Pai notou mudança de comportamento em criança de 3 anos estuprada no ES


Pai disse para a polícia que menina passou a pedir para beijar na boca e tocar a parte íntimas de outros adultos. O comportamento chamou atenção dos responsáveis. Criança; violência sexual
SSP/SE
O pai da menina de 3 anos que foi vítima de estupro de vulnerável praticado pela babá e o namorado, em Vitória, notou uma mudança de comportamento da criança após os abusos começarem. De acordo com a polícia, o responsável disse que a menina passou a pedir para beijar na boca e tocar a parte íntimas de outros adultos.
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O casal foi preso em Vila Velha, na Grande Vitória, e o caso foi divulgado pela polícia na tarde desta terça-feira (16). Eles foram indiciados por estupro de vulnerável e crimes do Estatuto da Criança e do Adolescente, e os dois estão presos preventivamente aguardando o andamento do processo.
Babá e namorado são presos por estupro de vulnerável após gravação de vídeos de criança
Segundo a delegada adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Gabriela Enne, a babá foi contratada, há cerca de dois anos, pelo pai e pela madrasta de duas meninas, de seis e três anos, para trabalhar em Vitória. Há aproximadamente um ano, uma mudança de comportamento na filha caçula foi notada.
“O pai já estava percebendo algumas mudanças no comportamento dessa criança, de uma forma um pouco sexualizada. Ela pedia para beijar na boca de adultos e também para encostar em partes íntimas de adultos, como no pai, na madrasta. A criança baixava a blusa da madrasta com muita frequência querendo colocar a boca”, contou a delegada.
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O comportamento da criança foi o ponto inicial para que os pais desconfiassem dos abusos. A suposição foi confirmada em uma madrugada em que a madrasta viu mensagens citando a menina no telefone da casa que era utilizado pela funcionária.
“A mãe acordou de madrugada para levar as meninas ao banheiro e começou a ouvir muitos apitos de mensagens insistentes. Então, ela pegou o telefone celular e verificou em cima, aquela mensagem que chega em cima, pedindo para que a babá mostrasse a menina e citou o nome da criança. […] Ela clicou e se deparou com essa conversa, que tinha mais ou menos um ano, com trocas desse tipo de mensagem com o namorado, e conteúdo de abuso sexual da criança enviado para o mesmo”.
Sinais que merecem atenção dos pais
A cientista social e conselheira tutelar de Vitória, Carol Prata, explicou que é comum a criança que sofreu a violência sexual começar a reproduzir, especialmente com os pais, algumas as ações sofridas, como no caso da menina de 3 anos.
“É comum que a pessoa que comete o abuso venha com um discurso que é de carinho e amor, como aquilo fosse feito por quem cuida e ama. Isso vai entrando na cabeça da criança, não é uma demonstração de libido ou desejo, mas ela acaba entendendo que é assim que se demonstra amor”, explicou a conselheira.
Carol reforça que 85% das violências sexuais contra crianças e adolescentes são cometidas dentro de casa, por familiares ou pessoas muito próximas e de confiança da família.
Ela apontou ainda que, normalmente, o violentador sexual de crianças e adolescentes não comete um crime de ocasião.
“Dificilmente é um impulso, é algo crime premeditado, friamente calculado, o estuprador vai dando um passinho de cada vez para conquistar ou aumentar sua confiança em relação à vítima”, explicou.
Além da sexualização precoce, mudanças de comportamento na escola, baixo rendimento escolar (especialmente daquelas que já estão no processo de alfabetização), introspecção, agressividade e perda de noção de higiene (andar suja, com fezes) e não querer ser tocado pelas pessoas são sinais que podem chamar a atenção dos pais.
“Apenas um sinal desses não é a comprovação de que houve uma violência sexual, o que a gente fala é que a família precisar estar atenta sempre, avaliar o comportamento como um todo. A gente quer nunca que se trate de uma violência sexual, mas é preciso considerar os sinais de atenção. Por isso, é muito importante que a família dialogue sempre, que acompanhe a vida escolar, que estabeleça diálogo e um processo de convivência saudável, para reforçar a prevenção desses casos”, pontuou Carol.
