Sofrência: exposição de Art Naïf chega a Campo Grande com homenagem à figura feminina e à cultura sertaneja


A exposição, com curadoria de Ulisses Carrilho, faz parte do projeto “Arte nas Estações” e estará aberta de 05 de setembro a 20 de outubro no Centro Cultural José Octávio Guizzo Obra de Elza O. S.
Divulgação
A partir desta quinta-feira (05), Campo Grande recebe a exposição “Sofrência” de Art Naïf no Centro Cultural José Octávio Guizzo, como parte do projeto “Arte nas Estações”, que tem apoio da Copa Energia, empresa do grupo Zahran que atua no mercado de distribuição e comercialização de gás liquefeito de petróleo (GLP).
Idealizada pelo colecionador e gestor cultural carioca Fabio Szwarcwald, com curadoria de Ulisses Carrilho, a mostra reúne 72 obras que têm como foco a figura feminina, retratando cenas do cotidiano social, ambientes domésticos e ruas das cidades, onde se desenrolam flertes, festas e trocas de olhares.
A narrativa visual da exposição é complementada por versos de música sertaneja, um gênero que popularizou o termo “sofrência” em canções sobre amores mal resolvidos.
“Em Sofrência, a veia poética feminina tem como ponto de partida a canção ‘Troca de calçada’, na qual a cantora e compositora Marília Mendonça dá voz ao eu lírico de uma trabalhadora do sexo,” explica Carrilho.
As letras de outras músicas sertanejas de artistas como Maiara & Maraísa e Cristiano Araújo também foram impressas nas paredes da exposição, criando um diálogo entre a arte visual e a poesia popular. Para os visitantes, uma playlist das canções que inspiraram a mostra está disponível no Spotify.
“Sofrência” é a primeira de três mostras que ocuparão os 200 m² do espaço expositivo do Centro Cultural José Octávio Guizzo.
Ao todo, as três exposições trarão 262 obras de 25 artistas, exibindo parte do acervo do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil (Mian), sob curadoria de Carrilho. O Mian, que foi instalado no Rio de Janeiro entre 1995 e 2016, abrigava um acervo de 6 mil pinturas de 120 países, sendo considerado o maior do gênero no mundo.
“Quando idealizei o projeto, meu objetivo era dar visibilidade a essa rara coleção e propor um olhar contemporâneo para esses artistas e suas produções, em diálogo com o mundo em que vivemos hoje. O patrocínio master da Energisa foi determinante para a realização da etapa Mato Grosso do Sul,” destaca Szwarcwald, diretor executivo do Arte nas Estações.
Após o sucesso da primeira edição do projeto no interior de Minas Gerais, que atraiu quase 30 mil visitantes no ano passado, a nova itinerância começa em Campo Grande com a mostra “Sofrência”, que ficará em cartaz até 20 de outubro.
As próximas exposições, “A ferro e fogo” e “Entre o céu e a terra”, serão exibidas de 31 de outubro a 8 de dezembro e de 19 de dezembro a 20 de fevereiro de 2025, respectivamente.
O termo “naïf”, que em francês significa “ingênuo” ou “sem malícia”, é utilizado para descrever a arte produzida por autodidatas, sem formação acadêmica. Contudo, as obras dos artistas naïf, como as de Odoteres Ricardo de Ozias, revelam complexidade e profundidade, explorando temas do universo popular.
Carrilho ressalta que, embora o termo “naïf” possa ser questionável, ele é utilizado para sublinhar a importância e o engajamento político dessas obras:
“De naïf esses artistas nada tinham, eram politicamente engajados,” observa o curador. “Essas exposições tratam de saberes que precisam ser respeitados e que não fazem parte de uma norma.”
Além de democratizar a cultura e as artes visuais, o projeto “Arte nas Estações” destaca-se por suas iniciativas educativas. Em Campo Grande, o projeto busca engajar a comunidade local por meio de uma programação inclusiva, promovendo atividades que visam à construção de saberes em parceria com as comunidades.
O “Arte nas Estações” é uma realização do Ministério da Cultura, com patrocínio da Energisa, apoio da Copa Energia e de diversas instituições e empresas.

Serviço: A exposição “Sofrência”, com curadoria de Ulisses Carrilho, faz parte do projeto “Arte nas Estações” e estará aberta de 05 de setembro a 20 de outubro no Centro Cultural José Octávio Guizzo (Rua 26 de agosto, 453 – Centro, Campo Grande – MS, CEP: 79002-913). Visitação: terça a sábado, das 9h às 18h (quinta até 20h). Entrada gratuita e classificação livre. Informações: (67) 3317-1795 | [email protected]. A mostra permanece até 20 de fevereiro de 2025 com outras exposições.

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