Após desistência de Biden, democratas têm maior dia de doações em quatro anos: mais de R$ 250 milhões


Valor recebido pela campanha democrata, antes encabeçada por Biden e que agora tem Kamala Harris como favorita, foi mais de 17 vezes maior que o arrecadado no dia anterior. Segundo a mídia americana, a expectativa de Harris encabeçar a chapa gerou entusiasmo entre importantes doadores democratas e perspectiva de aumento de doações à campanha. Eleições americanas: Doações pro Democratas dispararam após anúncio de desistência de Biden
Após a desistência do presidente Joe Biden da corrida eleitoral, os democratas tiveram o maior dia de doações em quatro anos. As doações dispararam e a campanha, antes encabeçada por Biden, arrecadou US$ 46,7 milhões (cerca de R$ 259 milhões) apenas neste domingo (21).
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Segundo a ActBlue, plataforma de arrecadação de fundos dos democratas, o montante foi arrecadado até as 20h no horário de Brasília em doações de pequeno valor para a campanha, que tem a vice-presidente Harris como favorita para assumir.
Até então, a campanha de Biden e os grupos afiliados tinham cerca de US$ 96 milhões (R$ 532,2 milhões) em caixa. Outro número que ajuda a ter a dimensão do volume de doações deste domingo é o valor recebido pelos democratas no dia anterior: cerca de US$ 2,7 milhões (cerca de R$ 15 milhões) –mais de 17 vezes menor.
Em contraste, a Convenção Nacional Republicana, que aconteceu na semana passada entre 15 e 18 de junho, relatou um fundo de campanha de US$ 102 milhões (cerca de R$ 565,5 milhões) em junho.
Segundo o jornal americano “The New York Times”, grandes e importantes doadores da campanha democrata demonstraram entusiasmo e planos para mais doações diante da perspectiva de que Harris possa assumir o comando da chapa do partido.
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Qual foi o caminho da campanha de Biden até o fim?
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (21) que desistiu de concorrer à reeleição e disse apoiar a vice-presidente Kamala Harris para liderar chapa democrata. Em um comunicado no X, Biden disse que cumprirá o seu mandato até janeiro de 2025 (leia a íntegra mais abaixo).
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu Biden.
Logo após saber da desistência, Donald Trump, candidato republicano, disse em sua conta no Truth Social que Biden “não estava apto para concorrer à presidência”.
O ex-presidente Barack Obama também se manifestou sobre o caso. Em um comunicado publicado na plataforma Medium, o democrata classificou Biden como “um patriota da mais alta ordem”. Biden foi vice-presidente na gestão Obama entre 2009 e 2017.
A desistência ocorre após pressões do partido e de parte do eleitorado democrata. A crise na campanha de Biden começou no fim de junho, quando ele teve um mau desempenho em um debate contra Donald Trump. À época, a capacidade cognitiva do presidente foi colocada em dúvida.
Até o momento, o presidente resistia à pressão de diversas maneiras. Ele deu entrevistas, fez uma reunião com governadores democratas e negou alegações de que sofria um declínio cognitivo e físico. Biden afirmou várias vezes que não iria desistir e que venceria a eleição.
No entanto, nos últimos dias, os rumores de desistência aumentaram. O ex-presidente Barack Obama e a ex-líder da Câmara Nancy Pelosi, duas fortes vozes no Partido Democrata, demonstraram insegurança com o atual presidente.
Segundo a “CNN”, Pelosi disse a Biden que ele não venceria. Já Obama demonstrou a pessoas próximas receio sobre as chances do atual presidente na eleição.
Biden foi diagnosticado Covid-19 na quarta-feira (17) e teve de suspender eventos de campanha. Desde então, ele está em isolamento em sua casa em Delaware. Segundo a imprensa norte-americana, diante da pressão, ele começou a ficar mais reflexivo sobre a candidatura.
Uma fonte disse à Reuters que a decisão ocorreu neste domingo. “Na noite passada, a mensagem foi para seguir em frente com tudo, a todo vapor. Por volta das 13h45 de hoje, o presidente disse à sua equipe sênior que havia mudado de ideia”. A decisão pegou muitos funcionários da Casa Branca de surpresa.
O Partido Democrata ainda não anunciou quem vai ser o novo candidato para disputar a eleição contra Trump.
Entenda caminho para escolha de novo candidato democrata após desistência de Joe Biden em 21 de julho de 2024.
Kayan Albertin/Equipe de arte g1
Debate
Durante a disputa televisionada no final de junho, Biden apresentou voz rouca — atribuída a um resfriado —, pouco entusiasmo e hesitou em diversos momentos. Trump, por outro lado, despejou uma série de mentiras com calma e de forma assertiva, sem ser corrigido por Biden.
O debate foi o “início do fim” para Biden, de 81 anos. Dúvidas relacionadas à idade e aptidão do presidente para um mandato de mais quatro anos desencadearam uma crise no partido democrata. Dentro do partido, começou a surgir a ideia de substituição.
As eleições dos EUA acontecem em 5 de novembro. A Convenção Nacional Democrata, que vai oficializar o candidato do partido que vai disputar a Casa Branca, será entre 19 de agosto e 22 de agosto.
Qual foi o caminho da campanha de Biden até o fim?
O ‘início do fim’
Após a má performance de Biden no debate, a imprensa norte-americana citou o estado de pânico de entre os democratas. Colegas de partido se preocuparam com a capacidade do presidente para mais um mandato.
Em evento de campanha no dia seguinte ao encontro com Trump, Biden reconheceu a questão da idade e disse que não debate como antes, mas afirmou que sabe “dizer a verdade” e que pretendia vencer a eleição.
Ainda no dia seguinte, diversos veículos americanos como os jornais “The New York Times”, “The Wall Street Journal” e a revista “The Economist” — que apoiavam o presidente — publicaram editoriais pedindo para que Biden desistisse da candidatura à presidência.
Mesmo com relatos da mídia americana e de agências de notícias de que os democratas consideravam sua substituição no pleito, o apoio de políticos e figuras democratas a Biden permaneceu unânime durante alguns dias.
A pressão, no entanto, cresceu com declarações de políticos democratas em exercício e figuras importantes do partido, como Nancy Pelosi.
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