
Na véspera do Dia Mundial da Água, estudo trouxe um diagnóstico preocupante sobre a situação dos rios brasileiros. Qualidade da água dos rios está estagnada, aponta monitoramento
Na véspera do Dia Mundial da Água, um estudo trouxe um diagnóstico preocupante sobre a situação dos nossos rios.
O que os olhos veem… Os ambientalistas confirmam: não houve avanço na qualidade da água dos rios monitorados pela Fundação SOS Mata Atlântica. O estudo acompanha a situação em pontos de coleta de 112 rios em 14 estados brasileiros. Em 2024, nenhum deles apresentou qualidade ótima. Em apenas 7,6%, a classificação foi boa; 75% ficaram na categoria regular, quando já há algum comprometimento do uso da água. Em 13,8%, o quadro é ruim. E em 3,4%, péssimo – são os mesmos rios que já estavam nessas condições em 2023.
Recuperar um rio demora décadas. Sobretudo, quando atravessa áreas urbanas, como o Pinheiros, em São Paulo – que tem esse volume todo porque recebe muita água dos afluentes, nem todos despoluídos. Por mais um ano, a qualidade da água lá não mudou de classificação – a poluição ainda está em um nível crítico.
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Não houve avanço na qualidade da água dos rios monitorados pela Fundação SOS Mata Atlântica, dizem ambientalistas
Reprodução/TV Globo
Gustavo Veronese, coordenador da SOS Mata Atlântica, explica que a falta de saneamento é o principal problema. Quase metade da população não tem coleta de esgoto. Mas os desafios vão além.
“Uma situação de emergência climática que a gente vive hoje, adotar somente uma solução não está sendo suficiente. Mas não é só isso: tem questões relativas ao uso intensivo de agrotóxicos, a falta de proteção de nascentes, a falta de proteção de margens de rios, a falta do manejo dos resíduos sólidos urbanos”, afirma Gustavo Veronese.
De acordo com o estudo, o esgoto despejado no Capibaribe, cartão-postal do Recife, piorou a classificação do rio, que passou de regular para ruim.
“Quando você faz alguns passeios de barco ou até mesmo andar de ônibus pelas pontes, você vê a poluição. Você sente o cheiro desagradável”, lamenta a estudante Ingrid Nascimento.
Mas também dá para melhorar. Nem parece, mas a água que corre pelo concreto de São Paulo é um pedacinho de rio.
“Esse é o córrego São José. É um dos afluentes do córrego Ipiranga”, conta o agente ambiental Thiago Salvadeu.
O Thiago Salvadeu, morador do bairro, monitora a qualidade da água uma vez por mês, e foi uma surpresa descobrir que o rio está mais saudável.
“A gente tenta fazer a manutenção, a zeladoria desse espaço e talvez isso também tenha contribuído. O plantio aqui de árvores também. Ter esse esforço de olhar e ver que nós podemos tratar os nossos rios de uma outra maneira é bem satisfatório para a gente”, diz agente ambiental Thiago Salvadeu.
A Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo declarou que retira lixo constantemente do Rio Pinheiros e que vai plantar 100 mil árvores nas margens. Informou, também, que ampliou a coleta e o tratamento de esgoto na bacia do rio.
A Agência de Meio Ambiente de Pernambuco disse que fiscaliza, regularmente, a área próxima ao Rio Capibaribe e que, nos últimos dois anos, aplicou medidas contra dezoito empreendimentos infratores. A Prefeitura do Recife afirmou que faz a limpeza dos canais.
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