PF e MP propõem força-tarefa para aprimorar aplicativos de frete e evitar roubos de carga através de falsas contratações


Polícia Federal e Gaeco querem melhorar sistema de verificação destes apps, já que as quadrilhas fazem uso deles para praticar crimes. Operação cumpriu mandados de busca e apreensão nesta quarta. A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP), que fizeram uma operação contra roubo de carga e caminhões nesta quarta-feira (17), pretendem propor uma força-tarefa com aplicativos de contratação de fretes para aprimorar os sistemas e fechar o cerco contra contratações falsas de transporte – um dos métodos usados pelas quadrilhas para praticar os crimes.
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A informação foi confirmada pelos dois órgãos. A PF mantém, em Campinas, um núcleo especializado de repressão a crimes de roubo de cargas e caminhões, e o delegado-chefe da corporação, Edson Geraldo de Souza, afirmou que, de dez quadrilhas identificadas por eles, pelo menos metade usa os aplicativos.
A tecnologia funciona exatamente igual a de outros aplicativos de contratação de serviços diversos. A pessoa faz um cadastro e solicita ao banco de dados do aplicativo o serviço de frete que ela precisa. O Ministério Público reforçou que nenhuma empresa de aplicativo é investigada e que elas estão em conformidade com a lei, mas precisam aprimorar os processos de verificação.
“Esses aplicativos precisam passar por um aprimoramento no controle para que a oferta seja fidedigna e passe por crivos que aparentemente não estão passando. Não é um aplicativo especifico e sim aplicativos em geral que não possuam a regulação suficiente para evitar esse tipo de crime. A PF e o Gaeco têm a necessidade de instigar. Não é uma imposição, é um trabalho conjunto”, afirmou o promotor do Gaeco, Eduardo Velloso Roos.
À EPTV, afiliada da TV Globo, Edson Geraldo de Souza afirmou que a ideia é reforçar a autenticação dos aplicativos.
“Assim como existe os aplicativos de relacionamento, há também esses aplicativos de frete, e precisa desse aperfeiçoamento, que pode ser feito por meio de diálogo ou até de uma ação civil pública”, disse o delegado da PF.
A operação
De acordo com a corporação, foram identificados pelos menos 16 crimes entre maio e junho deste ano que têm suspeita de envolvimento no grupo [veja abaixo detalhes dos roubos]. No total, foram cumpridos nove mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão em Campinas, Osasco, Barueri e São Paulo.
Entre os nove alvos de mandados de busca e apreensão, dois já estavam presos. As ordens foram expedidas pela 1ª Vara da Comarca de Barueri. Segundo a PF, a investigação começou a partir de uma tentativa de roubo em São Paulo, em abril.
O grupo, que agia na Região Metropolitana de São Paulo e no interior do estado, faziam a abordagem quando os caminhões estavam estacionados para descanso dos motoristas. A quadrilha invadia as cabines com muita violência. Em algumas situações, os criminosos também atraiam as vítimas por meio de aplicativos de contratação de fretes.
Os motoristas eram levados para cativeiros em matagais, amarrados e ameaçados de morte. Ainda de acordo com a Polícia Federal, os suspeitos usavam bloqueadores de sinal para sumir com a carga e os caminhões. Eles também obrigavam as vítimas a fazer transferências via PIX.
O nome da operação, Barrière (barreira, em francês), faz referência à procura dos criminosos para evitar bloqueios policiais durante os roubos. Veja os crimes com envolvimento da quadrilha identificados pela PF:
6.5.2024: roubo de um caminhão em Osasco (caminhão levado para Itupeva);
13.5.2024: roubo de um caminhão em Osasco;
17.5.2024: roubo de um caminhão em Itapevi;
19.5.2024: roubo de uma moto em São Paulo;
20.5.2024: roubo de um caminhão em Osasco;
27.5.2024: roubo de um caminhão em Osasco ;
4.6.2024: roubo de um furgão, em São Paulo;
4.6.2024: roubo de um furgão em Osasco;
7.6.2024: roubo de um caminhão em São José dos Campos (houve perseguição policial na Rodovia Bandeirantes e os motoristas da quadrilha pularam do caminhão roubado em movimento e fugiram;
10.6.2024: roubo de um furgão em Osasco;
11.6.2024: roubo de um caminhão em Osasco(veículo roubado foi entregue a receptador em Jundiaí);
14.6.2024: roubo de um caminhão em Osasco (veículo roubado foi entregue a receptador em Jundiaí);
19.6.2024: tentativa de roubo de um caminhão em Jacareí;
19.6.2024: roubo de um caminhão em Osasco– abandonaram o veículo;
26.6.2024: roubo de um caminhão/carreta, em Osasco;
28.6.2024: roubo de um caminhão/carreta, em São Paulo, SP (esse caminhão tinha por destino receptador em Campinas).
A PF ainda apontou que o grupo tentou executar e planejar outros sete crimes:
30.4.2024: roubo de caminhões em São Paulo;
2.5.2024: roubo de um caminhão em Barueri;
3.5.2024: roubo de caminhões em Cotia e em São Paulo;
4.5.2024: roubo de caminhão em São Paulo;
9.5.2024: roubo de caminhões em Osasco
10.5.2024: roubo de um caminhão em Osasco
11.5.2024: roubo de duas motos em Osasco
Os presos e o material apreendido foram levados para a Delegacia da Polícia Federal de Campinas. Os suspeitos vão responder por associação criminosa, extorsão e roubo, e as penas podem chegar a 20 anos de prisão. De acordo com a PF, também há adolescentes investigados.
Polícia Federal de Campinas fez operação contra roubo de cargas nesta quarta-feira
Reprodução/EPTV
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