Emerson Luis. Esporte: Incertezas

No último sábado a tarde (25) estava com a família em uma festinha de aniversário da filha de 9 anos de um amigo.

Deixei o celular de lado.

De noite, em casa, após registrar aquele momento bacana, havia uma mensagem de um professor de karatê.

Maria Rita foi campeã sul-americana na Bolívia. Foto: Internet

Pelo texto, Charles Gaulke estava “desesperado” atrás de ajuda para vender a rifa de uma aluna de 16 anos, que imagino, aflita da mesma forma, precisava de dinheiro para viajar até São Bernardo do Campo SP.

Para participar do Campeonato Pan-Americano de Base.

No fim, deram um jeito.

Não só ele e Maria Rita, campeã sul-americana na Bolívia, como também outros dois caratecas da Associação Itoupava Centra foram para São Paulo.

Maria Rita no lugar mais alto do pódio na Bolívia. Foto: Internet

Gabrielly Araújo, medalha de bronze em Santa Cruz de La Sierra.

E Kauan Ribeiro, ouro na mesma competição.

Kauan, Gabrielly, Maria e Charles. Foto: Associação Itoupava Central de Karatê

O carateca confirmou nesta sexta-feira (30), o bicampeonato pan-americano (o primeiro título foi no Chile).

Após derrotar um peruano, um equatoriano e dois norte-americanos.

De quebra garantiu vaga no Campeonato Mundial, de 9 a 13 de outubro, em Veneza, na Itália.

Kauan comemora o bicampeonato. Foto: Arquivo pessoal

Outro blumenauense que nos representou foi Diego Pereira, 21 anos, da Associação Blumenau de Karatê.

A prata na Bolívia (perdeu a final justamente para Kauan Ribeiro) lhe assegurou a vaga.

Infelizmente nas quartas de final, quando vencia seu combate contra um venezuelano, passou a sentir fortes dores no quadril (foi constatada uma hérnia abdominal) e teve de abandonar.

Carateca Diego Pereira. Foto: Reprodução/ABK

Diego frequenta a seleção brasileira desde a base.

Ao contrário do seu “concorrente”, que começou em projeto social na Rua Franz Volles, foi descoberto por Maike de Oliveira, em uma escola particular.

Já foi 3º colocado no US Open de Las Vegas nos Estados Unidos.

E campeão da etapa mundial da Youth League, no México.

Diego Pereira e o técnico Vanderlei de Oliveira. Foto: Internet

Já fiz matéria com o jovem de 21 anos.

Gente boa.

Que viaja para as competições por conta de suas economias e apoio financeiro da família.

Talvez não vá nunca precisar vender rifa ou promover pastelada.

Financeiramente falando, tem mais condições, em tese, de evoluir.

Porque quanto mais você competir ou treinar fora do país, maiores são as chances de crescimento.

Só que isso é relativo.

Pois do jeito que Kauan Ribeiro, de 20 anos, vem lutando, não sei por quanto tempo vai ficar por aqui.

Diego Pereira durante uma luta. Foto: Reprodução/ABK

Caio Bonfim não ganhou a prata por acaso.

O marchador participou de muitas provas e adaptações ao clima europeu.

Bem diferente de Matheus Corrêa de Blumenau, 39º colocado, na prova de 20 km.

Caio Bonfim em Paris durante as Olimpíadas. Foto: Internet

A falta de apoio é um problemão para a maioria dos atletas.

Para essa competição no ABC paulista, a Confederação Brasileira de Karatê (CBK) pagou apenas o hotel para os caratecas – para os treinadores, não.

O pessoal teve te se virar com transporte, alimentação, deslocamento, protetores, kimonos novos…

A conta é salgada.

Além da essencial presença dos treinadores (muitos acabam não viajando para determinadas competições, principalmente no exterior), é fundamental que o atleta esteja focado e estimulado (e não preocupado e estressado).

Essa “loucura” de correr atrás da máquina e depois pagar a conta (tem bastante gente que faz empréstimos) dispersa a energia, desgasta a confiança e a autoestima.

