
Epicentro do fenômeno da sexta-feira (28) aconteceu a profundidade de ‘apenas’ 10 km. Edifícios receberam toda a força da trepidação das placas, afirmou pesquisador. Foto mostra prédio caindo em Mandalay, em Mianmar, durante o terremoto desta sexta.
STR/AFP
Um terremoto de magnitude 7,7 atingiu Mianmar na sexta-feira (28) e também foi fortemente sentido na Tailândia e na China. Em Mianmar, ao menos 144 pessoas morreram e 732 ficaram feridas pelo terremoto. Na Tailândia, pelo menos oito pessoas morreram. Por lá, os tremores também derrubaram um prédio em construção em Bangkok, deixando 101 desaparecidos.
A extensão catastrófica dos danos causados pelo terremoto é explicada pela profundidade rasa do epicentro, que foi de apenas 10 quilômetros, afirmou o pesquisador Roger Musson, do Instituto Geológico Britânico, ouvido pela agência Reuters. A profundidade do terremoto foi medida pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
“O terremoto foi muito destrutivo porque ocorreu a uma profundidade rasa, então as ondas de choque não se dissipam enquanto vão do foco do terremoto até a superfície. Os edifícios receberam toda a força da trepidação, explicou o pesquisador.
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Terremotos com mais de 50 km de profundidade também podem causar danos extensos, mas a intensidade do tremor é reduzida porque as ondas sísmicas viajam pelo menos 50 km antes de atingirem as pessoas.
Em Mianmar, a região de Sagaing foi atingida por vários terremotos nos últimos anos. No fim de 2012, um evento de magnitude 6,8 causou ao menos 26 mortes e deixou dezenas de feridos. Porém, o fenômeno da sexta-feira foi “provavelmente o maior” a atingir o país em 75 anos, disse o especialista em terremotos Bill McGuire, também à Reuters.
Por que Mianmar é vulnerável a terremotos?
Mianmar está localizado na fronteira entre duas placas tectônicas e é um dos países mais sismicamente ativos do mundo, embora terremotos grandes e destrutivos sejam relativamente raros na região de Sagaing.
“É importante não se concentrar apenas nos epicentros, porque as ondas sísmicas não se irradiam a partir do epicentro – elas se irradiam ao longo de toda a linha da falha”, explicou Roger Musson.
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De acordo com a professora Joanna Faure Walker, especialista em terremotos da Universidade College de Londres, a fronteira das placas tectônicas da Índia e Euro-asiática corta o país ao meio. Essas placas se movem horizontalmente uma relação à outro a diferentes velocidades.
Embora esse movimento cause terremotos do tipo “strike slip” (onde as placas deslizam horizontalmente), que, geralmente, são menos poderosos que os terremotos de subdução (onde uma placa é empurrada para baixo da outra), eles ainda podem ser bastante fortes, com magnitudes entre 7 e 8.
Mianmar estava preparado para o terremoto?
O Programa de Perigos de Terremoto do USGS disse na sexta-feira que o número de fatalidades poderia variar entre 10 mil e 100 mil pessoas, e o impacto econômico poderia chegar a 70% do PIB de Mianmar.
Destruição em Mianmar após terremoto
Reuters e AFP
Musson afirmou que tais previsões se baseiam em dados de terremotos passados e na dimensão, localização e preparação geral de Mianmar para terremotos.
A relativa raridade de grandes eventos sísmicos na região de Sagaing – que fica próxima da densamente povoada Mandalay – significa que a infraestrutura não foi construída para resistir a eles e que os danos poderiam ser ainda mais graves.
Musson relembrou que o último grande terremoto a atingir a região foi em 1956, e as casas provavelmente não foram construídas para suportar forças sísmicas tão poderosas quanto as que ocorreram na sexta-feira.
“A maioria da sismicidade em Mianmar está mais a oeste, enquanto este terremoto se deu no centro do país”, disse ele.
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