Vereador abandona Ricardo Nunes e anuncia apoio a Pablo Marçal em SP; partido reage e ameaça expulsão


Nos últimos anos, Rubinho fez parte da base de apoio de Ricardo Nunes (MDB) na Câmara Municipal, indicando, inclusive, aliados seus para cargos na atual gestão. O União Brasil, que apoia a reeleição do prefeito, disse que vai cortar o fundo eleitoral do vereador e tirá-lo da propaganda na tv. O vereador Rubinho Nunes (União Brasil) ao lado do novo aliado Pablo Marçal (PRTB) e o presidente do União Brasil, Milton Leite, aliado de Ricardo Nunes (MDB).
Montagem/g1/Divulgação/Lucas Bassi/Rede Câmara SP
Ex-aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) abandonou a campanha do prefeito e anunciou neste sábado (31) apoio ao candidato Pablo Marçal (PRTB) na corrida à Prefeitura de São Paulo.
Nos últimos anos, Rubinho fez parte da base de apoio de Nunes na Câmara Municipal da cidade, indicando, inclusive, aliados seus para cargos dentro da Prefeitura de São Paulo.
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Porém, com avanço de Pablo Marçal nas pesquisas eleitorais, o ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) decidiu deixar a campanha de reeleição do atual prefeito do MDB e apoiar o adversário dele na disputa.
O partido de Rubinho Nunes, o União Brasil, que apoia Ricardo Nunes e é comandado pelo presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, reagiu à traição e disse em nota que vai cortar o fundo eleitoral do vereador e analisar uma “possível expulsão”.
“O União Brasil, diretório do município de São Paulo, está tomando providências imediatas em relação ao apoio que o vereador Rubinho Nunes declarou ao candidato Pablo Marçal. Nunes será retirado da propaganda eleitoral do partido no rádio e na televisão e não terá mais acesso aos recursos do fundo eleitoral”, disse Milton Leite em nota.
“Outras medidas serão analisadas ao longo da campanha, inclusive uma possível expulsão. O União Brasil tem o compromisso de apoiar o prefeito Ricardo Nunes e os candidatos que estiverem em discordância sofrerão as consequências”, afirmou o presidente da Câmara Municipal.
O prefeito também reagiu à traição de um dos seus principais aliados na Câmara Municipal: “Vai tarde. Um cara que queria proibir as pessoas de dar comida para os pobres agora está no lugar certo”, afirmou Ricardo Nunes em mensagem de texto.
Quem é Rubinho Nunes ?
O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL).
André Bueno/Rede Câmara
Vereador mais polêmico da atual legislatura na Câmara Municipal, Rubinho Nunes é autor de um projeto de lei que chegou a ser aprovado em 1ª votação neste ano na Câmara Municipal de SP e propunha a multa de R$ 17 mil para ONGs, entidades públicas ou projetos sociais que distribuissem marmitas para moradores em situação de rua na capital paulista.
A proposta recebeu inúmeras críticas de igrejas, entidades públicas e pessoas físicas que fazem esse tipo de caridade na cidade, obrigando o vereador a recuar da proposta e pedir desculpas às entidades do terceiro setor.
Na época da aprovação na Câmara, em junho, o prefeito Ricardo Nunes chegou a declarar publicamente que era contra o projeto, dizendo que vetaria o texto caso ele fosse aprovado em 2° turno.
“Se for aprovado com aquele texto, que prevê sanção e punição, com certeza vou vetar. Tenho um sentimento de gratidão às entidades [que doam alimentos]. Temos que apoiar as pessoas que fazem esse trabalho”, afirmou Nunes.
CPI contra o Padre Julio Lancellotti
O padre Julio Renato Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo.
Victor Angelo Caldini/Divulgação/Paroquia São Miguel Arcanjo
O vereador também foi autor de um pedido de CPI para investigar o padre Julio Lancellotti, conhecido por sua atuação voltada a moradores em situação de rua.
A proposta foi protocolada na Câmara com o apoio de 19 vereadores, sob argumento de que investigaria as ONGs que atuam na região da Cracolândia.
Mas depois de angariar apoio, Rubinho Nunes usou as redes sociais para dizer que a comissão focaria na atuação do Padre Julio Lancellotti, que seria levado para depor algemado (veja vídeo abaixo).
Por conta desse direcionamento, vários vereadores retiraram apoio à investigação, que acabou esvaziada na Câmara e não prosperou.
Alguns vereadores chegaram a declarar ao g1 que se sentiram enganados por Rubinho Nunes.
“Nós fomos enganados e apunhalados pelas costas. O documento de CPI nunca citou o padre Julio e usou de uma situação séria para angariar apoio. 90% dos vereadores que assinaram esse pedido não sabiam desse direcionamento político desse vereador [Rubinho]. Eu estou do mesmo lado do padre Julio, de cuidar das pessoas. Lamento essa politização que o vereador fez do assunto e já pedi para minha assessoria jurídica acionar a casa e retirar meu apoio desse projeto”, afirmou na época o vereador Thammy Miranda, um dos que retiraram apoio à proposta.
O vereador Rubinho Nunes (União) ao lado do ex-colega de MBL Arthur do Val, o ‘Mamãe Falei’, cassado na Alesp.
Reprodução/Youtube
Na ocasião, o vereador do União Brasil disse que não enganou nenhum colega e “respeitava a decisão de retirar apoio à CPI”.
“Respeito a posição dos colegas e a retirada das assinaturas. Entendo que a pressão política causada pela mídia e pela militância de esquerda cause certo tremor. Porém importa destacar que foi proposta uma CPI sobre as ONGs, cujo objetivo é justamente investigar as ONGs. Apesar do declínio de alguns parlamentares, temos número suficiente para prosseguir com a CPI”, declarou.
Rubinho Nunes foi eleito vereador pela 1ª vez em 2020 pelo Patriotas, com mais de 33 mil votos. Formado em Dirieto, ele é ex-advogado do Movimento Brasil Livre (MBL) e do ex-deputado estadual Arthur do Val, o ‘Mamãe Falei’ – cassado na Alesp por declarações machistas contra mulheres ucraniadas.
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