Medida que proíbe celulares nas escolas ganha popularidade nos EUA


Pelo menos oito estados americanos promulgaram proibições desse tipo nos últimos dois anos, e novas propostas estão sendo analisadas em vários outros estados este ano. Veja prós e contras. A governadora Sarah Huckabee Sanders faz o discurso do Estado do Estado em uma sessão conjunta da Assembleia Geral do estado de Arkansas, terça-feira, 14 de janeiro de 2025, no Capitólio estadual de Little Rock, Arkansas, EUA.
Thomas Metthe/Arkansas Democrat-Gazette via AP.
A governadora do estado americano do Arkansas, Sarah Huckabee Sanders, do Partido Republicano, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, do Partido Democrata, têm pouco em comum ideologicamente, mas ambos têm sido defensores de uma ideia que vem ganhando apoio rapidamente nos estados democratas e republicanos: os celulares dos alunos precisam ser banidos durante o período escolar.
Ao menos oito estados americanos promulgaram proibições desse tipo nos últimos dois anos, e novas propostas estão sendo analisadas em vários outros estados este ano.
Veja aqui por que os estados estão investindo na proibição.
Por que os estados americanos estão banindo celulares nas escolas?
Os esforços em prol da proibição de celulares têm sido impulsionados por preocupações sobre o impacto das telas na saúde mental das crianças, e reclamações de professores de que os celulares se tornaram uma distração constante na sala de aula.
O cirurgião geral dos EUA, Dr. Vivek Murthy, que pediu ao Congresso que exija rótulos de advertência nas redes sociais sobre seus efeitos na vida dos jovens, afirmou que as escolas precisam proporcionar momentos livres de celulares.
Um aluno usa o celular depois de destravar a bolsa que impede o uso durante o período escolar, na escola Bayside Academy, 16 de agosto de 2024, em San Mateo, Califórnia, EUA.
Lea Suzuki/San Francisco Chronicle via AP, Arquivo
Em nível nacional, 77% das escolas dos Estados Unidos afirmam proibir o uso de celulares para fins não acadêmicos, de acordo com o Centro Nacional de Estatísticas Educacionais. Mas esse número é enganoso. Não significa que os alunos estejam seguindo as proibições, nem que todas essas escolas estejam de fato impondo a restrição.
Kim Whitman, cofundadora do Movimento Escolas Sem Celular, disse que a questão está ganhando força porque pais e professores em estados democratas e republicanos estão lutando contra as consequências causadas pelo uso de celulares por crianças.
“Não importa se você vive em uma cidade grande ou rural, urbana ou suburbana, todas as crianças estão com dificuldades e precisam dessa pausa das pressões dos celulares e das redes sociais durante o período escolar,” disse ela.
Quais estados estão promulgando proibições?
Ao menos oito estados — Califórnia, Flórida, Indiana, Louisiana, Minnesota, Ohio, Carolina do Sul e Virgínia — promulgaram medidas que proíbem ou restringem o uso de celulares pelos alunos nas escolas.
As políticas são variadas. A Flórida foi o primeiro estado a endurecer as regras sobre celulares nas escolas, aprovando uma lei em 2023 que exige que todas as escolas públicas proíbam o uso de celulares durante o período letivo e bloqueiem o acesso às redes sociais no Wi-Fi do distrito.
Uma lei da Califórnia de 2024 exige que os quase 1.000 distritos escolares do estado criem suas próprias políticas sobre celulares até julho de 2026.
Vários outros estados não baniram os celulares, mas incentivaram os distritos escolares a promulgar tais restrições, ou forneceram financiamento para armazenar os celulares durante o dia.
Sanders anunciou um programa piloto no ano passado, oferecendo subsídios para escolas que adotam políticas de restrições de celulares, e mais de 100 distritos escolares aderiram. Sanders disse que agora quer exigir que todos os distritos proíbam celulares durante o período escolar, mas a proposta deixará a elaboração da política a critério dos distritos.
“Os professores sabem que (os celulares) são uma enorme distração, mas muito maior do que isso é o impacto na saúde mental de muitos de nossos alunos,” disse Sanders a repórteres na quinta-feira.
Outros governadores também têm pressionado por proibições, como Kelly Ayotte, de New Hampshire, que tomou posse este mês, a governadora de Iowa, Kim Reynolds, e o governador de Nebraska, Jim Pillen. A governadora de Nova York, Kathy Hochul, sugeriu que buscaria implementar uma política estadual, mas não ofereceu detalhes.
Qual é a oposição às proibições?
As proibições de celulares enfrentam oposição de alguns pais que argumentam ser necessário poder entrar em contato com seus filhos diretamente em caso de emergência.
Alguns pais citaram os incidentes de tiroteios recentes em escolas, onde o acesso a celulares foi a única maneira de alguns alunos se comunicarem com seus entes queridos, pensando ser a última vez.
Mas os apoiadores das proibições observaram que os celulares dos alunos poderiam representar perigos adicionais durante uma emergência, distraindo os alunos ou revelando sua localização durante uma situação de tiroteio.
Pais que se opõem à proibição também disseram que querem que seus filhos tenham acesso aos celulares para outras necessidades, como coordenar o transporte.
Keri Rodrigues, presidente da União Nacional de Pais, disse que concorda que as redes sociais ofereçam perigos para as crianças, mas que as proibições propostas pelos estados estão adotando uma abordagem muito ampla. Proibir os dispositivos durante o período escolar não vai resolver questões subjacentes, como bullying ou os perigos das redes sociais, afirmou.
“Não fizemos um bom trabalho como adultos para tentar ensinar nossos filhos as habilidades necessárias para realmente navegar por essa tecnologia,” disse. “Apenas empurramos o problema com a barriga e os jogamos na parte mais funda da piscina quando estão sozinhos após a escola.”
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