Jards Macalé desembarca em Belém para show que fala de amor: ‘é sobre a vida e a vontade de viver’


Atração no Festival Se Rasgum, músico apresenta músicas do álbum ‘Coração Bifurcado’ e outras canções que marcaram a música brasileira. Jards Macalé
José de Holanda / Divulgação
Nesta sexta-feira (13), sobe ao palco do Festival Se Rasgum Jards Macalé, com o inventivo “voz e violão” que marcou a música brasileira.
O artista carioca deu uma entrevista exclusiva ao g1 Pará e falou de amor, criações na música e a ligação dele com o estado.
“Voz e violão para mim é invenção. Sempre faço de uma forma diferente a cada dia que eu faço. (…) E nesse momento atual, eu falo de uma reflexão sobre a vida, o sentido da vida e a vontade de viver”.
Aos 81 anos, Jards apresenta músicas que marcaram a carreira, e as novas composições do álbum “Coração Bifurcado”, apontando para diferentes temporalidades e sonoridades. Ele se apresenta na melhor forma de um músico pleno de ideias, projetos e amores.
A obra de Macalé se coloca inteiramente aberta para falar do amor quando o mundo nos diz o contrário. No palco, o artista pede ao público que cante sobre o que apaixona em tempos difíceis.
As músicas do repertório tem parcerias com Capinam em “Amor in natura” e em “A arte de não morrer”, Ronaldo Bastos em “Mistérios do nosso Amor” e “O amor vem da paz”, além de canções com parceiros que fazem parte da usina criativa que se reúne ao redor do “professor”, já há alguns anos: Kiko Dinucci, Rodrigo Campos, Clima e Romulo Fróes e Aline Coutinho, além dos clássicos de cinquenta anos de carreira.
Para o show, Jards montou uma banda feminina: Maíra Freitas, no teclado; Navalha Carrera, na guitarra; Lelena Anhaia, no baixo; Aline Gonçalves, nos sopros; Victoria dos Santos, na percussão; e Flavia Belchior, na bateria.
O show dele no festival em Belém está escalado para às 22h. Antes dele se apresentam Clair, da França; Móbile Lunar; e Walter Freitas por Olivar e Andréia. O festival Se Rasgum continua no sábado (14), em uma casa de shows na Cidade Velha.
Confira, a seguir, a entrevista exclusiva ao g1 Pará:
Jards Macalé apresenta álbum “Coração Bifurcado”.
Leo Aversa
g1 – Jards, podes falar de três momentos que marcaram você em todos esses anos de carreira na música?
Jards Macalé – Bom, de três momentos o primeiro é a minha dupla com Murilo da Silva, grande sambista, um inventor do black samba. Fizemos uma longa temporada no projeto “Pixinguinha” e depois estivemos juntos em vários momentos no palco e fora do palco.
O segundo é minha amizade com Grande Otelo, com ele nunca estive no palco, juntos, mas são pelas andanças e pelos conselhos, e desaconselhos, que sempre foram momentos muito ricos para minha carreira.
E o outro e último, agora, foi estar junto com o João Nonato, quando fizemos uma dupla, gravamos um disco chamado “Síntese do Lance”, e andamos por aí fazendo shows juntos.
g1 – Já tens um nome marcado na história da música brasileira, como é descobrir que o público tem se renovado e consumido essas canções que atravessam o tempo?
Jards Macalé – É uma satisfação pessoal e é engraçado porque hoje (11) mesmo eu estava pensando no show do festival. São músicas que realmente atravessaram o tempo, como “Movimento dos Barcos”, “Vapor Barato”, “Mal Secreto”, e tem também no repertório as novas músicas dos discos mais recentes que eu gravei, como “Besta Fera”, então realmente está atravessando o tempo.
Fico até surpreso, mas é muito gratificante ver novas carinhas no público e o carinho que me dão durante o espetáculo e depois do espetáculo.
g1 – O álbum “Coração Bifurcado” é como se cercar de expressões de amor, de todo jeito, tema bastante recorrente nas letras. De onde surgiu a inspiração para essas canções? A banda inteiramente feminina tem a ver com isso?
Jards Macalé – O “Coração Bifurcado” foi uma coisa que eu pensei principalmente durante a pandemia, porque as pessoas começaram a falar mal umas das outras, havia um ódio, um rancor, uma coisa horrível que ficou no ar. E aí eu quis fazer canções de amor, não importa se tem a palavra amor, mas é sobre a relação que fica no ar, de amor.
E nessa ideia então eu quis fazer uma banda feminina, só feminina, porque até hoje eu só toquei com bandas masculinas, com uma ou outra mulher na banda masculina, mas nunca só feminina. E eu pensei, para falar de amor nada melhor do que uma banda só feminina, ainda mais que eu adoro ver essas mulheres tocando, é um prazer imenso, e elas tocam muito.
g1 – O que pensas sobre a atual música brasileira?
