‘Deadpool & Wolverine’ tem tudo o que os fãs querem, menos consequências; g1 já viu


Autorreferências tomam lugar de narrativa relevante para 1º filme de mutantes no Universo Cinematográfico da Marvel. Hugh Jackman brilha como sempre em retorno ao herói. ‘Deadpool & Wolverine’ quase entra no top 10 dos filmes da Marvel: confira ranking
“Deadpool & Wolverine” é uma sequência desavergonhada e muito divertida de referências ao gênero de super-herois, participações especiais surpresa, piadinhas e vísceras – suficiente para o delírio dos milhões de fãs dos personagens e da Marvel ao redor do mundo.
No processo, no entanto, a grande estreia desta quinta-feira (25) nos cinemas brasileiros abre mão de uma história minimamente complexa e de qualquer relevância no quadro geral. Algo que envolve expectativas, é claro, mas justificável para o primeiro filme estrelado pelos mutantes dos quadrinhos produzido pelo seu próprio estúdio.
É possível atrelar a falta de consequências ao espírito autorreferente e irreverente do anti-herói interpretado por Ryan Reynolds – mas é impossível anunciar o retorno de Hugh Jackman, brilhante como sempre no grande papel de sua carreira, sem que o público espere algo mais.
O reencontro da dupla depois do horroroso “X-Men Origens: Wolverine” (2009) não deixa de ser excelente. Só lhe falta o charme quase inocente (se é que dá para chamar assim qualquer coisa que envolva o Deadpool) do primeiro filme estrelado pelo personagem, que lhe garantiu o título de sucesso surpresa de 2016.
Mesmo assim, “Deadpool & Wolverine” tem referências (ou easter eggs, se preferir) o bastante para obrigar os mais obcecados a retornarem aos cinemas diversas vezes, e, com isso, garantir o sucesso nas bilheterias. Quem sabe até o provável recorde para uma produção indicada para maiores.
Em resumo, é o filme que os fãs merecem – não aquele que eles precisam.
Ryan Reynolds e Hugh Jackman em cena de ‘Deadpool & Wolverine’
Jay Maidment/20th Century Studios
Rindo da Marvel
O roteiro escrito por Reynolds com o diretor Shawn Levy (com quem trabalhou em “Free Guy”) e outras três pessoas conta uma história simples, mas ainda confusa por envolver universos paralelos e linhas temporais – o creme do que tem colocado o Universo Cinematográfico da Marvel em maus lençóis em seus últimos filmes e séries.
Até por isso, o time toma a decisão correta de não se levar a sério em momento algum e abraçar autoconsciência do personagem, sempre atento ao ridículo da situação.
Na trama, Deadpool (Reynolds) busca a ajuda de um dos mutantes mais famosos dos quadrinhos (e do cinema, para ser justo) para salvar sua realidade – e todos aqueles que ama – da destruição iminente.
Apesar do nome, e de um desejo sincero que nunca se concretiza, “Deadpool & Wolverine” está mais para um “Deadpool 3” do que para um filme da dupla de verdade, no qual Jackman nunca passa de um coadjuvante de luxo.
O que não significa que o ator australiano não esteja excelente como sempre no papel que nasceu para fazer – sete anos depois de “Logan”, ainda é impossível de pensar em outra pessoa com as garras de adamantium.
Por sua vez, Reynolds sustenta o humor, mas acerta mesmo ao dar ao companheiro espaço para fazer o que faz de melhor. O que impede um equilíbrio total entre a dupla, ou até que a balança tombe para o outro lado, é o ritmo e a metalinguagem característico do “Mercenário Tagarela”.
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