Possível picada de inseto e transferência para hospitais na BA: veja cronologia dos fatos que antecederam morte de turista


Além da cronologia dos fatos, g1 conversou com especialista para entender o que pode ter acontecido com turista paulista que morreu durante viagem a Morro de São Paulo. Cid Penha sentiu picada na perna e, horas depois, região apresentou inchaço e coloração preta.
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O turista de São Paulo, Cid Penha, de 65 anos, morreu após ser picado por um animal durante uma viagem a Morro de São Paulo, destino turístico que fica em Cairu, no baixo sul da Bahia. A suspeita da prefeitura da cidade é que Cid foi picado por um inseto, que ainda não foi identificado.
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O paulista de Santos morreu no domingo (14), após apresentar coloração preta na perna, passar por três unidades de saúde da região e ficar cinco dias internado.
Turista passou por três unidades de saúde na Bahia
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Inicialmente, os amigos de Cid acreditaram que ele havia sido vítima da aranha-marrom, animal venenoso que é mais encontrado no sul do Brasil. Um dos hospitais onde o turista foi atendido, a Santa Casa de Valença, descartou a possibilidade de contaminação pelo aracnídeo.
Saiba quem era o advogado e comentarista que morreu em viagem com suspeita de picada de inseto
Até esta quarta-feira (17), a prefeitura de Cairu não confirmou se algum animal de fato picou o turista e, caso esta tenha sido a causa da morte, qual animal. Nesta matéria, o g1 detalha:
a cronologia dos fatos até a morte de Cid;
as características de picadas de alguns animais venenosos;
o que deve e o que não deve ser feito em casos como este.
Cronologia dos fatos
Vítima foi levada para unidades de saúde através de barcos
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✈️ Cid viajou com os amigos para Morro de São Paulo, destino turístico em Cairu, no baixo sul da Bahia, na última semana.
🛥️ O grupo visitou diversos locais e, em 9 de julho, alugou uma lancha para um passeio. Tudo correu bem e, na ocasião, Cid não apresentava nenhum sintoma de doença.
🍽️ Depois do passeio, o grupo decidiu jantar em um restaurante da região. Lá, Cid sentiu uma picada de inseto e comentou com os amigos. Ele passou a coçar a região.
🛑 Em nota, o restaurante Sambass, onde o grupo jantou, informou que durante os 20 anos de funcionamento nunca registrou nenhum incidente envolvendo clientes e animais silvestres de qualquer natureza. Também informou que não houve nenhum incidente desta natureza nas últimas semanas que mantém os alvarás sanitários em dia, além de fazer dedetizações mensais.
🏥 Um dia depois, em 10 de julho, o turista sentiu fortes dores no local da picada, que estava bastante vermelho. Por causa disso, os amigos decidiram levá-lo para uma unidade de saúde de Morro de São Paulo.
🩺 No local, os amigos do turista relataram que acreditaram que ele havia sido picado pela aranha-marrom. Com isso, Cid foi transferido de barco para a Santa Casa de Valença, hospital de maior complexidade que fica em Valença, cidade próxima a Cairu.
🕷️ Na unidade, o envenenamento por aranha-marrom foi descartado. Em nota, o hospital informou que o animal não é comum na região e que o paciente e os acompanhantes não tinham certeza da indicação do animal.
🦵 O quadro de Cid piorou e o local da picada, na perna, que antes estava bastante vermelho, ficou com uma coloração preta. Além disso, a região apresentou inchaço.
🏥 Segundo a Santa Casa de Valença, Como Cid era cardiopata e tinha plano de saúde, foi transferido para o Incar de Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano. No momento da transferência, ele estava consciente e apresentava apenas dor na perna.
🩺 Em 14 de julho, o turista morreu.
🏥 O Incar, último hospital que Cid passou, não divulgou a causa da morte, nem de detalhes sobre o estado de saúde do paciente enquanto esteve internado na unidade.
O g1 tentou contato com o advogado de Cid, para entender qual foi a causa da morte informada no atestado de óbito. Porém, os familiares do turista não autorizaram o contato e também não quiseram se pronunciar.
Picadas de animais venenosos
Aranha-marrom
Reprodução/Instituto Butantan
De acordo com Jucelino Nery, farmacêutico e diretor do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox-BA), a aranha-marrom, animal que os amigos acreditaram ter picado o turista, é de bastante importância clínica no Brasil.
Quem é picado pelo animal costuma sentir sintomas similares ao do turista: dor, coceira e mudança de coloração no local. Em casos mais graves, pode haver necrose, icterícia e insuficiência renal. Apesar disso, esse tipo de aranha é bastante rara na Bahia, sendo mais comum no sul do Brasil.
“Frequentemente recebemos ligações no CIATox, de pessoas dizendo que encontraram aranhas-marrom em suas casas, mas não se trata desse tipo de aracnídeo. Elas se parecem, mas as aranhas encontradas em casa normalmente não causam esses sintomas, esse quadro clínico”, afirmou.
Outros animais venenosos, mais comuns na Bahia, também podem originar casos de envenenamento. Confira:
🦂 Escorpião
Bem mais comum na Bahia, em 2023 foram registradas 11 mil casos de picadas de escorpião em todo o estado. Quinze pessoas morreram por causa das complicações causadas.
Sintomas: dor, inchaço e vermelhidão na região da picada
Escorpião-amarelo fotografado no interior de São Paulo.
Antonio Bordignon/iNaturalist
🕷️ Viúva-negra
Bem mais comum na Bahia, a aranha é venenosa e, fisicamente, não se parece nada com a aranha-marrom.
Sintomas: vermelhidão no local da picada e febre
Viúva negra
AFP
🐝 Insetos
Na nota emitida pela prefeitura de Cairu, é informado que o turista foi picado por um “inseto ainda não identificado”. Para Jucelino Nery, o inseto que poderia causar o quadro apresentado pelo turista é a abelha, em casos de alergia e de grande quantidade de picadas.
Recomendação de biólogos é que, em caso de picada de abelha, o indivíduo não tente mergulhar para fugir do enxame
Gender Euphorbia/iNaturalist
🛑 Também é importante frisar que o histórico de saúde pode contribuir para o aparecimento de alguns sintomas. A depender dos medicamentos usados, por exemplo, um paciente pode ter reação diferente ao ser picada por um animal venenoso ou não.
O que fazer em casos como este
Segundo o diretor do CIATox, independente do animal causador da picada, a recomendação é a mesma:
tranquilizar a vítima;
lavar o local com água e sabão;
levar a vítima para a unidade de saúde mais próxima.
De acordo com o diretor, em casos como este a unidade de saúde entra em contato com a equipe do CIATox e, juntos, eles analisam se o paciente deve ou não tomar algum soro contra o possível veneno.
Esses soros não são disponibilizados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Eles ficam em hospitais de maiores complexidades e, na Bahia, um total de 233 unidades têm o medicamento. Valença e Santo Antônio de Jesus, locais onde o turista passou por unidades de saúde, têm o soro.
“Esse soro é aplicado somente em unidades de maior complexidade, porque é necessária uma avaliação do paciente. O soro pode causar reações, como choque anafilático, por exemplo. Por isso é necessária uma estrutura para atender e observar esse paciente”, explicou.
O que não fazer em casos como este
Ao contrário do que muitos pensam, em casos de picadas de aracnídeos e até mesmo mordida de cobras, não é recomendado amarrar um tecido ou atadura na perna.
Os venenos costumam destruir as proteínas da pele e, quando algo é amarrado no local, ele fica “preso”. Essa concentração do veneno no local pode causar a necrose do membro e, em casos mais complexos, pode ser necessária a amputação.
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