Coqueluche: vacinação abaixo da meta de cobertura preocupa autoridades de saúde no Sul de MG


Morte de bebê de 1 ano e 23 dias, em Poços de Caldas, foi o primeiro óbito pela doença registrado em Minas Gerais desde 2019. Estado afirma que morte pode ser resultado da falta de prevenção. Vacina que protege contra a coqueluche está disponível de graça no SUS
A vacina contra a coqueluche está disponível para o público-alvo no Sul de Minas. No entanto, mesmo com doses à disposição, as cidades mais populosas da região estão com a cobertura vacinal abaixo da meta de 95% estabelecida pelo Ministério de Saúde.
📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp
O aumento de casos da doença, que é infecciosa e altamente transmissível, mas que pode ser controlada com vacinação, chama atenção no Brasil desde o primeiro semestre do ano.
Na última sexta-feira (30) a Secretaria de Saúde de Poços de Caldas confirmou que um bebê de menos de dois meses de vida morreu em decorrência da coqueluche no dia 19 de julho. Esse foi o primeiro óbito pela doença registrado em Minas Gerais desde 2019.
Bebês de até 6 meses de idade são os mais suscetíveis aos casos mais graves da coqueluche
PA via BBC
Neste ano Poços já teve três casos confirmados da doença. O número de casos disparou no estado. No ano passado foram 14 registros em Minas Gerais. Este ano já são 131 casos confirmados.
O estado descarta que haja surto e afirma que a morte em Poços de Caldas pode ser resultado da falta de prevenção.
“Não há surto de coqueluche no estado de Minas Gerais, infelizmente tivemos um óbito de uma criança de dois meses em Poços de Caldas. É uma situação que, segundo as investigações epidemiológicas, indica a falta de vacina que a mãe não fez quando estava grávida”, informou Eduardo Campos Prosdocimi, subsecretário de Vigilância em Saúde de Minas Gerais.
O que é a coqueluche?
A coqueluche é uma doença infecciosa que afeta as vias respiratórias, causa crises de tosse seca e falta de ar. A doença atinge principalmente bebês e crianças.
É altamente transmissível, já que o contaminado pode infectar outras pessoas através de gotículas da tosse, espirros ou mesmo ao falar. Segundo o Ministério da Saúde, em alguns casos, a transmissão pode ocorrer por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes, mas isso é pouco frequente.
Os sintomas podem se manifestar em três níveis. A maioria das pessoas consegue se recuperar da doença sem maiores complicações ou sequelas. Contudo, nas formas mais graves, podem ocorrer quadros mais severos.
Vacina para coqueluche
Reprodução/RPC
A melhor forma de prevenção é a vacinação, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças até 6 anos, gestantes e profissionais da saúde que atuam em maternidades e em unidades de internação neonatal, atendendo recém-nascidos e crianças menores de um ano de idade.
No ano passado, a cobertura da vacina ficou em 84,11%, abaixo dos 95% que é a meta anual para esse tipo de imunização.
Entenda a importância da vacinação
Pediatra fala sobre importância de vacinação contra coqueluche
O pediatra Flávio Zenun destaca que os bebês recebem a primeira dose da vacina contra a coqueluche com dois meses de vida e que a vacina das gestantes é fundamental. O profissional reforça também que em bebês a doença tem maior gravidade.
“A principal forma de proteção é a vacinação. Ela vai se iniciar com dois meses, quatro e seis meses. Lembrando que isso com seis meses é que vai haver uma proteção razoável de 80%, é muito boa. Quando tem uma cobertura boa, erradica praticamente os casos graves. Depois tem um reforço com 15 meses e outro reforço com quatro anos”, explicou.
Ainda conforme o pediatra, todos os reforços são importantes porque apesar de duradoura, a imunidade que ela confere não é permanente, por isso é importante manter a vacinação em dia.
Veja os dados sobre a imunização abaixo:
Cobertura vacinal contra coqueluche no Sul de Minas
O que diz a prefeitura
A Prefeitura Poços de Caldas, por meio da Secretaria de Saúde, informou que, embora existam diretrizes e recomendações para a vacinação, a adesão não é obrigatória por lei. Além disso, a decisão sobre tomar ou não a vacina é uma escolha pessoal e faz parte do sigilo médico, protegido por normas éticas e legais.
“Embora ressaltemos a importância da vacinação em toda e qualquer variedade ofertada pelo ministério da saúde, respeitamos a confidencialidade de todas as informações médicas, incluindo a decisão de vacinação, que é um direito assegurado a cada indivíduo”, afirmou em nota.
Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.