Um ano depois do lançamento, sistema de bilhetagem Jaé é usado por menos de 1% das passagens pagas

O dia 19 de julho seria o prazo, adiado duas vezes, em que o cartão Riocard deveria parar de operar em todo o transporte municipal. Um ano depois do lançamento, sistema de bilhetagem Jaé é usado por menos de 1% dos passageiros cariocas
Completou nesta sexta-feira (19) um ano desde que a Prefeitura do Rio lançou o cartão Jaé, um novo sistema de bilhetagem que substituiria o cartão Riocard nos transportes municipais. Entretanto, sucessivos problemas fizeram o município adiar etapas na implantação do sistema e hoje o percentual de passagens pagas usando o cartão não chega a 1%.
O dia 19 de julho seria o prazo, adiado duas vezes, em que o cartão Riocard deveria parar de operar em todo o transporte municipal – ônibus, BRT, VLT, vans. Mas atualmente menos de 0,2 % das passagens registradas em junho utilizaram o novo cartão. A baixa adesão foi em todos os transportes municipais.
O RJ2 tentou encontrar nas ruas pessoas usando o novo sistema, mas encontrou dificuldades.
Lançado há um ano, a promessa do sistema era acabar com o monopólio da Riocard. “O que nós estamos fazendo com a introdução desse novo sistema é acabar com a famosa caixa preta do sistema de transportes da cidade do Rio de Janeiro”, disse o prefeito Eduardo Paes, na época.
A substituição seria feita em etapas: primeiro, no BRT. Em novembro de 2023, em todos os transportes. Nesse primeiro planejamento, o Riocard já não seria mais aceito desde fevereiro desse ano.
Só que nada desse cronograma se cumpriu: o sistema apresentou problemas já no primeiro dia. Quem tem sistema operacional Ios ainda não conseguia usar o aplicativo.
Os validadores demoraram a ser instalados e, quando entraram em operação, apresentaram fragilidades. Vídeos feitos por passageiros mostram que o sistema foi invadido e foram exibidos nos equipamentos jogos de futebol e clipes de rap.
Quem usa metrô, trem, barca ou ônibus intermunicipal não vê vantagem no Jaé, porque não há integração. “Eu uso o metrô e pra ir embora pego o intermunicipal. Moro em São João. Não uso o Jaé porque eu moro na Baixada, então não uso”, disse um passageiro.
O cartão Riocard, que não seria mais aceito hoje, continua valendo. “Nós vamos continuar operando até que se consolide isso. o que nós lamentamos é que nós vamos pro quarto movimento de planejamento da desmobilização. Nós já tivemos da prefeitura a primeira data de outubro do ano passado, depois de fevereiro, agora julho. e estamos ainda sem definição”, disse Armando Guerra Júnior, presidente da Riocard.
O copeiro João Carlos Batista diz que até tentou usar o cartão Jaé. Mas, até agora, nada. “Já fiz [o cartão], tô esperando até hoje. Não chegou, tem dois meses (o pedido). “A gente não tem o Jaé, a gente tem o já era”, brinca.—–
Apesar dos prazos todos já terem vencido, a Secretaria de Transportes disse que não houve atraso. Isso porque, segundo a secretaria, as datas estabelecidas em contrato estão sendo respeitados e os prazos anteriores eram uma antecipação do cronograma.
A prefeitura disse que decidiu liderar de forma mais ativa o processo de implantação do sistema, pela complexidade em instalar os equipamentos e que investiu até agora seis milhões e duzentos mil reais no sistema.
O RJ2 convidou a secretária de transportes Maína Celidonio para uma entrevista, mas a resposta veio por nota.
“A Secretaria Municipal de Transportes disse que os validadores estão sendo ativados gradativamente, com segurança, para que não haja qualquer tipo de prejuízo aos passageiros. A nova previsão é que o Jaé esteja funcionando em todos os modais municipais neste início de segundo semestre. Depois disso, a transição entre o sistema Riocard e o do cartão Jaé leva ainda três meses. A secretaria disse que os prazos podem ser estendidos caso se verifique necessidade de adaptação dos usuários.
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