As reações após cantos racistas na seleção argentina contra jogadores da França


Enzo Fernández, jogador do Chelsea, pediu desculpas após gritos contra jogadores franceses durante as comemorações da Copa América. Enzo Fernández, que joga pelo Chelsea na Inglaterra, pediu desculpas após gritos contra jogadores franceses durante as comemorações da Copa América
Getty Images/BBC
A seleção argentina de futebol está no centro de uma polêmica por causa dos gritos de alguns de seus jogadores durante a comemoração após a conquista do título da Copa América no domingo (14).
Nas imagens, alguns atletas fazem referência à origem africana de jogadores da seleção francesa e usam um insulto homofóbico para se referir ao atacante Mbappé.
Esses cantos, que alguns torcedores argentinos usaram durante a Copa do Mundo de 2022 no Catar, foram entoados por vários jogadores argentinos, incluindo o meio-campista Enzo Fernández, que transmitiu a comemoração ao vivo por meio de sua conta no Instagram.
A Federação Francesa de Futebol (FFF) anunciou na tarde de terça-feira (16) que vai processar a Associação Argentina de Futebol (AFA) pelos gritos racistas.
“O presidente da Federação Francesa de Futebol, Philippe Diallo, condena nos termos mais veementes os inaceitáveis ​​comentários racistas e discriminatórios feitos contra os jogadores da seleção francesa no contexto de um cântico entoado por jogadores e torcedores da seleção argentina após a vitória na Copa América, que foi veiculado em vídeo nas redes sociais”, informou a FFF em nota.
“Dada a gravidade dos comentários chocantes, contrários aos valores do esporte e dos direitos humanos, o presidente da FFF decidiu denunciar diretamente a associação argentina e a Fifa, e apresentar uma queixa judicial por comentários insultuosos de natureza racial e discriminatória”, complementa a nota.
O zagueiro francês Wesley Fofana (ao centro) é companheiro de Fernández (à direita) no Chelsea
BBC
‘Racismo sem remorso’
Fernández, que joga no Chelsea, da Inglaterra, viu companheiros do time que são de origem francesa demonstrarem repúdio à comemoração.
O zagueiro Wesley Fofana, de 23 anos, publicou em sua conta do Instagram o vídeo da comemoração argentina com a frase: “Futebol em 2024: racismo sem remorso”.
Além de Fofana, que tem pai marfinense e mãe francesa, juntaram-se ao protesto os jogadores Disasi e Malo Gusto, que também têm raízes africanas e deixaram de seguir Fernández nas redes sociais.
Na quarta-feira (17), Fernández, que foi comprado pelo clube inglês há duas temporadas por mais de US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 550 milhões), divulgou um comunicado no qual pede desculpas pelos gritos durante a comemoração.
“Quero pedir desculpas sinceras por um vídeo postado no meu canal do Instagram durante as comemorações da seleção. A música inclui uma linguagem muito ofensiva e não há absolutamente nenhuma justificativa para essas palavras”, disse o atleta
“Oponho-me à discriminação em todas as suas formas e peço desculpas pela euforia das comemorações na Copa América. O vídeo, aquele momento e essas palavras não refletem as minhas crenças ou o meu caráter”, acrescentou.
A BBC tentou contactar a AFA para que a entidade pudesse se posicionar, mas não obteve qualquer resposta até a publicação desta reportagem.
Philippe Diallo é o presidente da Federação Francesa de Futebol
Getty Images/BBC
Investigação disciplinar
Já o Chelsea emitiu um comunicado na quarta-feira (17) em que divulga o início de uma investigação disciplinar sobre as ações do jogador.
“O Chelsea considera inaceitável qualquer forma de comportamento discriminatório […] Reconhecemos e apreciamos o pedido público de desculpas do nosso jogador e usaremos isso como uma oportunidade de educação. O clube iniciou um procedimento disciplinar interno”, diz o texto.
A Argentina venceu a Colômbia por 1 a 0, na prorrogação da final da Copa América, e conquistou o seu 16º título nesta competição, o que gerou a comemoração dos jogadores argentinos.
O polêmico cântico se tornou popular durante a Copa de 2022 no Catar, especialmente depois que a Argentina derrotou a França na final e conquistou o terceiro título mundial de sua história.
Um porta-voz da Fifa disse à BBC que “eles estão cientes de um vídeo que circula nas redes sociais” e que “o incidente está sendo investigado”.
“A Fifa condena veementemente qualquer forma de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, torcedores e dirigentes”, conclui o porta-voz da entidade.
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