Ginásio Poliesportivo de São Bernardo do Campo. Foto: CBK

Pode até soar redundante.

Contudo, é importante seguir batendo na tecla.

Por conta do corte de verbas, está cada vez mais difícil ter certeza sobre o amanhã.

Sobretudo nos esportes individuais (várias equipes também vêm enfrentando sérias dificuldades).

O basquete feminino, por exemplo, que disputa a Liga Nacional, jamais passou por um momento tão delicado.

Jogo do basquete feminino de Blumenau no Galegão na Liga Nacional. Foto: Vitor Bett

A modalidade como um todo.

O campeonato estadual conta com apenas quatro equipes!

Blumenau, Joinville, Jaraguá do Sul e Piçarras.

Time adulto de basquete de Blumenau. Foto: Federação Catarinense de Basquete  

O masculino adulto até que se salva com a participação de nove times.

Blumenau, Brusque, Joinville, Jaraguá do Sul, Balneário Camboriú, Florianópolis, Concórdia, Videira e Associação de Basquete de Luzerna, Joaçaba e Herval D’ Oeste.

A disparidade técnica, no entanto, de Brusque e Blumenau, para os demais, chega a assustar.

Jogo da Apab no Galegão pelo Estadual de Basquete. Foto: Sidnei Batista

Isso vale igualmente para o vôlei.

O torneio tem cinco clubes.

Apenas dois têm condições de fazer um jogo parelho.

Joinville (que recebeu o turno) e Blumenau (que será sede do returno neste fim de semana no Galegão).

Joinville e Lages pelo estadual de vôlei. Foto: Federação Catarinense de Vôlei

Os adversários são Chapecó, Lages e Piçarras.

Time de vôlei de Blumenau no Ginásio Sebastião Cruz na Superliga. Foto: Raphael Moser

No feminino é pior ainda.

Só quatro equipes – o Bluvôlei pediu licença.

Brusque, Jaraguá do Sul, Chapecó e Pinhalzinho.

Time feminino desativou seu departamento profissional adulto. Foto: Bluvôlei

Rebaixado para a Liga Nacional B, o futsal de Blumenau vem passando por alguns perrengues.

Nesta sexta-feira (30), às 20h, se despede da torcida, diante de São José SP – semana que vem finaliza sua participação em Cascavel PR.

Não vai padecer porque criou a categoria Sub 20 e tem bastante gurizada que acaba despontando nas escolinhas.

O receio é a transição para o adulto.

Segue carreira, mesmo ganhando pouco, acreditando que pode chamar a atenção de alguém?

Ou com o salário enxuto, sem perspectivas, opta por um trabalho convencional?

Blumenau na Liga Nacional de Futsal no Sesi. Foto: Sidnei Batista

Iniciação.

Fundamental.

Passa da mesma maneira por um momento crítico.

O basquete, que já chegou a atender perto de 100 alunas, a partir dos 7 anos, tem hoje 18 inscritas!

Em seu único polo, no Vasto Verde, na Velha.

Tiago Splitter no polo de basquete no Vasto Verde. Foto: BFB

Esse enfraquecimento, no entanto, é geral.

Pensando na Taysa, que está com 11 anos, perguntei a um professor de natação qual seria o procedimento para uma aula experimental.

“É só aparecer, de segunda à quinta, às 18h. Estamos precisando de meninas nessa idade”.

Projeto da natação fica na AABB no bairro Ponta Aguda. Foto: Apanblu

Os pais sabem da importância do esporte na vida dos seus filhos.

Por isso fazem de tudo para mantê-los motivados e centrados.

Até quando vão conseguir ninguém sabe.

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de repórter/setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é apresentador, repórter, produtor e editor de esportes do Balanço Geral da NDTV Blumenau. Na mesma emissora filiada à TV Record, ainda exerce a função de comentarista, no programa Clube da Bola, exibido todos os sábados, das 13h30 às 15h. Também é boleiro na Patota 5ª Tentativa.     

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