Capital do Acre tem situação de emergência por causa da seca reconhecida pelo governo federal


Decreto do Ministério do Desenvolvimento Regional foi publicado nesta quarta-feira (24). Acre tem enfrentado seca antecipada desde o final de maio e nível dos principais mananciais continua a diminuir. Rio Acre vivenciou cheia histórica em 2024; quatro meses depois, situação é de seca extrema em Rio Branco
Andryo Amaral/Rede Amazônica
Enfrentando os efeitos de uma seca antecipada desde o final de maio, Rio Branco, capital do Acre, teve o pedido de situação de emergência reconhecido pelo governo federal. A portaria do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional foi publicado nesta quarta-feira (24) no Diário Oficial da União.
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De acordo com o governo federal, com a assinatura da portaria 2.599, a prefeitura de Rio Branco pode solicitar recursos para reforçar ações da Defesa Civil Municipal. A capital havia decretado emergência no dia 28 de junho.
“Compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre outros”, exemplifica a nota.
Menor nível em cinco anos
O Rio Acre, principal fonte de abastecimento de Rio Branco já chegou ao menor nível registrado para o período em cinco anos e está a 30 centímetros da menor cota registrada na história. Nesta quarta, o manancial media 1,55 metro. A menor marca histórica já registrada, desde que a medição começou a ser feita em 1971, é de 1,25 metro, em outubro de 2022.
Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, agravado em razão da falta de chuvas na região.
A situação contrasta com a vivenciada entre fevereiro e março, quando o Acre passou pela segunda maior enchente de sua história desde 1971, ano em que a medição começou a ser feita. Na época, a inundação provocada pelo Rio Acre fez com que mais de 11 mil pessoas deixassem suas casas. Agora os acreanos vivem o contrário da cheia.
Em Rio Branco, o único dia que choveu este mês foi em 8 de julho, quando houve o registro de 58,6 milímetros na capital. No restante do mês, porém, não houve um dia sequer com chuvas. Em junho, o acumulado de chuvas nos 30 dias não passou de 21,1 milímetros.
Sete cidades vivem emergência climática
A situação de Rio Branco, entretanto, não é isolada. Situações de seca têm sido registradas na maior parte da bacia hidrográfica do estado. Incluindo a capital, sete cidades acreanas já decretaram situação de emergência por causa da estiagem.
São elas: Rio Branco, Feijó, Epitaciolândia, Bujari, Porto Walter, Cruzeiro do Sul e Plácido de Castro.
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Nível do Rio Juruá segue baixando nas cidades do Vale do Juruá
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Conforme o balanço, em Cruzeiro do Sul o nível do Rio Juruá está com 4,87 metros.
Porto Walter – Acre – produtos alimentícios estragam na viagem até o município
Éder Farias/Arquivo pessoal
Em Porto Walter não há leitura, porém, os moradores da cidade, que integra o grupo de cidades isoladas do Acre, relatam diversos problemas causados pelo baixo nível do manancial.
Só é possível chegar lá em aviões de pequeno porte ou em embarcações que podem levar de sete horas a até cinco dias dependendo do nível do Rio Juruá. Com a seca deste ano, alimentos têm chegado estragados à cidade.
Por causa da situação, no final de junho, os moradores fizeram um protesto pediram a reabertura de uma estrada que liga a cidade a vizinha Cruzeiro do Sul. O trecho foi embargado pelo Ministério Público Federal por irregularidades no projeto.
Já em Plácido de Castro, banhado pelo Rio Acre, a situação é de alerta. O manancial está com 2,21 metros nesta quarta.
Seca no Rio Envira prejudica embarcações e pode deixar ribeirinhos isolados
Maria das Dores/Arquivo pessoal
Em Feijó a seca do Rio Envira tem feito com que embarcações encalhem e encontrem problemas para navegar. Também tem sido relatados problemas de abastecimento de alimentos e outros insumos a comunidades ribeirinhas.
Seca no Bujari
Arquivo pessoal
Já no Bujari comunidades já começaram a receber água potável porque os poços artesianos e igarapés da cidade secaram.
Por fim, em Epitaciolândia a falta de água atinge 18 mil moradores nas residências e órgãos públicos, de acordo com o prefeito da cidade, Sérgio Lopes.
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