‘Casamento às Cegas’: O que se sabe sobre acusação de estupro feita por participante do reality


Ingrid Santa Rita, participante da 4ª temporada do reality, relata ter sido estuprada por Leandro Marçal após casamento. Procurado, Leandro não retornou contato; veja o que dizem Ingrid, a Netflix e os apresentadores do programa. Ingrid Santa Rita, do ‘Casamento às Cegas Brasil’, em episódio de reencontro dos participantes do reality
Reprodução/Netflix
Ingrid Santa Rita, participante da quarta temporada do reality show “Casamento às Cegas Brasil” (Netflix), relatou ter sido estuprada por diversas vezes por Leandro Marçal, o homem com quem se casou no programa.
Veja, abaixo, o que se sabe sobre o caso:
O que aconteceu?
O que diz Ingrid Santa Rita?
O que diz Leandro Marçal?
A polícia está envolvida?
O que diz a Netflix?
O que dizem os apresentadores?
Como funciona o ‘Casamento às Cegas’?
O que é estupro marital?
O que aconteceu?
Ingrid e Leandro se conheceram e se casaram ao longo da quarta temporada do “Casamento às Cegas”. Em um episódio de reencontro dos participantes, divulgado na quarta-feira (10) pela Netflix, ela revelou que os dois não estavam mais juntos e, sem citar diretamente a acusação, deu a entender que Leandro a forçou a ter relações sexuais não consentidas.
Em seguida, Ingrid pediu para abandonar a gravação e os apresentadores do programa pediram que Leandro também se retirasse.
Ingrid, do ‘Casamento às Cegas’, relata ter sido estuprada pelo marido
No dia seguinte ao lançamento do episódio, Ingrid publicou um vídeo no Instagram, confirmando que foi estuprada pelo ex-marido e detalhando as acusações.
O que diz Ingrid Santa Rita?
A participante contou que, ao longo da relação, Leandro apresentou problemas de disfunção erétil e que os abusos começaram depois de ela sugerir que ele procurasse ajuda.
“O abuso, o estupro — essa é a palavra — começou a acontecer a partir do momento em que eu tive esse recorte, essa conversa com ele. O Leandro me esperava dormir para tentar resolver o problema dele”, afirmou.
“Na cabeça dele, se ele conseguisse transar comigo, não teríamos mais problema nenhum. Só que ele esqueceu que precisava me avisar, que precisava ser consentido.”
Ingrid Santa Rita, participante do “Casamento às Cegas Brasil”.
Reprodução/Netflix
Segundo Ingrid, Leandro tentou praticar sexo oral, com as mãos e com penetração enquanto ela dormia. “Eu sempre acordando, pedindo para parar. Comecei a sentir nojo daquela relação e daquelas tentativas.”
Ainda no vídeo publicado nas redes sociais, ela relatou que, em um dos episódios de abuso, chegou a perder a consciência:
“Eu gritava: não toca mais em mim. Não conseguia puxar o ar, não tinha mais respiração. Desmaiei, bati as costas na cama. Acordei com as minhas filhas em cima de mim. O Leandro sentado na cama, me olhando.”
O que diz Leandro Marçal?
Procurado pelo g1, Leandro não retornou o contato.
No episódio de reencontro do “Casamento às Cegas”, ele afirmou que teve “problemas sexuais” no relacionamento com Ingrid. “Fiz exame, fui procurar ajuda. Não era um problema físico, era psicológico.”
“Na parte sexual, nunca falei que fui certo, fui errado em tentar resolver um problema no nosso relacionamento. Fui buscar ajuda, só que as coisas não são rápidas. A parte sexual foi um problema nosso, sim. Achei que, se resolvesse isso, o relacionamento ia andar.”
Leandro Marçal, participante do ‘Casamento às Cegas Brasil’
Reprodução/Netflix
Sem citar de forma direta as acusações feitas pela ex-mulher, ele pediu desculpas: “Nosso relacionamento não deu certo. Te peço desculpa, como já te pedi diversas vezes. Eu entendo o que foi o meu erro, mas um relacionamento é feito a dois.”
A polícia está envolvida?
Ingrid abriu um boletim de ocorrência contra Leandro na Delegacia de Defesa da Mulher de Osasco (SP). A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito policial para investigá-lo por suposta prática de estupro de vulnerável, violência psicológica contra a mulher e violência doméstica.
A participante também solicitou uma medida protetiva contra o ex-marido, recurso que ainda não foi concedido, segundo ela.
O que diz a Netflix?
Em nota enviada ao g1, a assessoria da Netflix disse que apura o caso.
“A Netflix, a Endemol Shine Brasil e a equipe do ‘Casamento à Cegas Brasil’ repudiam veementemente qualquer tipo de violência”, diz o comunicado.
“A produção, em todas as suas etapas, é conduzida com constante apoio profissional aos participantes, e as denúncias apresentadas estão sendo apuradas pelos órgãos competentes.”
O que dizem os apresentadores?
Camila Queiroz e Klebber Toledo, apresentadores de “Casamento às Cegas”, publicaram um texto sobre a denúncia.
Camila Queiroz e Kléber Toledo no Rock in Rio
Wallace Barbosa/AgNews
“Desde o dia em que recebemos a notícia, conversamos e acolhemos a Ingrid de todas as maneiras que estavam ao nosso alcance”, disse o casal.
“Sentimos muito pelo ocorrido e não poderíamos deixar de vir a público manifestar nosso total apoio e solidariedade a ela e a todas as mulheres que, lamentavelmente, ainda sofrem ou já sofreram algum tipo de violência.”
Como funciona o ‘Casamento às Cegas’?
Ingrid e Leandro se casaram no reality show ‘Casamento às Cegas’
Reprodução/Netflix
No reality show, homens e mulheres se conhecem em cabines, onde não conseguem ver um ao outro. Formam-se casais, que só então podem se conhecer pessoalmente.
A convivência das duplas é testada por cerca de um mês em uma lua de mel num lugar paradisíaco e em um apartamento em São Paulo. Nessa fase, os casais são desafiados a ajustar as rotinas, fazer as apresentações de família e a lidar com problemas e contatos do passado.
Ao fim da temporada, os participantes devem escolher se pretendem ou não seguir no relacionamento. O “sim” ou “não” para o casamento às cegas é revelado já no altar.
O que é estupro marital?
“A partir do momento que existir a negativa, que a esposa ou a companheira disser ‘não’, qualquer ato sexual praticado depois disso é estupro”, explica a advogada Jaqueline Gachet de Oliveira, defensora dos direitos à cidadania pelo Instituto Maria da Penha.
No caso do autor ser companheiro da vítima, o crime é conhecido como “estupro marital”.
“A única diferença [para outros estupros] é que essa modalidade é praticada pelo cônjuge ou companheiro dentro de uma relação afetiva”, completa a advogada.
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