Descoberta sugere que outro desastre natural pode ter tornado erupção do Vesúvio mais mortal


Cientistas acreditam que esqueletos de dois homens encontrados nas ruínas de Pompeia podem revelar uma história mais completa da antiga cidade romana destruída por uma erupção do vulcão Vesúvio há quase 2 mil anos. No ano passado, dois esqueletos foram encontrados nas ruínas de Pompeia, a antiga cidade romana destruída por uma erupção do vulcão Vesúvio há quase 2 mil anos. Os esqueletos foram recuperados de um prédio conhecido como “Casa dos Pintores no Trabalho” e eram de dois homens na faixa dos 50
Na época, o Ministério da Cultura da Itália informou que as vítimas provavelmente morreram em um terremoto que acompanhou a erupção do vulcão.
Agora, um novo estudo publicado nesta semana pelo Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia do país (INGV) não apenas confirmou que isso aconteceu, como apontou que a distribuição dos terremotos durante a erupção desempenhou um papel significativo na destruição da cidade e, possivelmente, influenciou as escolhas dos pompeianos que enfrentaram uma morte inevitável.
A pesquisa, que também teve a colaboração do Parque Arqueológico de Pompeia, é a primeira a abordar a difícil tarefa de relatar os efeitos desses terremotos que ocorrem simultaneamente à erupções.
Isso é algo complicado por um motivo: os efeitos vulcânicos e sísmicos podem acontecer ao mesmo tempo ou em rápida sucessão, fazendo com que os impactos de um ofusquem os do outro.
“Essas complexidades são como um quebra-cabeça em que todas as peças devem se encaixar para desvendar o quadro completo”, disse em um comunicado Domenico Sparice, vulcanologista do INGV e primeiro autor do estudo.
Infográfico mostra local da erupção do Monte Vesúvio, em Pompeia, no século I
Arte g1
Pompeia, uma cidade 23km a sudeste de Nápoles, abrigava cerca de 13 mil pessoas quando foi enterrada sob cinzas, pedras-pomes e poeira, enquanto suportou a força de uma erupção no ano 79 dC equivalente a muitas bombas atômicas.
A erupção pegou os pompeianos no meio da vida cotidiana. Durante cerca de 18 horas, essas pequenas partículas de rocha e cinzas caíram sobre a cidade, fazendo com que as pessoas procurassem abrigo.
Quando a erupção parou, porém, os habitantes que sobreviveram podem ter pensado que estavam seguros – até que fortes terremotos começaram.
“As pessoas que não fugiram dos seus abrigos foram possivelmente esmagadas pelos colapsos de edifícios já sobrecarregados, induzidos pelo terramoto. Este foi o destino dos dois indivíduos que recuperamos”, disse a coautora do estudo Valeria Amoretti, antropóloga que dirige o Laboratório de Pesquisa Aplicada do Parque Arqueológico de Pompeia.
Cidade de Pompeia é vista em primeiro plano com o Monte Vesúvio atrás.
Gregorio Borgia/AP
Nos últimos dois séculos e meio, os arqueólogos recuperaram os restos mortais de mais de 1.300 vítimas em Pompeia.
Mas esses dois esqueletos foram encontrados de uma forma diferente e que chamou bastante atenção.
A posição dos corpos sugeria que um dos homens foi esmagado de repente pela queda de um grande pedaço de parede, sofrendo traumas graves que causaram sua morte imediata. Já a outra vítima, no entanto, pode ter percebido o perigo e tentado se proteger com um objeto redondo de madeira, cujos vestígios foram encontrados pelos pesquisadores nos depósitos vulcânicos, mas também morreu esmagada.
No estudo, os pesquisadores citam que observaram várias pistas de que esses homens não morreram devido à inalação de cinzas ou ao calor extremo. A posição dos corpos sobre as gotículas de pedra-pomes, em vez de debaixo delas, por exemplo, sugere que ambos sobreviveram à fase inicial da erupção.
Apesar disso, eles ressaltam que ainda não é possível fazer estimativas confiáveis ​​sobre quantas pessoas morreram por causas relacionadas ao vulcão ou devido a danos causados ​​por terremotos.
“Novas descobertas sobre a destruição de Pompeia nos aproximam muito da experiência das pessoas que viveram aqui há 2 mil anos. As escolhas que fizeram, assim como a dinâmica dos eventos, que ainda são foco de nossa pesquisa, influenciaram vida e morte nas últimas horas da existência da cidade”, concluiu o co-autor do estudo, Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia.
VÍDEO: Paleontólogos encontram novas vítimas da erupção do Monte Vesúvio
Paleontólogos encontram novas vítimas da erupção do Monte Vesúvio
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