Conectando academia e mercado, ambientes de inovação estimulam o empreendedorismo


No Ágora Tech Park, em Joinville, programas de desenvolvimento atraem estudantes e pesquisadores para o dia a dia do ecossistema No Brasil, as universidades são o principal celeiro de projetos de inovação: de acordo com ranking do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), entre os 20 maiores solicitantes de patentes, 17 são instituições de ensino superior. Um potencial que poderia ser multiplicado caso as universidades brasileiras e os ecossistemas de tecnologia atuassem em conjunto, aproveitando o potencial da academia para desenvolver talentos, pesquisa e inovação para as demandas do mercado.
Em Joinville, essa conexão já é realidade, graças a programas de apoio e desenvolvimento envolvendo instituições de ensino superior, entidades associativas de tecnologia e grandes empresas no ambiente de um parque tecnológico que une todas essas pontas. Um destes programas é o Ágora.Cases, idealizado pelo Ágora Tech Park e no qual grupos de estudantes e professores das principais universidades locais apresentam pitches de projetos da academia (em diversas áreas, de Engenharias a Biomedicina, Gestão Ambiental e Turismo) a representantes de grandes empresas da região.
“Nosso propósito é criar uma oportunidade para estes jovens que estão enxergando o mundo de uma forma diferente, de um mundo em transformação. Percebemos que existe um potencial que pode ser explorado e a proposta do Ágora é estar próximo das instituições de ensino, aproximando a academia ao mercado”, destaca Modesto H. Ferrer, diretor técnico do Ágora Tech Park e professor no campus da UFSC de Joinville. Segundo ele, esta foi uma maneira que o ecossistema de inovação local encontrou para conectar as pesquisas realizadas por estudantes e professores a empresas que já estão com equipes e níveis de maturidade para investimento e apoio à inovação aberta.
As empresas também sobem ao palco para apresentar que demandas de mercado poderiam ser estudadas e testadas com os grupos de estudantes e professores. Ao final, um giro de negócios entre as partes interessadas motivou as primeiras conexões entre empresas e equipes acadêmicas.
“Em uma tarde pudemos nos conectar com 10 instituições relevantes da região, e por meio das reuniões individuais pudemos compartilhar desafios atuais e assim começar a pensar em co-desenvolver soluções, isto sim é acelerar o processo de inovação aberta”, ressalta Alexandre Barros, head de Inovação da WEG Tintas.
Representantes de empresas e grupos de acadêmicos compartilham demandas do mercado e projetos universitários no programa Ágora.Cases
Divulgação
Outro programa que conecta o ambiente de ensino ao mercado é o Ágora.Experts, voltado ao desenvolvimento empreendedor de professores, e que fornece ferramentas para ajudar a explorar desafios e oportunidades de negócio – mais de 70 docentes de cinco universidades participaram das primeiras edições do programa, que deu origem a duas startups.
“As empresas estão ansiosas por projetos. Há muito a ser desenvolvido no mercado e essa conexão entre o mercado e a academia tende a ser um catalisador da inovação e de novas linhas de pesquisa”, argumenta Milena Moser, da equipe da incubadora Softville, que executou a iniciativa desenvolvida pelo Ágora Tech Park.
Talentos não faltam para fortalecer a demanda do ecossistema de inovação: o campus Joinville da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entidade fundadora e integrante do Ágora Tech Park, conta com cerca de 1,8 mil alunos de cursos de graduação e pós-graduação em Engenharias e Tecnologia, além de 38 laboratórios de ensino, pesquisa e extensão.
A UDESC, por sua vez, conta com mais de 50 grupos de pesquisa certificados e mais de 150 projetos de pesquisa em andamento – de nanotecnologia e biomedicina a processos industriais (robótica, automação, materiais e metalurgia) e sustentabilidade. A instituição, parceira em vários programas de desenvolvimento de estudantes e conexão com o mercado, é a âncora do novo ambiente do Ágora, o UNI, inaugurado em agosto de 2024 e tem como primeiro grande projeto estruturante o Ágora.Connect, um laboratório aberto de inovação (living lab) que deve inserir pelo menos outras cinco universidades da região em projetos de conexão entre pesquisadores, professores e alunos às demandas de grandes empresas e indústrias da região, algumas delas multinacionais.
Programa que insere estudantes ao ecossistema emprega mais de 50% dos participantes
Ágora
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Em outra linha de ação, o Ágora criou em 2022 um programa para conectar universitários a projetos de inovação que podem ser desenvolvidos no ambiente de um parque tecnológico. O Liga Ágora, concebido e executado pelo Ágora Tech Park, está na terceira turma e envolveu 50 estudantes, dos quais 24 já estão no mercado de trabalho.
Os alunos têm como desafio compreender as demandas de mercado e oportunidades de negócio em um ecossistema de quase 125 empresas que operam no Ágora. Eles são chamados de “guardiões”, e levam aprendizados da universidade para apoiar projetos em cinco frentes: organização e condução de visitas guiadas no parque, apoio e organização de eventos estratégicos, produção de comunicações oficiais, realização de ações culturais (exposições, mostras de cinema e feiras literárias), além da integração de projetos universitários no ecossistema.
Desde o ano passado, a Liga conta com a participação de estudantes do 2o. e 3o. anos do ensino médio, por meio de uma parceria com o colégio Bonja, primeiro do país conectado a um parque tecnológico. “No Ágora, muitos de nossos alunos estão convivendo, participando e experimentando o que acontece no universo da inovação em Joinville, cidade que está conectada às diversas iniciativas transformadoras do país”, afirmou o diretor-geral do Bonja Silvio Iung.
Estudante de Engenharia de Produção da UDESC de Joinville, Louise Mordhorst participou da primeira turma e avalia que a Liga Ágora “foi fundamental para meu desenvolvimento, aprendendo novas habilidades como comunicação, estratégia e visão sistêmica. Quando entrei foi possível gerar diversas oportunidades de desenvolvimento para o Movimento Empresa Júnior, impactando outros alunos também”.
“Os guardiões passam por uma capacitação desenhada em acordo com as demandas das habilidades que são mais necessárias para o desenvolvimento das suas soft skills mais deficientes, com o objetivo final de direcioná-los para o mercado. É muito recompensador poder acompanhar o desenvolvimento desses talentos por aqui”, destaca Vinicius Takeo, Gestor de Comunidade do Ágora Tech Park e coordenador da Liga Ágora.
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