‘Brilho de beleza’ de Bob Marley, artista nascido há 80 anos, reluz na Bahia em blocos afro como Muzenza e Olodum


Flyer digital do bloco afro Muzenza do Reggae
Reprodução / Facebook Muzenza do Reggae
“Quando ele explodiu pelo mundo
Ele lançou seu brilho de beleza
Bob Marley pra sempre estará
No coração de toda a raça negra
Quando Bob Marley morreu
Foi aquele chororô na Vila Rosenval
Muzenza trazendo Jamaica
Arrebentando nesse Carnaval”
♫ ANÁLISE
♪ Os versos acima do compositor Nego Tenga, escritos para o samba-reggae Brilho de beleza (1988), ainda são a mais completa tradução da luminosidade deixada por Bob Marley (6 de fevereiro de 1945 – 11 de maio de 1981) na Bahia, sobretudo nos redutos do Muzenza do Reggae, bloco afro fundado em Salvador (BA) em 1981.
Faz hoje 80 anos que Bob Marley nasceu na Jamaica. Já faz 44 anos que Bob Marley morreu em Miami (EUA), aos breves 36 anos, mas vale recorrer ao clichê e ao verso do reluzente samba-reggae – lançado no álbum Muzenza do Reggae (1988) e amplificado para o Brasil em 1990 na voz de Gal Costa (1945 – 2022) no disco e show Plural – para sentenciar que o rei vitalício do reggae vive no coração do povo preto da Bahia, em especial entre os integrantes do bloco afro Muzenza, um dos polos mais resistentes da ancestralidade afro-brasileira.
O culto da ideologia rastafari é muito forte entre os seguidores do Muzenza do Reggae, bloco que contribuiu decisivamente para a formatação da batida do samba-reggae, por vezes creditada ao Olodum, bloco vizinho que também cultua e propaga o legado de Marley.
A presença de Bob Marley está viva em todo a Bahia e, cabe lembrar, ecoou forte no Brasil em 1979 na voz de um baiano, Gilberto Gil, artista que popularizou no Brasil o reggae de Marley.
Quem viveu no Brasil naquele ano de 1979 certamente foi tocado por (ou ouviu tocar) Não chores mais, versão em português, escrita por Gil, de No woman, no cry, reggae de autoria creditada somente ao compositor jamaicano Vincent Ford (1940 – 2008), embora muitos defendam que Marley colaborou com a escrita da letra da música lançada em 1974 no álbum Natty dread – gravado por Marley om o grupo The Wailers – e popularizada em versão ao vivo de disco de 1975.
Fora do mainstream, onde Gil lançou em 2002 o álbum Kaya n’gan daya somente com músicas do popstar jamaicano, Bob Marley vive mesmo é nos blocos afros como o Muzenza e o Olodum, cuja música Denúncia (Lazinho e Tita Lopes) – apresentada pelo grupo no álbum Núbia Axum Etiópia, no mesmo ano de 1988 em que o Muzena lançou Brilho de beleza – defende que o surgimento do reggae impôs “outra forma negra de lutar”.
Sim, a luta continua e o reggae de Bob Marley é a arma pacifica dos seguidores baianos do rastafarianismo na batalha cotidiana por um mundo de mais igualdade e justiça social.
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