
Samuel foi diagnosticado com malformação no coração na primeira semana de vida. Ele morreu três dias depois de ser transferido para o Hecad, com 47 dias. Famílias denunciam dificuldades para realizar cirurgias cardíacas em crianças em Goiás
Um bebê morreu após esperar mais de 30 dias por uma cirurgia cardíaca em Goiânia, informou a família. Ao nascer, Samuel Belém Moura Nasceu foi diagnosticado com defeito do septo atrioventricular (DSAV), uma má-formação nas válvulas do coração. Ele morreu 47 dias depois, aguardando o procedimento.
Samuel nasceu no dia 11 de dezembro de 2024, na Maternidade Maria da Cruz, em Aparecida de Goiânia. Miriam Bernardes Belém, mãe do bebê, disse que ele recebeu o diagnóstico da cardiopatia na primeira semana de vida. Samuel também tinha Síndrome de Down e problemas no fígado, informou a mãe, que é costureira.
“Não era só o coração, mas o fígado também. Ele estava com colestase [quando o fígado não produz líquido digestivo]. Eles solicitaram com extrema urgência, mas não saiu”, contou Miriam.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) lamentou a morte de Samuel e disse que recebeu o pedido de vaga para ele no dia 23 de janeiro. A vaga foi liberada prontamente e ele recebeu todo o atendimento necessário, declarou a SES. A pasta disse ainda que a realização da cirurgia depende da condição clínica de cada criança e que cabe aos médicos decidirem sobre os procedimentos.
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Samuel Belém Moura morreu à espera de uma cirurgia cardíaca, em Goiás.
Miriam Bernardes Belém/Arquivo pessoal
A costureira contou que Samuel foi direto para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) quando nasceu, porque precisou receber oxigênio. Ele ficou no local até os 44 dias de vida, que foi quando foi transferido para o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad).
“Quando ele chegou lá, já estava tarde demais. Os médicos fizeram todo o possível”, contou a mãe. Samuel morreu três dias depois de ser transferido.
À TV Anhanguera, o secretário de Saúde de Goiás, Rasível Reis, disse que faltam profissionais especializados para ampliar o número de vagas de UTI pediátrica.
“A gente não consegue ampliar mais 10 leitos de terapia intensiva porque a gente não tem profissionais tão especializados para ampliar a capacidade dessa forma. Nem que a gente tivesse recursos financeiros em infinitos, a gente tem essa limitação do recurso humano para que a gente possa realmente cuidar dessas crianças extremamente frágeis. Mas nós somos sensíveis da causa”, declarou o secretário.
Samuel ao nascer e ao completar o primeiro mês de vida na UTI
Miriam Bernardes Belém/Arquivo pessoal
Nota da Secretaria Estadual de Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde informa que recebeu no dia 23/01, no sistema de regulação estadual, o pedido de vaga especializada para Samuel Belém Moura, Cartao SUS nº 898006386337796, nascido em Aparecida de Goiânia. A vaga foi prontamente cedida no Hecad, em leito de UTI neonatal e o paciente foi transferido em 24/01, recebendo todo tratamento necessário.
Infelizmente, o paciente teve registro de óbito no dia 27/01. A SES lamenta a perda deste paciente, e reitera que no momento em que houve a solicitação de vaga, foram realizados todos os esforços para o atendimento em unidade hospitalar de maior complexidade.
O paciente apresentava múltiplo quadro de malformações congênitas e recebeu os cuidados intensivos no HECAD, onde a prioridade foi tratar as condições mais críticas e imediatas. Ressalte-se que as programações cirúrgicas nem sempre podem ser realizadas em determinada faixa etária, cabendo aos médicos as decisões sobre o processo assistencial e medidas necessárias durante a internação e tratamento dos pacientes, conforme condição clínica e evolução.
Comunicação Setorial SES
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