O que se sabe sobre poluição que causou mortandade de peixes no Rio Piracicaba e no Tanquã


Duas grandes ocorrências de mortandade de peixes foram registrados no Rio Piracicaba e afluentes. Último caso foi na segunda-feira (15), no bairro Tanquã, em local conhecido como minipantanal paulista. Imagens aéreas mostram milhares de peixes mortos no Tanquã após despejo irregular de usina
O Rio Piracicaba e afluentes registraram nos últimos dias duas grandes ocorrências de mortandade de peixes. A primeira foi em 7 de julho, na zona urbana de Piracicaba (SP). O outro caso começou na segunda-feira (15), no bairro Tanquã, local conhecido como minipantanal paulista, e que é uma área de proteção ambiental.
A situação, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), ocorreu por conta de poluentes agroindustriais lançados irregularmente por uma usina de açúcar e álcool em Rio das Pedras (SP).
O caso é investigado pela Cetesb e acompanhado por órgãos como Ministério Público e Prefeitura de Piracicaba.
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O g1 organizou uma lista com perguntas e respostas com tudo o que se sabe até agora sobe a poluição que causou mortandade de peixes no curso do manancial. Confira 👇
O que aconteceu?
No último dia 7 de julho, milhares de peixes foram encontrados mortos em trecho urbano do Rio Piracicaba. Na época, a imagem chamou atenção pela quantidade de peixes. As margens do manancial ficaram tomadas.
A Cetesb identificou que a causa da mortandade foi o despejo de poluentes lançados no Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Piracicaba, por uma usina de Rio das Pedras. Segundo comunicou o órgão na última semana, o despejo irregular já foi interrompido
Os resíduos, porém, seguiram o curso do rio e chegaram ao Tanquã, também causando mortandade no minipantanal. Neste caso, o cenário foi flagrado a partir de segunda-feira (15) e também nesta terça (16).
Rio Piracicaba amanhece com milhares de peixes mortos neste domingo
Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal
Quantos peixes morreram?
Não é possível afirmar o número de peixes que morreram, mas a força-tarefa criada para limpeza do Rio Piracicaba, após a descarga irregular de poluente na água, recolheu 2,97 toneladas de peixes mortos. Essa quantidade é apenas da mortandade registrada na zona urbana.
Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Meio Ambiente (Simap), uma reunião com órgãos e instituições que integraram a força-tarefa para limpeza do rio Piracicaba está prevista para esta quarta-feira (17) para elaboração de plano de ação de análise e estratégia para a remoção de resíduos encontrados no Tanquã.
Cetesb identifica indústria responsável por mortes de peixes
Os peixes do Tanquã são os mesmos encontrados no Rio Piracicaba?
Não. Foi registrada uma nova mortandade. Segundo a Cetesb, em uma nova inspeção e medição de oxigênio constatou-se que os resíduos despejados de forma irregular na última semana só alcançaram o Tanquã nos últimos dias, o que causou a segunda mortandade.
“[…] Equipes fizeram a medição de oxigênio (OD) no rio Piracicaba, na altura do Bairro de Tanquã e constataram baixo nível de oxigênio dissolvido, o que evidencia que a mancha de efluentes, lançada pela Usina São José S/A Açúcar e Álcool na semana passada, chegou a essa localidade e provocou a mortandade de peixes.”
VÍDEO: Imagens aéreas mostram mini pantanal coberto de peixes mortos
Tanquã, em Piracicaba, registra mortandade de peixes
Edijan Del Santo/EPTV
Quanto tempo leva para recuperar a fauna?
A recuperação da população de peixes no Rio Piracicaba após a mortandade registrada nos últimos dias pode demorar até nove anos para acontecer, o que equivale a três gerações de animais.
A estimativa foi feita pelo analista ambiental, Antonio Fernando Bruni Lucas, em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo.
O especialista também comentou a possibilidade de “sequestro” de oxigênio pelo poluente, as perspectivas sobre a recuperação da qualidade da água e elencou medidas que podem ser adotadas para evitar descargas irregulares no rio. Confira a entrevista completa.
Peixes mortos boiando às margens do Rio Piracicaba
Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal
Quem investiga o caso?
A Cetesb investiga o caso desde o primeiro dia e informou que disponibilizará, na íntegra, um relatório sobre o caso, que vai servir de base para o auto de infração que pode ser aplicado. A previsão de conclusão desse relatório é 19 de julho.
Além da Companhia Ambiental, o Ministério Público também foi acionado e confirmou que apura o caso por meio do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema). O grupo afirmou que fará uma vistoria nas instalações da usina responsável.
A Polícia Civil de Rio das Pedras também instaurou um inquérito para apurar o caso.
Imagens feitas com drone registram a mortandade de milhares de peixes em trechos do Tanquã entre Piracicaba e São Pedro.
Reprodução/EPTV
Quem foi responsável pela poluição?
Segundo a Cetesb, as mortes ocorreram após despejo irregular de resíduos agroindustriais pela Usina São José, em Rio das Pedras (SP).
A EPTV e o g1 tentaram contato com a Usina São José S/A Açúcar e Álcool desde a última semana e aguardavam posicionamento da empresa.
No início da noite desta terça-feira (16), a usina enviou nota em que afirma não ser responsável pela mortandade de peixes e que considera precipitadas as notícias divulgadas nos últimos dias, citando poluentes que teriam sido liberados no Ribeirão Tijuco Preto e chegado ao Rio Piracicaba.
“Causa da mortalidade de peixes no Rio Piracicaba é desconhecida e não pode ser atribuída à Usina São José”, declara em trecho do documento.
Qual a justificativa da usina?
Leia, na íntegra, a nota enviada pela usina na noite desta terça-feira (16):
“Após cinco inspeções realizadas por técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) nas dependências da Usina São José S/A Açúcar e Álcool, nada foi informado à empresa formalmente que explique o motivo ou a origem da mortalidade de peixes registrada nos últimos dias. Insinuações de envolvimento da usina nessa ocorrência são precoces e não tem, até agora, qualquer comprovação ou fundamento.
A empresa considera precipitadas as notícias divulgadas nos últimos dias, citando poluentes que teriam sido liberados no Ribeirão Tijuco Preto e chegado ao Rio Piracicaba, a 42 quilômetros de distância. Lembra ainda que diversos incidentes envolvendo morte de peixes no Rio Piracicaba vem ocorrendo nos últimos anos, período este que a Usina São José estava inativa, tendo retomado suas atividades somente em maio deste ano.
A empresa esclarece que não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público, fornecendo todas as informações e acessos solicitados para garantir uma investigação transparente e justa, que leve às causas desse incidente”, conclui.
Rio Piracicaba amanhece com milhares de peixes mortos neste domingo
Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal
Qual a punição para os responsáveis?
A Cetesb adiantou que, pelo crime ambiental, é prevista multa no valor de até R$ 50 milhões aos responsáveis.
O que falta saber?
A conclusão das investigações deve esclarecer alguns pontos. Entre eles:
Que tipo de resíduo foi lançado pela usina responsável;
A punição que essa usina vai receber;
Demais efeitos ao meio ambiente que podem ser causados por conta dessa poluição.
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