A vida de Biden mostra que ele não é um homem que desiste fácil; o presidente cederá às pressões para abandonar corrida eleitoral?


Biden agora está ponderando se deve ceder à pressão —pública e nos bastidores— para deixar a disputa. Eleições acontecem em 5 de novembro. Biden fala sobre atentado contra Trump.
AP Photo/Susan Walsh
A crescente desconfiança do Partido Democrata na capacidade do presidente Joe Biden de derrotar Donald Trump nas eleições de 5 de novembro nos Estados Unidos está confrontando um homem conhecido por não desistir. Os próximos dias serão decisivos.
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Biden agora está ponderando se deve ceder à pressão —pública e nos bastidores— para deixar a disputa. As dúvidas estão em torno das condições físicas e de saúde de Biden, de 81 anos. A decisão será baseada não apenas neste momento, mas na trajetória pública do democrata e em tudo o que ele suportou desde o início da carreira política.
No momento, Biden diz que retomará a campanha na semana que vem, e a sua campanha afirma que ele seguirá na disputa.
O calvário do presidente começou logo depois do debate de 27 de junho, quando apresentou um desempenho que analistas —e ele mesmo— consideraram muito ruim. Biden manteve o olhar parado e o maxilar aberto, além de apresentar a voz rouca —atribuída a um resfriado—, pouco entusiasmo e episódios de hesitação.
Desde então, mais de 30 democratas do Congresso americano pediram publicamente que ele desista. Primeiro com sinais privados, e agora com vazamentos coordenados, alguns dos democratas mais influentes do país —entre eles Barack Obama, Nancy Pelosi e Chuck Schumer— deixaram claro que tinham dúvidas sobre a viabilidade de Biden. Alguns lhe disseram isso diretamente. Todos deixaram claro publicamente.
As pesquisas, não muito boas antes do debate, estão piores: Biden está atualmente atrás de Trump. Com Covid-19, o presidente está isolado em Delaware com a mulher Jill para se recuperar.
Não desiste
Joe Biden com seus filhos Beuau e Hunter e sua segunda mulher, Jill, nos anos 1970
Reprodução/Site de Joe Biden/Via AFP
Embora a pressão pela saída da disputa eleitoral esteja crescente e pública, a história de vida de Biden aponta que obter um recuo dele não será fácil. Para ele, desistir nunca foi a resposta certa:
Aos 29 anos, Biden foi eleito para o Senado pela primeira vez, ao vencer as eleições pelo estado de Delaware. Em dezembro de 1972, antes de assumir o cargo, um acidente de carro matou a primeira esposa dele, Neilia, e a filha mais nova, Naomi, um bebê de pouco mais de um ano. Outros dois filhos deles, Beau e Hunter, ficaram gravemente feridos;
Em 1988, sofreu e sobreviveu a dois aneurismas cerebrais severos, depois de episódios seguidos de dor de cabeça. O presidente costuma dizer que a experiência o transformou no homem que quer ser;
Em 2015, ele resistiu à morte do filho Joseph R. Biden III, conhecido como Beau, aquele que Biden queria que fosse presidente dos Estados Unidos um dia. O filho morreu de um câncer de cérebro quando o pai era vice-presidente de Barack Obama;
Lidou com o vício em drogas do filho Hunter e, mais recentemente, com a condenação dele por porte de arma;
Biden foi descartado politicamente muitas vezes: ele perdeu as duas primeiras primárias presidenciais em 2020 para se recuperar e vencer a eleição. Os especialistas previram que as eleições de meio de mandato em 2022 seriam uma surra dos republicanos, mas não foram.
Ele consegue equilibrar as preocupações?
Então, como Biden equilibra essas preocupações, sobre disputar uma eleição arriscada, na qual diz que os alicerces da nação estão em jogo, com uma teimosia —construída por décadas de experiência— que lhe diz para seguir em frente, apesar dos ventos contrários da dúvida?
Faltam apenas algumas semanas para o prazo autoimposto pelos democratas para nomear Biden como seu candidato para 2024.
É um esforço para restaurar a ordem, e reprimir quaisquer outros sinais de motim. Biden tem que decidir se vai bancar a própria candidatura e apostar seu legado de serviço público contra Trump. Para ele, é uma aposta que arrisca a própria democracia, como ele mesmo disse, se ele perder.
Democratas influentes dos mais altos níveis, incluindo o líder da maioria no Senado, o Chuck Schumer, e pelo líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, estão enviando sinais de preocupação.
O ex-presidente Barack Obama expressou preocupações de forma reservada, e a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi alertou Biden durante uma conversa que os democratas podem perder a capacidade de obter o controle da Câmara se ele não desistir da candidatura. O Senado é de maioria republicana.
Quase dois terços dos democratas dizem que Biden deveria se retirar da corrida presidencial e deixar seu partido indicar um candidato diferente, de acordo com uma nova pesquisa do Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos da AP-NORC. O presidente contesta as pesquisas.
Também não há garantia de que outro candidato, como a vice-presidente Kamala Harris, se sairia melhor, e disputas privadas no partido surgiram sobre quem seria o substituto caso Biden se afastasse.
Aumenta pressão para Biden desistir de campanha presidencial
* Com informações da Associated Press
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