Sinais que podem ser apresentados por uma criança que sofreu violência sexual:
Comportamento sexualizado;
Mudança de comportamento no ambiente escolar (como queda de rendimento e falta de atenção);
Agressividade;
Introspecção;
Baixar os parâmetros de higiene (ficar suja);
Chorar muito;
Não querer estar perto ou ir para o colo de alguém;
Não querer ser tocado.
Pedidos para que a denúncia não fosse feita
Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) em Vitória
Polícia Civil/Divulgação
No caso da menina de 3 anos, assim que a conversa entre a babá e o namorado foi descoberta, a mulher foi demitida e uma denúncia foi feita na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), com inquérito instaurado logo em seguida.
Sem saber que o contato com a polícia já havia sido feito, os suspeitos começaram a procurar a família de forma muito insistente, pedindo que não noticiassem o caso de forma nenhuma. Queriam resolver aquela situação em âmbito privado.
“Os pais se sentiram muito intimidados com isso e, diante dessa insistência, representamos pela busca e apreensão domiciliar para ter acesso aos telefones celulares e também à prisão preventiva da babá e do namorado”, explicou Gabriela Enne.
Celulares de babá e do namorado foram apreendidos. Casal foi preso por estupro de vulnerável em Vila Velha, no Espírito Santo.
Reprodução/TV Gazeta
Quando foi ouvida pela polícia, a babá alegou que tudo foi feito em forma de uma brincadeira.
“Ela disse que, quando ia dar banho na criança, entrava no banho junto e fazia esse tipo de brincadeira e encaminhava esses vídeos para o namorado. Mas dá para verificar que os vídeos e as fotografias têm cunho nitidamente sexual mesmo. Inicialmente, ela não fez a pedido dele, pelo teor da conversa que verificamos. Ela parecia que fazia esse tipo de vídeo para chamar a atenção dele”, contou a delegada.
Histórico de violência
Polícia prende namorado de babá que gravava vídeos libidinosos de criança de 3 anos em Vitória, no Espírito Santo
Divulgação/PC
A babá e o companheiro são um casal há, aproximadamente, dois anos. Ela não tem antecedentes criminais e nem registro de ocorrência contra ele. Já o homem tem passagem pela Lei Maria da Penha por agressão a uma ex-companheira.
“Inclusive, há três meses atrás, uma mulher noticiou que seria a esposa dele, e que ele é um cara muito agressivo. Pelas conversas através do telefone dá para perceber como ele trata essa babá, inclusive xingando ela de diversos nomes, nomes muito pesados. E a todo momento pedindo muitos vídeos da menina. Parecia que ele criou uma fixação pela menina”, revelou a delegada.
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A polícia informou que as investigações também apontaram que o homem frequentava o prédio onde a família morava quando os pais não estavam lá.
“Ele ia ao prédio, entrava na portaria, mas não subia para o apartamento, a babá que descia, às vezes, com as crianças, para ter acesso a ele. Ninguém noticiou que ele saísse do prédio com as crianças. Eles não passeavam juntos, mas frequentava o espaço do prédio”.
Atenção na hora de contratar alguém para ficar com crianças
A delegada titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Thais Cruz, também reforçou a importância dos pais ficarem atentos na hora de contratar uma babá ou qualquer pessoa que vá passar tempo com uma criança.
“É preciso sempre buscar referências, uma agência ou buscar um currículo. Se for possível, entrar em contato com os patrões que já tiveram contato com aquela pessoa para que realmente aquela criança esteja protegida, esteja em boas mãos”, pontuou.
Relembre o caso
Uma babá e o namorado, de 31 e 38 anos, foram presos no bairro Aribiri, em Vila Velha, na Grande Vitória, após a família de uma menina de três anos descobrir que a funcionária gravava vídeos de atos libidinosos com a criança e enviava ao companheiro.
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Os dois vão responder por estupro de vulnerável e crime de registro e encaminhamento de imagem de abuso de criança e adolescente. A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) informou que os celulares do casal também foram apreendidos para investigar se há outras vítimas.
A babá trabalhou por aproximadamente dois anos e meio, exatamente a idade da criança mais nova.
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