Lula diz acreditar que indicadores da economia são positivos, mesmo com cenário internacional adverso


Presidente ressaltou a importância de baixa inflação e afirmou que os números no Brasil estão ‘equilibrados’. Declaração foi dada durante reunião ministerial nesta quinta-feira (8). ‘Acredito que os nossos números são todos positivos, apesar da perspectiva de uma crise internacional’, diz Lula para ministros
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (8), em reunião com ministros, que acredita que os números da economia brasileira são positivos, mesmo diante do cenário internacional adverso.
Acrescentou que se sente “preocupado” sempre que falam sobre inflação. Segundo Lula, quando trabalhava em fábrica conviveu inflação de 80% ao mês. Por isso, sabe o quanto é “devastador a inflação alta para vida do trabalhador”.
“Eu acredito que todos os nossos números são positivos, apesar da perspectiva de uma crise internacional que o dólar vem causando no mundo inteiro. A gente se mantém muito equilibrado”, disse Lula.
Na manhã desta quinta, o dólar operava em alta, consequência da maior cautela de investidores, devido aos últimos dados sobre emprego nos Estados Unidos. Bolsas de diversos países da Europa também oscilam à espera desses números.
“A gente se mantém numa situação boa. Emprego está crescendo, salário está crescendo, massa salarial está crescendo, desemprego está caindo e a inflação está totalmente equilibrado. Esse é um dado muito importante, porque toda vez que falam em inflação, eu fico muito preocupado”, acrescentou o presidente.
Lula frisou ainda que “quanto mais baixa” for a inflação, “melhor para a sociedade brasileira”.
Lula e Haddad durante o lançamento do Plano Safra 2024/2025 da Agricultura Familiar em 3 de julho de 2024
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
Discurso otimista
Antes de abordar a questão econômica, Lula falava sobre a importância da motivação e do otimismo da equipe do governo. E afirmou que se alguém estivesse pessimista deveria procurá-lo.
“Eu tenho dito que eu não acredito que em algum momento, na história do país, mesmo nos meus outros governos e no governo do PT, a gente tivesse razão de estar tão otimista como a gente está agora”, pontuou.
“Quero dizer para vocês que, se alguém estiver com pessimismo, por favor me procure, para eu passar um pouco de otimismo para vocês. Se alguém estiver com essa depressão, pessimista, procure um cara para dar uma coisa otimista para vocês”, completou.
As declarações do presidente reforçam um discurso que Lula tem repetido de otimismo na economia.
No mês passado, por exemplo, em um evento em São José dos Campos (SP), o presidente afirmou que todos os dias fala com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para não se preocupar, porque “as coisas vão dar certo”.
Lula já havia usado um raciocínio parecido em outro momento ao confrontar Haddad.
“Eu falo para o Haddad: ‘Haddad, você, de vez em quando, Haddad… Você fica tranquilo. E se tudo der errado, vai dar certo. Isso não é economia, não. É que acredito em outras coisas”, frisou na ocasião.
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Reunião ministerial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu todos os 39 ministros em uma reunião nesta quinta-feira (8) para analisar situação política, social e econômica do país. O encontro tinha a intenção de dar início à organização da segunda metade do mandato.
A reunião começou às 9h30 no Palácio do Planalto e deve abordar, entre outros temas:
as eleições municipais de outubro;
a agenda legislativa;
o calendário de votações no Congresso;
e cortes no orçamento.
Os ministros foram orientados pelo gabinete do presidente a não marcarem outros compromissos para esta quinta. “Não convém se ausentar antes do término”, diz trecho da convocação para o encontro enviada aos ministros.
A expectativa é que cada ministro fale por cinco minutos, mas não faça apresentação ou balanço de ações de cada ministério.
Eleições municipais
Lula deve pedir para que ministros e funcionários do governo federal tomem cuidado ao fazer campanha para não infringir a legislação eleitoral.
A Advocacia-Geral da União (AGU) elaborou uma cartilha do que pode e o que não pode ser feito. A legislação proíbe, por exemplo, fazer campanha em horário de expediente.
Lula e o candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), foram multados por propaganda antecipada. A ação foi movida pelo Partido Novo, uma das legendas que acionou a Justiça contra a fala de Lula durante evento de 1º de Maio, no estádio do Corinthians, na Zona Leste da capital paulista.
O juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci, do Tribunal Regional Eleitoral de SP, determinou o pagamento de R$ 20 mil para Lula e R$ 15 mil para o deputado federal Guilherme Boulos.
O único ministro que vai tirar férias para fazer campanha é Luiz Marinho, do Trabalho, que vai se engajar na campanha de Luiz Fernando Teixeira, candidato do PT em São Bernardo do Campo e irmão do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT).
Outra preocupação de Lula é que as eleições tumultuem a coalizão que sustenta o governo, uma vez que em várias capitais há mais de um candidato da base. Lula deve reforçar o pedido para que ministros sejam cautelosos com o tema.
Alguns ministros devem evitar participar da disputa. Ministros do MDB, por exemplo, já se recusaram a gravar vídeos de apoio a alguns candidatos apoiados pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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