‘Espero que meu sucessor não seja criticado pela cor da camisa que ele veste’, diz Campos Neto


Presidente do BC foi criticado por ter votado, em 2022, com uma camisa verde e amarela da seleção brasileira, associada aos eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele participou nesta terça-feira de evento do banco BTG Pactual, em São Paulo. Roberto Campos Neto em evento do BTG Pactual, em São Paulo
Reprodução
O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto campos Neto, disse nesta terça-feira (20) que espera que seu sucessor no comando da autarquia seja julgado apenas pelo serviço desenvolvido e as decisões técnicas, sem espaço a críticas por posicionamento político.
“Eu espero que meu sucessor não seja criticado ou julgado pela cor da camisa que ele veste, ou se ele foi a alguma festa, ou se participou de alguma homenagem de um jeito ou de outro, e que ele seja julgado pelas decisões técnicas que ele tomou”, disse o presidente do BC, em evento do BTG Pactual, em São Paulo.
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Campos Neto foi criticado por ter votado, em 2022, com uma camisa verde e amarela da seleção brasileira. O traje era associado aos eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As críticas vieram por ele ser o primeiro presidente de um banco central independente no país, que deve tomar suas decisões sem interferência política.
O presidente disse, no entanto, que a convivência e proximidade com políticos faz parte do trabalho dos dirigentes do BC.
“Quem está no Banco Central não tem como não estar perto de governo, de parlamentares, porque você precisa ter esse trabalho para aprovar esses projetos. Mas você precisa ter a capacidade de diferenciar o que é proximidade e o que é autonomia e independência”, afirmou.
Campos Neto destacou que quer realizar uma “transição suave” nos próximos meses, ao passar o bastão do comando do BC para o seu sucessor, de forma a garantir a continuidade do trabalho técnico. Ele também disse que a instituição, neste período, continuará perseguindo a meta de inflação de 3% ao ano (podendo variar de 1,5% a 4,5%)
A inflação brasileira, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), encostou no teto da meta, de 4,5% no acumulado em 12 meses até julho e, por isso e com as questões fiscais no radar, há expectativas de que o BC possa promover uma nova alta na Selic, taxa básica de juros, hoje em 10,50% ao ano.
Sobre o que fará após sua saída do BC, Campos Neto garante que não quer continuar na esfera pública e que acredita que pode agregar muito à iniciativa privada com sua experiência em finanças e tecnologia.
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