Jards Macalé – A atual música brasileira eu não tenho ouvido muito, sou sincero nesse aspecto. Mas eu vejo que tem diversidade, com várias formas, tipos de gente, ritmos, melodias etc. É muito forte. A música brasileira tomou ainda mais corpo, depois da pandemia principalmente, eu acho que estava tudo retido, assim meio represado, e agora a coisa está fluindo que uma maravilha
g1 – Costumas falar bastante da pandemia, como isso deixou marcas, inclusive na tua produção artística. Conta um pouco sobre esse processo de superação de uma época tão difícil para todos nós?
Eu resolvi exorcizar isso, porque foi uma dor muito forte, foi uma coisa que empurrou as pessoas para buscar saúde a todo instante, mas também veio reflexão. Ficamos acuados pela doença, e na doença. Foi uma perda muito forte, foi o fim de tantas relações humanas que foram embora.
Acho que passado isso tem uma reflexão sobre a vida mesmo, o sentido da vida e a vontade de viver.
g1 – Falando nisso, o teu show preenche heroicamente o espaço que antes estava ocupado pelo Tom Zé, que por questões de saúde não pode mais vir. Queres comentar um pouco sobre isso?
Jards Macalé – Eu quero é saber como está o Tom Zé, porque é uma honra para mim, mas eu gostaria é que ele estivesse fazendo o show, porque Tom Zé é um espetáculo de pessoa, filósofo, um artista genial.
Soube que estou cobrindo a falta de Tom Zé, e queria saber como está Tom Zé. Espero que ele esteja bem, essa é minha mais profunda vontade.
g1 – Como é a sua relação com o Pará e com os artistas daqui?
É muito boa a minha relação com o Pará, até porque a mãe nasceu no Pará, minha família por parte de mãe é paraense. Ela foi muito cedo para o Rio de Janeiro, eu era criança de meses, mas ela nasceu no Pará e cada vez que eu vou ao Pará vejo o meu lado materno, né?
Eu vejo as pessoas, os costumes, a cultura paraense, e por mais que minha mãe tenha ido muito pequena para o Rio de Janeiro, a minha avó, mãe dela, tinha toda essa cultura paraense. Meus amigos do Pará são maravilhosos e sempre que eu vou eu me sinto gratificado de estar por aí.
g1 – Qual o seu recado para o público que vai te acompanhar no festival Se Rasgum? Podemos esperar muito ‘voz e violão’ dessa apresentação?
Jards Macalé – Espero que me tratem bem (risos) e aceitem meu violão, minha voz e as canções que eu vou levar.
Como você já falou, são canções, tanto de outros trabalhos antigos e os novos, é um mix desses trabalhos todos. Voz e violão é para mim invenção. Sempre faço de uma forma diferente, a cada dia que eu faço, mas voz e violão é sempre diferente.
Então, vocês vão ver a minha diferença na minha invenção, com voz e violão.
Festival Se Rasgum
O festival Se Rasgum são em quatro dias na capital paraense, sendo dois deles abertos ao público.
O evento chega à 19ª edição e conta com espaço para debates, oficinas de formação e celebração as riquezas nortistas, mirando na diversidade, conexões musicais e sustentabilidade.
Programação
11 de setembro – Music Park – Tv. Praça Waldemar Henrique, 2 – Reduto – Grátis
Cantora Céu
Fábio Audi/Divulgação
Céu
Molho Negro + Jair Naves
YPU
Iuna Falcão (Seletivas Se Rasgum Amazônia Legal)
12 de setembro – Píer das Onze Janelas – R. Siqueira Mendes, S/N – Grátis
Nic Dias
Divulgação / Tuyuka Lara
25 anos de Bidê ou Balde com Carlinhos Carneiro
Death Brega
Rafa Militão convida Nic Dias
Karen Francis + Eric Terena
Marcela Bonfim (Seletivas Se Rasgum Amazônia Legal)
13 de setembro – Teatro Margarida Schivasappa – Av. Gentil Bitencourt, 650 – Batista Campos
Jards Macalé
Clair (França)
Móbile Lunar
Walter Freitas por Andréa Pinheiro e Olivar Barreto
14 de setembro – Espaço Cultural Na Bêra – R. São Boaventura, 268 – Cidade Velha
Ana Frango Elétrico
Hick Duarte / Divulgação
Novos Baianos
Ana Frango Elétrico
Marcia Griffiths
Valéria Paiva
DIIV (EUA)
Fin Del Mundo (Argentina)
Filipe Catto canta Gal Costa
Bebé
Natália Matos recebe Malu Guedelha
O Cinza
Barbarize
Sereia do Mar
Deekapz
Tonny Brasil 4ever
Febre 90s
Negrabi (Seletivas Se Rasgum Amazônia Legal)
Serviço
19º Festival Se Rasgum
Data: De 11 a 14 de setembro
Local: Espaço Cultural Na Bêra – R. São Boaventura, 268
Venda de passaportes pelo site do Ingresso Livre, clique aqui
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