Quantidade de peixes mortos retirados do Rio Piracicaba chega a 63 toneladas; trabalho segue nesta semana


Entenda como funciona a operação que usa, além dos hidrotratores, outros maquinários. Hidrotratar durante trabalho de retirada de peixes mortos na APA do Tanquã
Helen Sacconi/ EPTV
Cerca de 63 toneladas de resíduos foram retiradas da lagoas do Tanquã, área de proteção ambiental atingida por um lançamento irregular de poluentes do Rio Piracicaba. A operação, chamada Pindi-Pirá, trabalha na coleta dos peixes mortos.
As ações continuam nesta semana, com uso de hidrotratores, mais de 10 embarcações menores e cerca de 30 pessoas no apoio.
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A usina São José S/A de Açúcar e Álcool, apontada como responsável pelo despejo dos resíduos agroindustriais diretamente no Rio Piracicaba, foi multada em R$ 18 milhões. A empresa nega que essa tenha sido a causa da mortandade, mas admite um extravasamento de resíduo (leia a nota completa no fim da reportagem).
Como é feita a limpeza? Dois hidrotratores, equipamento capaz de fazer a remoção de detritos em ambientes aquáticos, são usados nos trabalhos executados pela mesma empresa responsável pela coleta de lixo na cidade.
No primeiro dia de retirada de peixes do Tanquã, na sexta-feira (19), foram recolhidas 12,1 toneladas. No sábado (20), foram retiradas mais 12 e na tarde de domingo (21), a prefeitura informou que o total chegou a 36 toneladas.
Na manhã desta segunda (22), a administração informou que o balanço dos três primeiros dias chegou a 63 toneladas de materiais retirados do Tanquã.
Entre as toneladas de peixes retirados estão espécies de dourados, mandis, curimbatás. Os peixes mortos formara bolsões ao longo das lagoas e o maquinário é usado para recolher os animais. Entenda 👇
Alguns pontos do Tanquã contam com recolha manual dos peixes mortos no desastre ecológico em Piracicaba
Prefeitura de Piracicaba/CCS
Passo a passo do trabalho
As ações de retirada são executadas com dois tratores aquáticos, além de embarcação de areia, escavadeira e retroescavadeira e barcos menores. Alguns pontos do Tanquã contam com recolha manual dos peixes mortos.
Entenda como funciona o passo a passo do trabalho:
Os tratores aquáticos retiram o material – peixes mortos – do rio e transferem esse material para uma embarcação de areia, cedida pelo Porto de Areia Graminha.
Depois de cheia, a embarcação segue para rampa montada na Chácara Estrela, do pescador José Benedito Veronez, o Paraná, que auxilia na operação desde o início.
Na sequência, os peixes são retirados da embarcação com uma escavadeira e uma retroescavadeira os coloca em caminhões da Ambiental, empresa terceirizada da Prefeitura de Piracicaba, que leva o material até o aterro sanitário, em Piracicaba, para descarte correto.
Colocação do hidrotratar na água para início da limpeza no Tanquã
Edijan Del Santo/ EPTV
A operação tem colaboração da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e coordenação da Polícia Militar Ambiental e Defesa Civil do Estado de São Paulo, com participação das equipes de Piracicaba e Campinas (SP).
“Desde a manhã do domingo, as equipes lideradas pela Polícia Militar Ambiental e a Defesa Civil do Estado estão com 10 embarcações de pequeno porte e mais dois hidrotratores para fazerem a limpeza no rio, mais de 30 homens atuam no apoio. Os hidrotratores retiram os cardumes maiores, enquanto as embarcações menores fazem a retirada manual”, comunicou em nota a Defesa Civil.
Serviços de retirada dos peixes mortos no Tanquã, na região de São Pedro (SP), segue neste domingo.
Prefeitura de Piracicaba/CCS
Investigação
Segundo a investigação da Cetesb, a Usina São José S/A Açúcar e Álcool foi a única responsável pela mortandade, após o extravasamento de mel de cana. A empresa foi autuada em R$ 18 milhões e pode recorrer.
O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público (MP-SP) também investiga o caso. O inquérito civil, instaurado no dia 18 de julho e assinado pelos promotores Ivan Carneiro e Alexandra Facciolli Martins, pretende dimensionar os danos ambientais que causaram a morte de toneladas de peixes no Rio Piracicaba e na Área de Proteção Ambiental (APA) do Tanquã.
Milhares de peixes mortos no Rio Piracicaba
g1
O que diz a usina
A Usina São José S/A Açúcar e Álcool foi apontada pela Companhia como a única responsável por essa mortandade, que é considerada a maior que se tem registro em Piracicaba causada por um agente poluidor.
A EPTV e o g1 tentaram contato com a Usina São José S/A Açúcar e Álcool por vários dias desde a primeira mortandade. Em nota, mais atualizada, enviada na noite desta sexta-feira (19), a empresa afirma que segue à disposição das autoridades e “não poupa esforços para colaborar plenamente”.
Também diz que, até o momento, não recebeu evidências que demonstrem relação entre suas operações e a mortandade de peixes.
A empresa cita que um termo de vistoria ambiental da Polícia Militar Ambiental de 8 de julho conclui não ter havido “apontamento de danos ambientais no ato da vistoria”.
Também diz que o mesmo documento aponta a existência de uma galeria pluvial sob a Ponte do Funil, a 12 quilômetros da usina, que estaria “despejando um líquido perene com volume alto, amarelado e odor forte, através de uma manilha de plástico de 10 polegadas”. Segundo a Cetesb, esse despejo não tem relação com a usina e não é a causa da mortandade de peixes.
A empresa acrescenta que não tem produção de etanol e, portanto, não gera a vinhaça, subproduto presente em vários dos casos registrados anteriormente. E que o relatório não menciona inspeção e monitoramento em empresas que tenham sido autuados anteriormente, nem em outros trechos do rio onde possa ter havido eventuais despejos irregulares.
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