
“Apesar de nossos melhores esforços, estamos agora em um ponto em que não temos escolha a não ser reduzir a escala de nosso trabalho e força de trabalho”, diz o memorando interno da agência. O logo da Organização Mundial da Saúde (OMS) é visto fora da sua sede em Genebra.
Martial Trezzini/Keystone via AP
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está propondo reduzir o número de funcionários e a escala de seu trabalho, ao mesmo tempo em que corta seu orçamento em pouco mais de um quinto devido ao impacto dos cortes de financiamento dos EUA, de acordo com um memorando interno visto pela Reuters.
Os EUA eram o maior doador individual da agência de saúde pública das Nações Unidas, contribuindo com aproximadamente US$ 550 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) anuais, o que representava 18% do financiamento total da OMS.
No entanto, ao assumir a presidência em janeiro, Donald Trump decidiu retirar os EUA da OMS, alegando que a agência global de saúde havia lidado mal com a pandemia de COVID-19 e outras crises internacionais de saúde.
“O anúncio dos Estados Unidos, combinado com as recentes reduções na assistência oficial ao desenvolvimento por alguns países para financiar o aumento dos gastos com defesa, tornou nossa situação muito mais crítica”, afirmou o memorando da OMS, datado de 28 de março e assinado pelo diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A saída dos EUA agravou a crise financeira da agência, já pressionada pela redução dos investimentos em desenvolvimento por parte de outros países. Diante de um déficit de quase US$ 600 milhões este ano, a OMS propôs cortar seu orçamento para 2026-27 em 21%, de US$ 5,3 bilhões para US$ 4,2 bilhões, segundo o memorando.
Em fevereiro, o conselho executivo da OMS já havia reduzido a proposta orçamentária para 2026-27 de US$ 5,3 bilhões para US$ 4,9 bilhões.
“Apesar de nossos melhores esforços, estamos agora em um ponto em que não temos escolha a não ser reduzir a escala de nosso trabalho e força de trabalho”, diz o memorando.
A OMS pretende cortar cargos de liderança sênior em sua sede em Genebra, na Suíça, embora todas as regiões e níveis da organização sejam afetados, acrescentou o documento. A agência decidirá como priorizar seus recursos e atividades até o final de abril.
Documentos internos indicam que mais de um quarto dos 9.473 funcionários da OMS estão baseados em Genebra.
Um memorando interno de 10 de março, também visto pela Reuters, revelou que a organização já começou a definir prioridades e anunciou um limite de um ano para os contratos de funcionários.
O documento também destacou que a equipe da OMS está trabalhando para garantir financiamento adicional de países, doadores privados e filantropos.
Após Trump, Argentina anuncia saída da OMS