Roberta Campos segue sem surpresas o habitual percurso folk no tom íntimo e confessional do álbum ‘Coisas de viver’


Capa do álbum ‘Coisas de viver’, de Roberta Campos
Lucas Seixas
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Coisas de viver
Artista: Roberta Campos
Cotação: ★ ★ ★
♬ No texto de apresentação do sexto álbum de estúdio de Roberta Campos, Coisas de viver, a artista mineira alardeia que, pela primeira vez, fez um disco “exatamente como eu gostaria”.
Sem citar nomes, a cantora, compositora e violonista alude de forma sutil às interferências artísticas da Deck, gravadora pela qual vinha editando a discografia desde 2010, geralmente com regravações de sucessos alheios e parcerias ou feats sugeridos pela companhia.
Coisas de viver é álbum feito de forma inteiramente autônoma por Roberta Campos, exatamente como o primeiro disco da artista, Para aquelas perguntas tortas (2008), ponto de partida de trajetória seguida sem grandes sobressaltos há 17 anos.
Em essência, tanto no atual Coisas de viver como no disco inicial Para aquelas perguntas tortas, Roberta Campos se apresenta como autora de canções de natureza folk, compostas a partir do violão.
Roberta Campos apresenta oito canções e uma vinheta no álbum ‘Coisas de viver’
Lucas Seixas / Divulgação
Ao longo das nove faixas de Coisas de viver, disco curto (de 24 minutos) gravado no estúdio paulistano Space Blues e aberto pela vinheta de voz-e-violão Join me, a canção folk de Roberta Campos pode vir temperada com toque de country, como Peito aberto, ou com acento mais pop, caso de Gérbera, boa canção solar que vem promovendo o álbum nas rádios de MPB, tendo sido previamente lançada em 15 de janeiro em single com a faixa Na proa da saudade.
Com letra que versa sobre o cotidiano feliz de Roberta com a companheira Marina Souza Campos, Gérbera é o trunfo do repertório confessional do disco ao lado da música-título Coisas de viver, faixa de tom ligeiramente mais denso por conta da letra do parceiro Paulo Novaes, afinada com o arranjo das cordas orquestradas por Felipe Pacheco.
O caráter confessional do repertório é reiterado pelos versos de canções como Amanhã também (com letra sobre o domínio do medo que pode paralisar), A cor do que eu quero (faixa de atmosfera bluesy) e Atento (tema de clima mais introspectivo arrematada com os versos “Sou minha cura / Já fui a ferida”).
Inteiramente autoral, o cancioneiro de Coisas de viver foi composto para o disco, com exceção da faixa final, Escapulário, música feita por Roberta em 2016 em parceria com Danilo Oliveira.
Do ponto de vista dos arranjos e da produção musical, orquestrada pela própria Roberta Campos com Alexandre Fontanetti, Coisas de viver é álbum de acabamento refinado. Tudo está no devido lugar.
Salta aos ouvidos o capricho na formatação de cada faixa – traço também perceptível na arquitetura do álbum antecessor O amor liberta (2021). O que leva a constatar que, seja com completa autonomia criativa, seja sob a direção artística de uma gravadora, nada muda tanto assim no som e no cancioneiro de natureza folk de Roberta Campos.
Roberta Campos dá voz a um cancioneiro inteiramente autoral no sexto álbum de estúdio, ‘Coisas de viver’
Lucas Seixas / Divulgação
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