Dólar oscila entre altas e baixas, com recuo de ‘tarifaço’ de Trump e ata do Copom no radar


No dia anterior, a moeda norte-americana teve queda de 0,38%, cotada a R$ 5,8153. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou com um recuo de 0,13%, aos 125.971 pontos. Notas de dólar.
Murad Sezer/ Reuters
O dólar opera com volatilidade nos primeiros minutos desta terça-feira (4), oscilando entre altas e baixas, com os mercados repercutindo temas internos, com destaque para o cenário de juros brasileiro, e externos, sobretudo a guerra de tarifas nos Estados Unidos.
Por aqui, investidores analisam a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que aconteceu na última quarta-feira (29) e terminou com o aumento de 1 ponto percentual da Selic, taxa básica de juros, agora em 13,25% ao ano.
No documento, divulgado nesta terça, a instituição informa que projeta uma inflação acima da meta pelo menos até junho deste ano e destaca a preocupação com a alta dos preços dos alimentos, que deve “se propagar para o médio prazo”.
Já no exterior, os mercados globais vivem um dia de recuperação, depois de um pregão marcado por maior aversão aos riscos por conta do anúncio de imposição de novas tarifas de importação nos Estados Unidos.
A maior calma neste pregão é consequência do recuo do presidente americano, Donald Trump, em relação a dois de seus maiores parceiros comerciais. Na última sexta-feira, ele determinou a tarifação de 10% sobre produtos chineses que cheguem aos EUA e de 25% para os itens vindos do Canadá e do México.
No entanto, nesta segunda-feira (3), Trump chegou a acordos com o México e com o Canadá e suspendeu as novas tarifas por um mês. Em troca, os dois países se comprometeram a reforçar o policiamento nas fronteiras para evitar a entrada de imigrantes ilegais e fentanil nos EUA. As tarifas sobre a China, porém, se mantém e começam a valer hoje.
O governo chinês respondeu impondo novos tarifas de 15% para carvão e Gás Natural Liquefeito (GNL) dos EUA e 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis. As taxas passam a valer na próxima segunda-feira (10).
Apesar das tarifas para a China continuarem, o acordo de Trump com México e Canadá trouxe certo alívio ao mercado, que teme uma aceleração da inflação nos EUA com as taxações. Se os produtos importados que chagam ao país ficam mais caros, o impacto nos preços também será sentido pela população.
Além da repercussão do tarifaço de Trump, no cenário internacional investidores também acompanham a divulgação de novos dados do mercado de trabalho nos EUA.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 09h20, o dólar subia 0,03%, cotado a R$ 5,8168. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,38%, cotada a R$ 5,8153.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,38% na semana e no mês;
recuo de 5,90% no ano.

a
Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice fechou em queda de 0,13%%, aos 125.971 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,13% na semana e no mês;
ganho de 4,73% no ano.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O novo acordo entre EUA e México e Canadá seguem repercutindo. O tratado determinou a pausa das tarifas durante um mês, além de medidas de ambos os países para controlar o que passa por suas fronteiras.
Apesar dos acordos, as tarifas para a China continuam — e seguem na mira dos investidores, em meio a temores de que a taxação possa aumentar a inflação no país norte-americano, por conta da alta nos preços de produtos e matérias-primas.
Ao mesmo tempo, o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, tenta controlar os preços no país. Se a inflação subir demais, a instituição pode precisar aumentar os juros novamente.
Nesta segunda-feira (3), a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse que não há urgência para o banco central reduzir os juros neste momento, conforme novas tarifas comerciais anunciadas pelo governo Trump podem elevar as pressões inflacionárias.
São esperados discursos de outros dirigentes do Fed nesta terça, na expectativa por mais pistas sobre o cenário futuro dos juros no país.
“É realmente apropriado que a política monetária seja paciente, cuidadosa, e não há urgência em fazer ajustes adicionais, especialmente devido a toda a incerteza” na economia, disse Collins em uma entrevista à CNBC.
Juros mais altos tornam o crédito mais caro para a população e empresas, reduzindo o consumo e, consequentemente, a pressão inflacionária. Mas também elevam a rentabilidade dos títulos públicos dos EUA, considerados os ativos financeiros mais seguros do mundo.
Nesse caso, há uma maior atração de investidores para os Estados Unidos, o que pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas, como o real. Caso isso se concretize, há um impacto global dos preços, já que muitos contratos de importação e exportação são feitos na moeda norte-americana.
Isso pode acelerar a inflação em mais países, especialmente aqueles que têm os EUA como principais parceiros comerciais
Em entrevista à BBC, o analista da Capital Economics, Paul Ashworth, disse que, com as medidas de Trump, a janela para mais cortes nas taxas de juros dos EUA nos próximos 12 a 18 meses “simplesmente se fechou”.

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