Menina que lutra contra doença genética rara é extubada após conseguir remédio: ‘milagre’


Roselene Simone Ferreira, que mora em Cubatão (SP), contou ao g1 que ouviu dos médicos que a filha poderia não acordar mais. Menina conseguiu o tratamento adequado no dia que foi entubada. Moradora de Cubatão (SP), de 11 anos, com fibrose cística é extubada após conseguir remédio
Arquivo pessoal
Milena Ferreira de Oliveira, de 11 anos, diagnosticada com fibrose cística, uma doença genética rara que pode afetar os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo, foi extubada. A melhora do quadro clínico aconteceu após a família mobilizar as redes sociais e conseguir um remédio que pode salvar a vida da menina, o Trikafta, incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023.
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Roselene Simone Ferreira, de 47, que mora em Cubatão (SP) com a filha Milena, explicou ao g1 que a menina foi diagnosticada assim que nasceu. A fibrose cística foi constatada no teste do pezinho e comprovada no teste genético e de suor.
De acordo com o relatório médico de Milena, obtido pelo g1, a doença tem períodos em que os sintomas pioram. Por este motivo, a menina está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em estado grave, desde o início do mês de julho.
A mãe contou que os médicos disseram que a menina morreria se não fosse entubada, mas não tinham certeza de que o procedimento daria certo. Lutando contra doença, Milena só conseguiu o remédio para impedir a progressão da fibrose cística no último dia 8, após a entubação.
“A expectativa é muito grande de ela continuar a vida e ter uma chance novamente. Eu fiquei muito triste, mas hoje eu contemplo um milagre com essa medicação”, afirmou Roselene.
Menina conseguiu o remédio Trikafta após mobilizar web
Arquivo pessoal
De acordo com a mãe, o Trikafta trouxe uma melhora significativa no estado de saúde da filha. A menina começou o processo para ser extubada na noite de domingo (14), quando fez um teste de respiração espontânea e exercícios de fisioterapia.
Roselene explicou que Milena continua na UTI com auxílio de oxigênio e sonda de alimentação. Segundo ela, a menina está nervosa, agitada, confusa e ainda não consegue falar por conta da extubação recente. Os médicos explicaram à mãe que são três dias para a voz normalizar.
Em nota, a Santa Casa da Misericórdia de São Paulo informou que a paciente está recebendo a medicação e teve melhora clínica. Ela continua aos cuidados intensivos e suporte de uma equipe multidisciplinar.
Luta pelo Trikafta
Mãe luta para salvar a vida da filha, de 11 anos, diagnosticada com fibrose cística
Arquivo pessoal
Desde que nasceu, a menina controlava a doença com medicamentos, suplementos e fisioterapias, fornecidos pelo SUS. Mas, o tratamento mais adequado seria com o Trikafta, que está no protocolo clínico da fibrose cística.
Apesar de ter sido incorporado aos SUS em 2023, Roselene disse que outros pacientes conseguiam o medicamento através de ações judiciais. A família, no entanto, não tinha recursos para pagar um advogado e fazer um exame para descobrir se a Milena poderia receber o remédio.
Entre 2019 e 2023, Milena foi hospitalizada cinco vezes. De acordo com o relatório médico, a medida foi tomada “com o objetivo de retardar a progressão fatal da doença”. Mas, o estado de saúde da menina piorou em 2024. Ela foi internada cinco vezes entre os meses de maio e julho.
Como não estava conseguindo o remédio pelo SUS, Roselene foi até as redes sociais pedir ajuda. Em 8 de julho, a menina recebeu uma doação do medicamento de um homem, que não teve a identidade revelada à família, após ser entubada. No dia seguinte, a mãe conseguiu o tratamento pelo SUS.
O Ministério da Saúde informou que há o medicamento elexacaftor/tezacaftor/ivacaftor na Rede de Atenção à Saúde, distribuído conforme a demanda dos estados.
Em setembro de 2023, a Portaria nº 47 tornou pública a incorporação do medicamento ao SUS para o tratamento da fibrose cística em pacientes com seis anos ou mais, que tenham pelo menos uma mutação F508del no gene regulador de condução transmembrana de fibrose cística.
Fibrose cística é a doença rara mais comum no Brasil
Fibrose cística
O que é? A doença é genética crônica, rara, de tratamento difícil e que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo. Ela afeta as células que produzem muco, suor e sucos digestivos. Isso faz com que esses fluidos se tornem espessos e pegajosos, aderindo a tubos, dutos e passagens.
Como é diagnosticada? A fibrose cística é descoberta através do teste do pezinho, hoje realizado no bebê na primeira semana de vida, inclusive pelo SUS.
Quais são os sintomas? Os sintomas se confundem com asma e pneumonia, logo os médicos devem ter atenção redobrada no diagnóstico.
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