem o apoio de quase todos os deputados e senadores democratas. Faltava dos líderes do partido na Câmara e no Senado. Chegou nesta terça (23). O senador Chuck Schumer e o deputado Hakeem Jeffries endossaram a candidata do presidente. Schumer disse:
“Quando falei com ela no domingo, ela disse que queria ganhar a candidatura com apoio de baixo para cima, não de cima para baixo”.
Um dos grandes doadores do Partido Democrata, o ator George Clooney, disse que está animado para fazer o que puder por Kamala Harris. Ele tinha pedido que Joe Biden abandonasse a disputa.
Desde domingo (21), quando Biden anunciou que não iria tentar a reeleição e apoiou Kamala como candidata democrata, a campanha arrecadou mais de US$ 100 milhões – 60% dos doadores nunca tinham contribuído antes.
Segundo o professor de História Americana da Universidade Northwestern, Kevin Boyle, há vantagens e desvantagens nessa aposta tão rápida do partido em Kamala. A vantagem mais clara é financeira, já que Kamala herdou de Biden os cofres da campanha. Ela também é conhecida nacionalmente, o que a coloca na frente de outros democratas que precisariam se apresentar ao país. Mas essa pode ser uma desvantagem, já que Kamala vem de um governo de baixa aprovação.
“Como vice de Biden, ela acaba associada a alguns dos principais problemas, particularmente o da imigração. Esse será um desafio para ela”, diz Kevin Boyle.
Logo depois do comício de Kamala Harris, o adversário republicano na disputa à Casa Branca, Donald Trump, telefonou para repórteres. Ele acusou a vice-presidente de destruir as fronteiras americanas e disse que está disposto a participar de debates com Kamala. O ex-presidente também atacou a pré-candidata democrata na internet. Em uma rede social, postou:
“A mentirosa da Kamala Harris destrói tudo o que toca”.
Eleição americana: pesquisa de intenção de voto
Jornal Nacional/ Reprodução
Nesta terça-feira (23), uma pesquisa nacional feita depois da desistência de Joe Biden mostrou Kamala Harris com 44% das intenções de voto e Donald Trump com 42%. Pela margem de erro, eles estão tecnicamente empatados.
Mesmo que um candidato tenha o maior número de votos, isso não garante a vitória, porque a eleição americana é diferente da do Brasil. Ela é decidida pelo voto indireto. Cada estado tem um peso diferente na contagem. Por isso, os candidatos focam as campanhas em estados onde a disputa está acirrada, como Wisconsin, onde Kamala esteve nesta terça-feira (23).
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