MP-SP denuncia bancário preso por atropelar e matar cantor de pagode enquanto dirigia embriagado


Adalto Mello, de 39 anos, pilotava uma motocicleta quando foi atingido pelo carro conduzido por Thiago Arruda Campos Rosas, de 32, em São Vicente (SP). Adalto Mello, de 39 anos, (à esquerda) pilotava uma motocicleta e foi atingido por um carro conduzido por Thiago Arruda Campos Rosas, de 32, (à direita) em São Vicente (SP).
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O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou o motorista preso pelo atropelamento que resultou na morte do cantor de pagode Adalto Mello, de 39 anos, em São Vicente, no litoral paulista. O bancário Thiago Arruda Campos Rosas, de 32, dirigia embriagado e encontra-se preso desde 29 de dezembro, acusado de homicídio doloso com dolo eventual – quando se assume o risco de matar, mesmo sem ter a intenção.
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A ação do MP-SP representa uma acusação formal de Thiago pelo crime, apresentado provas e argumentos para levar o caso à Justiça. A denúncia é o primeiro passo no processo criminal, quando o MP considera que há elementos suficientes para que o acusado seja julgado por um tribunal.
Adalto Mello pilotava uma motocicleta pela Avenida Tupiniquins, no bairro Japuí, por volta das 2h38, do dia 29 de dezembro, quando foi atingido pelo carro do denunciado, que foi preso após o seu teste do bafômetro apresentar 20,5 vezes mais álcool no organismo do que o permitido por lei.
O g1 teve acesso ao documento da denúncia, realizada na última quinta-feira (16), pelo promotor de justiça do Tribunal do Júri, Manoel Torralbo Gimenez Júnior. De acordo com processo, o MP denunciou Thiago por homicídio duplamente qualificado.
Thiago Arruda está preso por matar o cantor de pagode Adalto Mello atropelado em São Vicente (SP)
Redes sociais e Reprodução
Segundo a denúncia, foi apurado que o bancário de 32 anos dirigia embriagado e em alta velocidade pela avenida, uma via de pista simples e mão dupla, quando ultrapassou um veículo pela direita, subiu na calçada e atropelou Adalto Mello, que não teve tempo de reagir e foi pego de surpresa.
De acordo com o documento, a área em que aconteceu o atropelamento tem um fluxo alto de veículos por ficar perto da Ponte Pênsil, que liga São Vicente a Praia Grande. O promotor entendeu que a conduta de Thiago foi negligente, já que ele assumiu o risco de um acidente ao dirigir embriagado e em alta velocidade em uma via movimentada.
“O denunciado assumiu o risco de produzir a morte da vítima, bem como de qualquer pessoa que cruzasse seu caminho”, justificou o promotor de justiça.
Manoel Torralbo ainda solicitou que o Judiciário estipule uma indenização para reparar os danos causados aos familiares da vítima, além de que o processo seja encaminhado ao Tribunal do Júri, ou seja, que o acusado seja levado a júri popular após as investigações.
O que diz a defesa?
Em nota ao g1, o advogado de defesa de Thiago Arruda Campos Rosas, Mario Badures, informou que a informação sobre a denúncia aconteceu através da imprensa, “motivo pelo qual todos os contornos técnicos relativos ao crime culposo serão discutidos na ação penal”.
Mário afirmou que, em nenhum momento, seu cliente teve a intenção ou previu o acidente, e consequentemente a morte de Adalto, destacando que essa conduta afasta o dolo eventual, conforme o entendimento consolidado das Cortes Superiores.
Relembre o caso
Vídeo mostra acidente de trânsito que matou cantor de pagode em São Vicente (SP)
As imagens de câmeras de monitoramento, que circulam nas redes sociais e foram obtidas pela equipe de reportagem, mostram o momento do acidente em diferentes ângulos (assista no vídeo acima). O motorista do carro ultrapassou um outro automóvel e atingiu Adalto, que foi arremessado.
Em nota, a SSP-SP informou que policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e, no local, encontraram um carro batido contra uma árvore, além de uma motocicleta caída no chão.
Segundo o Corpo de Bombeiros, uma equipe foi acionada por meio da central de atendimento 193 e auxiliou os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que chegaram antes e realizaram manobras de ressuscitação no cantor. A morte de Adalto foi constatada ainda no local.
Quem era Adalto?
Adalto Mello deixou a mãe e o filho de 10 anos
Arquivo pessoal
O cantor de pagode também era compositor e formado em Educação Física. Conforme apurado pelo g1, o músico era divorciado e morava com a mãe em Santos (SP). Ele deixou um filho de 10 anos, que era fruto do antigo casamento.
De acordo com a mãe do cantor, Carla Vanessa De Mello Almeida, o filho começou a se apaixonar por música ainda na infância, quando aprendeu a tocar cavaco ao ver o pai com o instrumento. “Aprendeu só de olhar, não fez curso”, disse Carla.
Com menos de 15 anos, ele entrou no coral de uma igreja e passou a cantar e escrever canções. Em seguida, passou a se apresentar em comércios e eventos com um grupo de pagode.
A mãe disse que o sonho dele era viver da música. “Não pelo dinheiro, sucesso, mas pelo amor que ele tinha”, relatou Carla, afirmando que tinha muito orgulho do talento do filho.
Prisão
Adalto Mello, de 39 anos, (à esquerda) pilotava uma motocicleta e foi atingido por um carro conduzido por Thiago Arruda Campos Rosas, de 32, (à direita) em São Vicente (SP).
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De acordo com o BO, Thiago praticou o crime estando com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool. A Polícia Civil decretou a prisão em flagrante que, de acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), foi convertida para preventiva durante audiência de custódia.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi inicialmente registrado como homicídio culposo [sem intenção de matar] na direção de veículo automotor. No entanto, após os trabalhos de investigação, a natureza foi alterada para homicídio doloso com dolo eventual [quando se assume o risco de matar, apesar de não ter esse objetivo].
Também por meio de nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou ao g1 que Thiago deu entrada no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Praia Grande (SP), no dia 30 de dezembro de 2024.
Embriaguez
Thiago tinha 20,5 vezes mais álcool no organismo do que o permitido por lei, pois o teste do bafômetro deu 0,82 mg/l, um número 2050% acima do limite de 0,04 mg/l.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), 0,04 mg/L é a quantidade que o bafômetro pode tolerar sem penalização ao condutor. Acima desse valor, o motorista está sujeito a penas administrativas, como uma multa e a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por 12 meses.
No entanto, se o resultado do teste for igual ou superior a 0,34 mg/l, como foi o caso de Thiago com 0,82 mg/l, o condutor deve ser processado criminalmente. De acordo com o CTB, a pena por dirigir embriagado é de seis meses a três anos de prisão, além da multa e suspensão ou cassação da CNH.
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